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Estado de Minas

Nomeação de Paulo Roberto Costa foi 'arrancada' de Lula

Ex-presidente sofreu pressão no Congresso para que Costa assumisse cargo na estatal, diz doleiro, que nega ter comandado esquema de propinas: "tinha gente mais elevada nisso"


postado em 10/10/2014 00:12 / atualizado em 10/10/2014 11:15

Alberto Youssef, doleiro preso na Operação Lava a Jato:
Alberto Youssef, doleiro preso na Operação Lava a Jato: "Para que Paulo Roberto Costa assumisse a cadeira de diretor de Abastecimento, esses agentes políticos trancaram a pauta no Congresso durante 90 dias. Na época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou louco, teve que ceder " (foto: Carlos Moura/CB/D.A Press)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve de nomear Paulo Roberto Costa para comandar a Diretoria de Refino e Abastecimento da Petrobras por pressão política de envolvidos no caso de fraudes em licitações na estatal. Foi o que revelou o depoimento à Justiça Federal do doleiro Alberto Youssef, preso sob acusação de integrar um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado ilegalmente cerca de R$ 10 bilhões. De acordo com o doleiro, a pressão foi feita em 2004 no Congresso Nacional.

“Tenho conhecimento de que, para que Paulo Roberto Costa assumisse a cadeira de diretor de

Abastecimento, esses agentes políticos trancaram a pauta no Congresso durante 90 dias. Na época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou louco, teve que ceder e realmente empossar o Paulo Roberto na Diretoria de Abastecimento”, afirmou Youssef no depoimento, concedido ao juiz Sérgio Mouro, responsável pelo processo originado com a Operação Lava a Jato, na primeira instância. A resposta foi dada a uma pergunta feita por seu advogado sobre o motivo pelo qual o antecessor de Costa na Diretoria de Abastecimento tinha perdido o cargo. A pauta do Congresso ficou trancada por medidas provisórias entre março e maio, mês em que Paulo Roberto Costa assumiu a diretoria.

O doleiro disse que participava de reuniões em hotéis no Rio de Janeiro ou São Paulo ou em casas de políticos, nas quais eram feitas “atas de discussão” sobre o suposto esquema de caixa 2 para as eleições de 2010. Os valores abasteciam o PT, PMDB e o PP, de acordo com o depoimento. Yousseff citou também o ex-tesoureiro nacional do PT João Vaccari Neto, como intermediador dos recursos desviados para o partido. O delator disse que se reunia com Paulo Roberto Costa e políticos diariamente e que cada ponto do esquema era discutido. “Todo mundo sabia o que estava acontecendo”, afirmou.

De acordo com o depoimento, nesses encontros eles tratavam de valores de contratos e combinação de resultados em licitações. As reuniões, das quais participavam também as empreiteiras, eram “para se discutir exatamente questão de valores, questão de quem ia participar do certame, esse tipo de situação. E outros problemas que também se encontravam nas obras que pediam para ser solucionados, esse tipo de assunto”, afirmou Yousseff.

Ele também afirmou que o esquema de pagamento de propinas ocorria em outra diretorias, além da de Abastecimento, embora ele não tenha operado em todas. No caso da diretoria de Costa, segundo ele, toda empresa que fechava contrato com a Petrobras tinha de pagar um percentual. “Todas elas tinham que pagar um por cento para a área de Abastecimento e um por cento para a área de Serviço", afirmou. Desse percentual, segundo o doleiro, 30% iam para Paulo Roberto e 60% para agentes políticos. Os 10% restantes eram rateados igualmente entre Yousseff e o ex-assessor do PP João Cláudio Genu.

O doleiro negou ser um dos comandantes do esquema, conforme figura na denúncia feita pelo Ministério Público. “Não sou o mentor nem o chefe desse esquema, como vem se mencionando na mídia e na própria investigação. Eu não sou. Eu sou apenas uma engrenagem desse assunto que ocorria na Petrobras. Tinha gente muito mais elevada acima disso, inclusive acima de Paulo Roberto Costa, no caso, agentes públicos. Esse assunto ocorria nas obras da Petrobras e eu era um dos operadores”, afirmou.

Ao ser questionado pelo juiz Sérgio Moro, sobre qual seria o ganho das empreiteiras, Yousseff disse que o único ganho delas era a obra. Ele afirmou que, nas reuniões com empreiteiras, algumas se recusaram a pagar o percentual pedido. De acordo com o doleiro, quem não desse a cota tinha ingerência política do diretor. “Ela não fazia a obra se não pagasse”, afirmou. De acordo com ele, todas as empresas tinham conhecimento do esquema e sabiam que em “qualquer obra que fossem fazer na área de abastecimento da Petrobrás tinham que pagar um pedágio de 1%”. Yousseff diz que isso ocorria “também para a área de Serviço e Engenharia”. Preso na Operação Lava a Jato, Yousseff fez também acordo de delação premiada.

Com agências


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