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Estado de Minas

Mundo dá adeus a Gabo

Gabriel García Marquez escreveu "Cem anos de solidão" e foi um dos criadores do realismo fantástico, que deu dimensão universal à literatura latino-americana


postado em 18/04/2014 06:00 / atualizado em 18/04/2014 07:38

Depois de lutar durante mais de 15 anos contra um câncer no sistema linfático, Gabriel García Márquez passou a enfrentar a reincidência da doença, que atingiu o pulmão, o fígado e os gânglios. Em casa, onde recebia cuidados paliativos, o escritor colombiano morreu ontem, às 12h (horário local), na Cidade do México. A última aparição pública de Gabo foi em 6 de março, dia de seu aniversário, quando foi até a porta de sua residência e recebeu as felicitações de jornalistas, amigos e fãs.


"Gabo conduzia o leitor pelas suas Macondos imaginárias como quem apresenta um mundo novo a uma criança", registrou no Twitter a presidente Dilma Rousseff. Vários presidentes da América do Sul também deixaram mensagens. "Mil anos de solidão e tristeza pela morte do maior colombiano de todos os tempos. Os gigantes nunca morrem", manifestou-se o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos. O presidente do Equador, Rafael Correia, também lamentou a perda do escritor: "Nos deixou Gabo, teremos anos de solidão, mas ficam suas obras e seu amor pela Pátria Grande. Até a vitória, Gabo querido".

Prêmio Nobel de Literatura em 1982, considerado um dos pais do chamado "realismo fantástico", gênero literário que a partir da América Latina se espalhou por todo o planeta na década de 1970, Gabo, como era conhecido, tinha 87 anos. Romancista, contista e jornalista, Gabriel García Márquez foi ainda uma voz política atuante no campo da esquerda.

Nascido na pequena Aracataca, no Norte da Colômbia, em 1927, o romancista eternizaria sua cidade como a Macondo, localidade mítica onde se passa Cem anos de solidão, seu livro mais conhecido, publicado em 1967. Não foi apenas a cidade que daria inspiração ao livro. O próprio escritor dizia que o romance nasceu das histórias contadas pelo avô, coronel Nicólas Márquez, veterano da Guerra Civil Colombiana, com quem passou parte da infância.

No seu discurso na Academia Sueca, por ocasião da cerimônia de entrega do Nobel, Gabriel García Márquez disse, como se fizesse um resumo da sua obra: "Em cada linha que escrevo trato sempre, com maior ou menor virtude, de invocar os espíritos esquivos da poesia, e trato de deixar em cada palavra o testemunho de minha devoção pelas suas virtudes de adivinhação e pela sua permanente vitória contra os surdos poderes da morte".

Quando publicou Cem anos de solidão, romance que narra a história de seis gerações de uma mesma família, os Buendía, García Márquez estava com 39 anos. Obra-prima da literatura do século 20, o livro já vendeu mais de 30 milhões de exemplares em todo o mundo e foi considerado no 4º Congresso Internacional de Língua Espanhola, realizado em 2007, em Cartagena, na Colômbia, o segundo mais importante livro da literatura hispânica, ficando atrás apenas de Dom Quixote, de Miguel de Cervantes.

Sobre o livro, o também Prêmio Nobel Mario Vargas Llosa disse tratar-se de um acontecimento literário excepcional: "Com sua presença luciferina, esse romance, que tem o mérito pouco comum de ser, simultaneamente, tradicional e moderno, americano e universal, volatiza as lúgubres afirmações de que o gênero está esgotado, em processo de extinção". Gabriel e Mario protagonizariam ainda uma disputa pouco literária, por razões sentimentais (os dois acabaram se apaixonando pela mesma mulher, Mercedes Barcha, que acabou se casando com Gabo).

Livro amado pelos leitores, capaz de fundir com maestria o vigor literário, a visão política e a psicologia de personagens inesquecíveis, o romance também despertaria grande impressão na crítica literária. De certa forma, no campo oposto da obra clássica e racional de Jorge Luis Borges, se tornou um dos polos literários do continente. O grupo do chamado boom latino-americano teria ainda, além de Gabo e Vargas Llosa, nomes como os mexicanos Carlos Fuentes e Juan Rulfo, o cubano Alejo Carpentier, o argentino Júlio Cortázar e o uruguaio Juan Carlos Onetti, entre outros.


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