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Estado de Minas LONGE DO PADRÃO FIFA

Centros de segurança nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo não estão prontos

Preocupação do governo é com aumento das manifestações de rua


postado em 16/02/2014 06:00 / atualizado em 16/02/2014 07:42

Conflito entre manifestantes e policiais em BH: unidades de segurança serão concluídas às vésperas da Copa (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 17/6/13)
Conflito entre manifestantes e policiais em BH: unidades de segurança serão concluídas às vésperas da Copa (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 17/6/13)

Brasília
– A menos de quatro meses para o início da Copa do Mundo, os Centros Integrados de Comando e Controle (CICC), os cérebros que vão interligar todas as forças de segurança envolvidas com o evento para execução de planejamento e táticas operacionais, ainda não ficaram prontos. Das 13 unidades previstas, que já poderiam estar funcionando para que os agentes públicos tivessem mais tempo de se adaptar à nova estrutura, 10 delas ainda estão praticamente pela metade. O ritmo lento agrava o já criticado e ineficaz trabalho de inteligência do governo brasileiro para conter as violentas manifestações de rua, que sacudiram capitais brasileiras no ano passado e apresentam fortes sinais de recrudescimento. O fato é que o Brasil continua carregando uma interrogação do tamanho do seu território quando o assunto é a segurança na Copa.

No ano passado, o atraso no cronograma foi grande. São Paulo, por exemplo, apresentava apenas 17% de execução. Agora, o governo federal corre contra o tempo, mas garante que todos os centros serão entregues até abril. Dados oficiais da Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos apontam que a chamada “infraestrutura não técnica”, que engloba todas as instalações necessárias para o funcionamento dos equipamentos, anda em ritmo bastante lento. Do total de sedes da Copa do Mundo, nove apresentam menos de 35% de execução nesse quesito específico. No Paraná, até a semana passada, por exemplo, não havia energia elétrica no local. Para iniciar o trabalho de integração das redes, os técnicos dependeram de gerador.

É justamente pelo ritmo lento que as soluções tecnológicas não foram implementadas completamente. Minas Gerais só tem 11% do que o governo chama de solução integradora implantada. A unidade da Federação com situação mais avançada é o Distrito Federal, com 44%, onde ficará o centro de controle nacional. Amazonas, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo instalaram apenas 25% em relação à parte tecnológica da estrutura. Apenas o Amazonas está com 95% concluídos.

Nos bastidores, comenta-se que alguns estados, a exemplo de São Paulo, criaram problemas para repassar a base de dados para a integração das redes. Há até quem diga que a “má vontade” foi motivada por um possível boicote eleitoral do governo tucano para prejudicar os planos da presidente Dilma Rousseff. O governo paulista nega. No início do ano, São Paulo apressou o passo e, mesmo assim, só tem metade da obra pronta. A Receita Federal também dificultou o repasse de informações. O Palácio do Planalto foi acionado e o problema, resolvido.

Em entrevista ao Estado de Minas, o secretário extraordinário de Segurança para Grandes Eventos, delegado federal Andrei Augusto Passos Rodrigues, afirmou que o desafio é fazer com que as forças consigam trabalhar de forma integrada. “O grande êxito vai ser conseguir fazer a integração entre as instituições, que cada uma cumpra seu papel e que essa engrenagem se mova de maneira perfeita”, afirmou.

Rodrigues reconheceu que o maior temor é com a violência durante as manifestações. “A grande preocupação da segurança pública não é com manifestações pacíficas. Nosso país é democrático, livre, e é um dever da segurança pública garantir essa normalidade do processo democrático. O foco da segurança pública e a preocupação é com a violência nos protestos. São os atos de vandalismo, depredações, saques, furtos e casos como esse lastimável episódio do Santiago.”

DESPREPARO Especialistas em segurança pública apontam as ações de inteligência das polícias brasileiras como o ponto mais fraco na hora de inibir atos de violência. O professor Luis Flávio Sapori, coordenador do Centro de Pesquisas de Segurança Pública da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), afirma que a força policial no Brasil não está tecnicamente preparada para atuar nas manifestações de rua. “É um fenômeno novo no nosso país. É diferente da violência urbana a que estamos acostumados. Não tenho dúvida de que o nível de policiamento será enorme na Copa. Os cidadãos brasileiros vão se sentir seguros como nunca. Mas as manifestações são imprevisíveis. A grande preparação de inteligência tinha que já ter sido feita.”

O cientista político e pesquisador do Laboratório de Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) João Trajano Sento Sé afirma que as polícias do Brasil sempre investiram na força. “Esses protestos podem redundar em violência em qualquer parte do mundo. Isso não é um privilégio negativo do Brasil. Lamentavelmente, o problema é que as polícias não são preparadas para lidar com esse tipo de fenômeno.”

Morte do cinegrafista

O Ministério Público do Rio de Janeiro deve decidir até sexta-feira se oferecerá denúncia à Justiça contra Caio Silva de Souza e Fábio Raposo, suspeitos de terem lançado o rojão que matou Santiago Andrade, cinegrafista da TV Bandeirantes. O delegado Maurício Luciano de Almeida indiciou os dois jovens por crime de explosão e por homicídio triplamente qualificado – motivo fútil, emprego de explosivo e sem possibilidade de defesa da vítima. O inquérito entregue ao MP fluminense na última sexta-feira define que Caio e Fábio agiram com dolo eventual, ou seja, que assumiram o risco de matar, ainda que não tivessem essa intenção. Ambos estão presos temporariamente no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio.


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