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Estado de Minas BOCAIÚVA

MP investiga prefeito suspeito de tentar subornar vereadores no Norte de Minas


postado em 04/04/2011 06:26 / atualizado em 04/04/2011 07:51

Um esquema de pagamento de propina para aprovação de projetos não prosperou em Bocaiúva, cidade com pouco mais de 46 mil habitantes, no Norte de Minas. O prefeito Ricardo Afonso Veloso (PSDB) tentou conseguir maioria entre os nove vereadores da Câmara Municipal para aprovação de um projeto do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2) no valor de R$ 3 milhões, pagando propina, mas foi denunciado.

A negociata, entretanto, ganhou tons mais fortes. Para intermediar a negociação ilegal com o vereador Edson Cândido da Silva (PP), Veloso escolheu o comerciante com fama de valentão e seu lobista, Alexander Mattos Efrain, que pesou a mão na abordagem, e acabou preso em razão de sua coleção de armas, documentos irregulares, carimbos e certidões, entre outras falsificações. Além disso, Efrain está sendo investigado por lesar os cofres estaduais em cerca de R$ 15 mil mensais, desde 2006. Falsificador habilidoso, criou, apenas no papel, um irmão menor para receber a pensão de seu pai, coletor da Fazenda Estadual. A estimativa é que o Estado tenha perdido até R$ 900 mil só com o pagamento do benefício.

O caso foi parar no Ministério Público, que instaurou inquérito criminal para apurar a denúncia de suborno pelo prefeito e a atuação do comerciante. O vereador Silva prestou depoimento ao promotor Daniel Librelon Pimenta e revelou que, depois de receber o dinheiro, votou contra o projeto de interesse de Veloso e ainda comunicou aos seus colegas de oposição o que tinha ocorrido, quando decidiram acionar a Polícia Militar. Além do testemunho do político, o Ministério Público apreendeu os valores pagos em espécie e os telefones celulares de Silva, nos quais estariam registradas conversas com o comerciante Efrain e com o próprio prefeito, para a quebra do sigilo.

No domingo, o vereador Silva confirmou ao Estado de Minas as acusações e disse que o fato já está sendo apurado em diversas instâncias. No entanto, afirmou que, mesmo a oposição tendo maioria na Câmara Municipal, ainda não se decidiu pela instauração de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI). “Vou conversar com o presidente, o vereador Fernando Messias dos Reis, para acertar o que vamos fazer agora”, disse. Ele fez questão de frisar, entretanto, que não teve qualquer favorecimento e que o dinheiro já estava com o MP. “Está tudo certo agora”, diz. O Estado de Minas tentou falar com o prefeito Veloso, por meio de sua assessoria de imprensa, ao longo de dois dias, mas ele não atendeu a solicitação.

Sem luz

De acordo com a investigação, no dia em que recusou a oferta de Efraim, no valor de R$ 7 mil, o vereador Silva não pode recebê-lo em sua casa porque estava sem energia elétrica, em razão da falta de pagamento. Outra ironia do destino. Mas, diante da insistência do comerciante, o acompanhou até a casa dele, depois de não conseguir convencê-lo de que tinha uma sessão na Câmara, na qual não poderia chegar atrasado. Na cozinha de Efraim, o dinheiro do suborno foi colocado em seu bolso. De acordo com Silva, o lobista lhe explicou que se tratava de uma doação de um homem identificado como Vercindo, interessado na aprovação do projeto do PAC, já que seu posto de gasolina, em construção, seria beneficiado com o asfaltamento. Além disso, contou, o comerciante disse que o pagamento da propina seria retribuído pelo prefeito com um contrato para fornecimento de combustível à prefeitura.

Ameaça

Na verdade, ao revelar a negociata e pedir providências, isso somado à derrota do prefeito com a recusa de acatar o projeto do Executivo, as dores de cabeça de Silva se tornaram ainda maiores. Efraim tentou tirar satisfação pessoalmente e, como não conseguiu, depois de ser impedido pela Polícia Militar, optou pela vingança. Na sede da PM, registrou ocorrência informando que Silva teria lhe roubado R$ 10 mil. Com medo, o vereador não dormiu em casa naquela noite, mas, no dia seguinte, foi surpreendido com a seguinte mensagem do lobista no celular: “Vai devolver meu dinheiro ou vou ter que ir atrás de você em Dolabela ou no inferno?”. Aconselhado pelo Departamento Jurídico da Câmara, procurou a Promotoria de Justiça.


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