Em vez de terno, gravata e sapato social, roupa vermelha, gorro, cinturão e botas. No lugar das promessas do período eleitoral, pedidos concretos que melhorariam a vida de muita gente. Na véspera do Natal, o Estado de Minas convidou atuais e futuros eleitores a transformar políticos, que estiveram sob os holofotes este ano, em Papai Noel. O que eles gostariam de ganhar do bom velhinho? Entre presentes almejados, menos corrupção, mais investimentos em saúde e educação, honestidade e combate à criminalidade, itens que parecem estar em falta há muitos natais. E até Papai Noel de verdade teve direito a pedir presentes aos políticos.
Desde 1987, José Antunes da Silva, de 77 anos, assume a identidade do bom velhinho. Este ano, ele estacionou seu trenó na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e é uma das atrações na Vila de Papai Noel. Acostumado a receber os pedidos, Antunes sabe bem o que quer de presente dos políticos. “Gostaria que eles trabalhassem bem e acabassem com a corrupção, porque está demais”, diz. E a cartinha do Papai Noel só cresce. “Eles ganham bem, mas está faltando saúde, educação e mais solidariedade”, reforça Antunes, que deseja boa sorte aos governantes. “Que 2015 brilhe para todos nós.”
A agente de saúde Sirléia Fernandes também compartilha dos sonhos da criança. “Os políticos têm que melhorar algo comum para todos os cidadãos: saúde e educação”, diz. O pedido vem de experiência própria. Aos 28 anos, tem a oportunidade de fazer curso técnico de auxiliar de enfermagem pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), do governo federal, no qual se forma no ano que vem. “Vou ganhar mais e poder pagar até uma faculdade”, comemora Sirléia.
AMOR AO PRÓXIMO
Tem gente pedindo mais humanidade de presente dos políticos. A estudante de direito Luísa Weber, de 18, sensibilizada por congresso sobre diversidade sexual que ocorreu na faculdade onde estuda, pede de Natal mais atenção do Legislativo aos transexuais. “Pediria aos políticos que eles lutassem contra a invisibilidade dos transexuais. Muita gente nem sabe quem são os transexuais. Como o assunto não é falado, acaba sendo visto como uma anomalia”, reforça.
A carta aos bons velhinhos engravatados também requisita honestidade e segurança. “Queria que eles fossem mais honestos, que olhassem mais a população. A criminalidade está muito grande. O Brasil inteiro se sente inseguro”, afirma o gari Gilberto Vicente, de 51. De origem humilde, nem ele foi poupado pelos bandidos. “Levaram meu celular”, conta.
Mais ao norte do Estado, onde não é raro faltar o básico à população, a lista de presentes cresce. “No Vale do Jequitinhonha, onde fica Itamarandiba, minha cidade, tem gente que está na miséria. Precisamos de mais comprometimento dos políticos nas questões de assistência social”, reforça a engenheira Raíra Moreira, de 26.