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Estado de Minas

Intoxicação mata pelo menos 13 presos na Venezuela; ONG contesta números

O ministério dos Serviços Penitenciários informou que os detentos invadiram a área de enfermaria, atacaram a farmácia e ingeriram medicamentos


postado em 27/11/2014 15:25 / atualizado em 27/11/2014 16:21

Presidiários venezuelanos protestavam, em greve de fome, desde 25 de novembro(foto: Angel Zambrano/AFP )
Presidiários venezuelanos protestavam, em greve de fome, desde 25 de novembro (foto: Angel Zambrano/AFP )
Entre 13 e 25 detentos morreram e quase 150 ficaram intoxicados em uma prisão do nordeste venezuelano, tragédia que as autoridades atribuíram a uma tentativa dos presos de se autointoxicar com medicamentos.

O ministério dos Serviços Penitenciários informou na noite de quarta-feira que presos que realizavam uma greve de fome na prisão de Uribana (Estado de Lara) "entraram violentamente na área da enfermaria, atacaram a farmácia e os escritórios e começaram a ingerir múltiplos fármacos", como antibióticos, antiepiléticos e anti-hipertensivos.

A ação incomum denunciada pelo governo deixou, segundo o balanço oficial, 13 presidiários mortos e 145 intoxicados na prisão, que abriga atualmente 3.700 internos, quatro vezes mais que sua capacidade prevista. O protesto teria começado na segunda-feira para denunciar o que os réus classificam como tratamento desumano e violações dos direitos humanos ordenadas pelo diretor da prisão.

O Observatório Venezuelano de Prisões (OVP) declaro à AFP que, segundo denúncias de familiares dos detidos, eles teriam ficado doentes depois de beber água fornecida pelas autoridades. "Os presos não são tão estúpidos para tomar um medicamento sem ler", afirmou Humberto Prado, diretor da ONG.

Prado também questionou o balanço de vítimas, e disse que sua organização contabiliza até esta quinta-feira 25 corpos recebidos no necrotério.

O familiar de um detido em Uribana relatou à AFP que os presos são regularmente espancados durante as inspeções, suas famílias são maltratadas, as visitas são limitadas a uma por mês, recebem alimentos decompostos, a água potável é racionada a poucos dias por semana e a superlotação em pequenos pavilhões facilita a propagação de doenças como a sarna.

Também disse que nesta quinta-feira os demais detidos permaneciam formados e nus nos pátios do presídio. Esta informação foi impossível de confirmar por alguma fonte independente. O Ministério Público venezuelano designou uma equipe de procuradores e especialistas em criminalística para investigar o incidente.

Além da intoxicação em Uribana, na quarta-feira o Ministério Público informou sobre a fuga de 41 detidos que abriram "um buraco nas paredes das celas" de um centro de detenção provisório nos arredores de Caracas.

Os dois fatos somam-se à lista de incidentes no sistema penitenciário venezuelano, caracterizado pela superlotação, pelas denúncias de violação dos direitos humanos, corrupção e violência, tráfico de armas e drogas por parte de máfias e gangues dentro das prisões, ao mesmo tempo em que o governo diz aplicar um regime de humanização e disciplina.

150 mortos em seis meses

Na primeira metade de 2014, 150 detidos morreram em diferentes episódios de violência em diversos centros na Venezuela, segundo o último relatório semestral do OVP.

Em 2013, o número de mortes violentas nas prisões foi de 506. Apesar da redução de 14% entre os dois anos, o Observatório afirma que os principais problemas nas prisões venezuelanas continuam sendo a superlotação, que alcança 190%, e as condições insalubres e de desnutrição que afetam os presos.

Assim, por exemplo, Uribana, que foi construída para abrigar 850 pessoas, tem uma população de 3.700 detidos.


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