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Estado de Minas RETRATOS DE UMA (ETERNA) PAIXÃO

Casal posa para o EM para celebrar 60 anos de casados

José Tobias e Olga não fizeram álbum de casamento por causa de uma chuva no dia da festa


postado em 26/05/2016 06:00 / atualizado em 26/05/2016 07:53

O casal encena dança de salão: seis décadas de harmonia em um só compasso(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
O casal encena dança de salão: seis décadas de harmonia em um só compasso (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Com a conversa marcada para em cima da hora, o aposentado José Tobias, de 89 anos, faz as vezes de anfitrião. Diante do segundo toque da campainha, vai ele mesmo abrir o portão da casa de esquina no Bairro das Mangabeiras, Região Sul de Belo Horizonte. Destranca o cadeado e a corrente, pedindo desculpas pela ausência da mulher, Olga Resende Dias Tobias, de 80. “Não a chamei porque ela ainda está se trocando”, avisa, demonstrando calma sobrenatural ao esperar a esposa terminando de se arrumar, sem qualquer vestígio de irritação. Talvez essa seja uma das razões de Olga e Tobias terem completado em janeiro 60 anos de casamento – as chamadas bodas de diamante.

No aparador de madeira, estrategicamente posicionado em frente à porta principal, está a outra parte da explicação do duradouro e feliz relacionamento. Em meio a dezenas de porta-retratos, de molduras e rostos diversos, sobressai a foto dos dois na época em que se conheceram, ele aos 28 anos e ela aos 18, em preto e branco. “Veja como ela era uma coisa de louco quando jovem, bem-apanhada. Na verdade, até hoje está bem bonitona e ajeitada, você mesma vai ver. Já eu estava mais magro”, afirma Tobias, sendo interrompido nesse momento por Olga, que está descendo as escadas, muito elegante, com seu corte chanel, preso de lado.

Sessenta anos depois, José Tobias e Olga posam para o EM para celebrar uma feliz vida a dois(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Sessenta anos depois, José Tobias e Olga posam para o EM para celebrar uma feliz vida a dois (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Tobias olha para Olga como se fosse a primeira vez, em Itapecerica, quando se apaixonou pela jovem de longas tranças. “Casaria mais 20 vezes com ela. À medida que o tempo passa, gosto ainda mais da minha mulher”, declara Tobias, eternamente apaixonado por sua escolhida. Na verdade, seria uma ideia original recriar o álbum de casamento de Olga e Tobias. Eles contam que, na data marcada, uma chuva torrencial impediu a execução dos serviços contratados na antiga Mesbla. O temporal quase compromete a realização da cerimônia. “Olga, sol da minha vida/Como uma flor, você brotou em Itapecerica”, são alguns dos versos que Tobias rascunha para a mulher, enquanto ela prepara sobremesas de que ele gosta.

Trem “Meu pai conseguiu mandar buscar os convidados de trem pela rede ferroviária. Foi o que garantiu nosso casamento na fazenda”, conta a noiva, posando para novas fotos ao lado do antigo pretendente. O trabalho é inspirado na história de um casal de Vitória (ES), que refez o álbum de casamento depois de 69 anos juntos – as imagens viralizaram na internet. “Ele era caixeiro-viajante e já estava noivo quando me conheceu. Tinha uma pilha de cartas da namorada. Mas eu venci”, afirma Olga, lembrando que Tobias abandonou a profissão e se dispôs a ficar ao lado dela. “Confio inteiramente nele”, completa, lembrando que os dois batalharam juntos no ramo hoteleiro em BH, criando filhos e recebendo os hóspedes. “Era uma vida muito agitada. Se precisava de mais travesseiros, eu ia lá dentro e costurava”, conta.

Olga e José Tobias em três momentos que ilustram sua cumplicidade: releitura de cartas de amor, pose ao lado de buquê e, claro, o beijo dos eternos namorados(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Olga e José Tobias em três momentos que ilustram sua cumplicidade: releitura de cartas de amor, pose ao lado de buquê e, claro, o beijo dos eternos namorados (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
“Quando a gente se gosta, se casa e dá certo, é um presente de Deus”, resume Olga, que discorda da necessidade de manter um casamento por aparências. “É uma questão de sorte mesmo. Se o casamento não é bom, não há por que ficar sofrendo. Aqui em casa ele faz tudo o que pode para me agradar e eu também. Nunca dormimos em camas separadas”, revela a mulher. Quer dizer que vocês cumprem a promessa de ficar juntos para sempre? “Se pudesse a gente morreria juntos, abraçados. Se a Olga faltar primeiro, o que vou fazer? Ela é tudo para mim!”, afirma, emocionado. Sem saída, Olga corrige o marido, brava pela primeira vez durante a tarde inteira: “Não sou não, Tobias, você tem de se lembrar de que temos nossos filhos (quatro), netos e bisnetos”.

Para dissipar a tristeza que paira por uns instantes sobre o casal, é feita a proposta de se iniciar o ensaio fotográfico. Pronto. Tobias separa as cartas de amor, que vai (re)ler para sua querida, que retribui o carinho em abraços, muitos abraços. No outro cômodo da casa, onde estão preservados móveis do início do século passado, os namorados se encantam diante da tradicional chapeleira, cenário para um beijo roubado. Na sala de visitas, o lustre de cristal faz a luz perfeita para a última cena do par: a dança de salão, em que Olga e Tobias se unem no mesmo ritmo e compasso há seis décadas, tornando-se campeões de bolero e forró do Clube da Maturidade. Que sejam felizes para sempre.

"Casaria mais 20 vezes com ela. Gosto ainda mais da minha mulher"

José Tobias, 89 anos

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"Quando a gente se gosta, se casa e dá certo, é um presente de Deus"


Olga Tobias, 80 anos

(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)


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