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Estado de Minas REGIÃO METROPOLITANA DE BH

Com ameaça da febre amarela, morte de macacos expõe risco para a população

Na Grande BH, número de cidades com mortes de macacos com suspeita da doença já chega a 10. Nas três mais populosas, incluindo a capital, presença do vírus foi confirmada


postado em 21/02/2017 06:00 / atualizado em 21/02/2017 07:31

Mico encontrado morto ontem no Bairro Castelo aumentou preocupação em Belo Horizonte(foto: Kerlli Santos/Divulgação)
Mico encontrado morto ontem no Bairro Castelo aumentou preocupação em Belo Horizonte (foto: Kerlli Santos/Divulgação)
Já chega a 10 o número de municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte onde mortes de macacos são investigadas ou já têm confirmação de contágio pelo vírus da febre amarela, o que amplia o raio de alerta no entorno da capital. Os últimos a entrar para a lista, divulgada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), são Esmeraldas, Ibirité, Jaboticatubas e Santa Luzia. Nessas 10 cidades vivem cerca de 4,32 milhões de pessoas e, nas mais populosas – BH, Contagem e Betim –, exames feitos nos restos mortais dos animais recolhidos já comprovaram a doença como causa dos óbitos. Em Esmeraldas, Ibirité, Jaboticatubas, Juatuba, Nova Lima, Sabará e Santa Luzia há investigação em andamento. Já em Vespasiano, Ribeirão das Neves e Lagoa Santa, cidades que somam mais 507 mil habitantes, foram registradas informações sobre macacos mortos, mas nenhum animal chegou a ser localizado. O alerta aumentou ontem, com a descoberta de mais três primatas mortos em Belo Horizonte, um deles no Bairro Castelo, na Região da Pampulha. O animal foi recolhido e levado para análise.

Com isso, subiu para oito o total de macacos mortos encontrados na capital, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Exame feito em um deles deu positivo para a doença. O animal foi encontrado no Bairro Copacabana, em Venda Nova. Na semana passada, mais um registro no Parque Jacques Cousteau, no Bairro Betânia, Região Oeste da cidade, levou ao fechamento da área verde para visitação por tempo indeterminado.

No caso do Bairro Castelo, um mico foi visto morto na calçada por um casal que fazia caminhada. Por volta das 8h, o analista de sistemas Hélcio Valadares, de 56 anos, e a mulher dele localizaram o animal e acionaram o serviço de Zoonoses para recolhimento do primata, que terá a infecção por febre amarela investigada. “O mico estava na calçada, sem sinais de atropelamento ou de maus-tratos”, explicou o analista, que teme o retorno da doença para os centros urbanos, o que não ocorre desde 1942. No atual surto que Minas Gerais enfrenta foram registrados apenas casos silvestres da enfermidade, transmitida nesse caso pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes. Nas cidades, a febre amarela tem como possível vetor o Aedes aegypti, também transmissor da dengue, zika e chikungunya. A presença de macacos mortos funciona como indício de transmissão do vírus, já que os animais, quando infectados, também adoecem e podem morrer.

O encontro do primata morto na RMBH aumenta o temor em relação à doença. “A gente fica apreensivo por causa do surto. Quando vemos o animal morto, pode ser um sinal da presença do vírus na região”, comentou o analista de sistemas. O receio de Hélcio é confirmado pelo infectologista Dirceu Greco, professor da Faculdade de Medicina da UFMG, que afirma haver possibilidade de ocorrerem casos autóctones de febre amarela em alguma das cidades com episódios de morte de macacos – ou seja, situação em que a contaminação de humanos ocorre dentro do território e não é “importada” de outra área. “É importante que os serviços de saúde estejam atentos, porque são cidades com uma população muito grande, com trânsito intenso de pessoas e, especialmente nas áreas periféricas desses municípios, há muitos problemas de saneamento e outros de saúde pública que podem contribuir para a transmissão do vírus pelo Aedes aegypti”, afirma.

Ainda segundo o especialista, a descoberta de macacos mortos exige expansão da cobertura vacinal na área, bem como notificação clara e rápida, com cuidados específicos para que se evite a expansão da doença caso algum morador dessa região seja infectado. “Assim como foi feito com os pacientes do interior que vieram para BH se tratar no Hospital Eduardo de Menezes, é preciso restringir o risco de um paciente doente na Grande BH ser picado pelo Aedes, que passaria a transmitir a doença.”

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que os macacos encontrados mortos na capital são recolhidos por uma equipe da Zoonoses e encaminhados para laboratório próprio. No local é feita avaliação das condições para recolhimento de amostra e envio ao laboratório de referência para outras doenças, como febre amarela. Um boletim semanal será enviado pelo órgão com os resultados dos exames.
(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)

VACINAÇÃO A estratégia de vacinação diferenciada em Belo Horizonte já foi adotada com diretrizes discutidas entre o Ministério da Saúde e as secretarias estadual e municipal, conforme informou a pasta estadual. “Essa ação foi iniciada imediatamente, assim que os municípios tomaram conhecimento do resultado positivo para febre amarela nos primatas. O ministério tem encaminhado doses extras de vacina e todas as ações realizadas pelos municípios estão sendo apoiadas pela SES”, diz o texto.

Em todo o estado, foram notificados 1.012 casos humanos da doença, com 78 mortes confirmadas e 96 sob investigação. A secretaria estadual ressaltou que não há pacientes humanos com local provável de infecção em Belo Horizonte ou em cidades da região metropolitana. “A positividade de febre amarela no primata é um evento sentinela, comprovando que há circulação do vírus na região. As ações de vacinação deverão ser capazes de evitar a ocorrência de casos humanos, portanto, estão sendo realizadas de forma coordenada e imediata. A população deve buscar a unidade de saúde mais próxima portando o cartão de vacinação (se possível) para ser avaliada em relação à sua situação vacinal”, informa a nota. Ainda segundo a pasta, nas áreas de maior risco (próximo ao local onde os macacos mortos foram encontrados), as equipes de saúde têm visitado as residências em busca de não vacinados.


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