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Estado de Minas

Medo do zika vírus, da chikungunya e da dengue gera corrida a UPAs e hospitais de BH

Pacientes com suspeita de dengue lotam prontos-atendimentos para confirmar diagnóstico da doença. Na capital, são investigados 14 casos de microcefalia relacionados ao zika vírus


postado em 05/02/2016 06:00 / atualizado em 05/02/2016 07:37

"Cinco pessoas já tiveram dengue lá em casa", Rafael Nepomuceno, auxiliar de secretaria, que ontem foi à UPA Leste (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Dor no corpo, febre alta e náuseas levaram o auxiliar de secretaria Rafael de Melo Nepomuceno à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Leste, na tarde de ontem. Se confirmada a dengue, ele pode ser a sexta vítima do mosquito Aedes aegypti em sua família, em menos de um mês. Morador do Bairro São Geraldo, na Região Leste, onde há 928 casos suspeitos, segundo a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), ele conta que o pai ficou livre dos sintomas da dengue há apenas três dias. “Cinco pessoas já tiveram dengue lá em casa, só meu irmão não teve. A minha mãe chegou a ficar internada por 2 dias na UPA”, disse. “Além dos casos na minha família, sabemos de muitas pessoas próximas com a doença e, por isso, vim atrás de atendimento”, completou o rapaz.


Assim como Rafael, outros pacientes com suspeita de dengue lotam UPAs e hospitais de Belo Horizonte em busca de um diagnóstico, que só é confirmado seis dias depois do início dos sintomas, quando o exame de sorologia pode ser realizado. O medo do zika vírus e da chikungunya e o avanço semanal dos casos de dengue aceleram corrida aos postos e hospitais. Segundo o último balanço de dengue divulgado pela PBH, os casos de dengue chegam a 5,1 mil, sendo 4.363 casos suspeitos e 753 confirmados. O município também investiga 14 casos de microcefalia que podem ter relação com zika vírus. No estado, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), são 37.737 casos prováveis de dengue, além de 50 casos de febre zika, 114 de febre chikungunya e 19 de microcefalia em investigação.

No início da tarde de ontem, outras duas pessoas que acreditavam estar com dengue também procuraram a UPA Leste. O auxiliar administrativo Adilson Rodrigues, que vive no Bairro Alto Vera Cruz, reclamava de dor nas articulações, associada a náuseas e febre. “O corpo fica pedindo cama”, diz. No início da semana, ele percebeu sintomas de gripe, mas, com o aumento das dores, preferiu não arriscar. “É melhor confirmar ou descartar. A dengue está afetando muita gente”, disse.

Já o auxiliar de paisagismo Edson Jaci Pereira teme pela chikungunya. “Um colega do trabalho foi infectado e ficou quatro dias em casa. Fico com medo, porque dizem que paralisa o corpo”, confessa ele, que preferiu buscar atendimento antes que a situação fosse agravada. Com medo da dengue, a atendente Francine Ferreira esteve na UPA Odilon Behrens para se consultar. “Meu marido teve um quadro de dengue forte há sete dias e, como não sei onde ele pegou, preferi não arriscar”, reforça.

O motorista Geraldo Lacerda procurou, a pedido da esposa, o Hospital da Unimed, no Santa Efigênia, para verificar se tinha ou não contraído dengue. “Estive na Serra do Cipó e em um sítio em Nova União, poucos dias antes do início dos sintomas, e tinha muitos mosquitos”, contou. No hospital, um funcionário disse que cerca de 50% dos atendimentos realizados na unidade são relacionados à dengue. Por meio de nota, a Unimed-BH informou que 7% do total de atendimentos realizados nas três unidades de pronto-atendimento foram de clientes com sintomas da doença.

No Mater Dei, segundo a coordenadora do serviço de epidemiologia e infecção hospitalar, Silvana de Barros Ricardo, a demanda por atendimentos em janeiro, na comparação com dezembro, aumentou quatro vezes nas unidades Santo Agostinho e Contorno. “No Santo Agostinho, na comparação com novembro, o aumento é ainda mais assustador, sendo 18 vezes superior em janeiro”, disse.

OCORRÊNCIAS A Secretaria Municipal de Saúde não informou qual tem sido, em números, a demanda por atendimentos de pessoas com sintomas de dengue. Os centros de saúde com maior ocorrência de casos confirmados de dengue são o Lindeia (Barreiro), com 71 casos;  São José (Pampulha), com 38; e Salgado Filho (Oeste), com 34 casos confirmados.

Procurar um hospital ou posto de saúde para atendimento logo nos primeiros sintomas é a primeira atitude a ser tomada por quem suspeita de dengue, garante a médica infectologista e consultora de arboviroses da Sociedade Mineira de Infectologia, Tânia Marcial. “Se hidratar é importante logo nos primeiros sintomas. Para o diagnóstico, pacientes da rede pública farão o exame sorológico depois do sexto dia de sintomas, enquanto os pacientes da rede particular podem ter acesso ao teste rápido.” A assistência médica na fase inicial dos sintomas, segundo a médica, pode evitar que a dengue evolua para formas mais graves. (Colaborou João Henrique do Vale)

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
Defesa Civil sugere melhorias

Com o objetivo de dar mais agilidade aos trabalhos de combate ao mosquito Aedes aegypti, a Defesa Civil de Belo Horizonte enviou nesta semana à Defesa Civil Nacional um relatório com sugestões para melhorar o texto da Medida Provisória 712, publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 1º de fevereiro. A medida autoriza a entrada forçada de agentes de saúde em propriedades públicas e privadas abandonadas ou fechadas para combater os focos do mosquito, mas burocratiza ao orientar que a entrada seja feita quando o proprietário não for localizado depois de duas visitas devidamente notificadas, realizadas em períodos alternados, no prazo de 10 dias.

De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Belo Horizonte, coronel Alexandre Lucas, as condições estabelecidas para a entrada forçada, embora garantam legalidade, podem ser melhoradas. “As nossas sugestões são no sentido de melhorar o texto para que a ação seja mais fácil de ser executada”, garante. Entre as propostas, está a alteração no parágrafo primeiro, que diz que “a realização de visitas para eliminação do mosquito e de seus criadouros deve ocorrer em área identificada como potencial possuidora de focos transmissores”. “A MP limita as áreas que podem ser acessadas. O ideal é que a gente possa entrar em qualquer lugar, e não só em ‘área identificada como potencial possuidora de focos’”, comenta.

Outra sugestão diz respeito aos prazos determinados pelo texto: duas visitas devidamente notificadas, em dias e períodos alternados, dentro do intervalo de 10 dias. “Se realizei duas visitas e não encontrei ninguém, quem vou notificar?”, questiona. A sugestão, segundo o coronel, é retirar a necessidade de uma notificação que pode ser feita pelo Diário Oficial do Município (DOM) ou não ser feita. “A ideia é que tenhamos mais agilidade neste momento de epidemia”, comenta. “O ciclo do mosquito é de sete dias e acredito que seria válido retirar esse prazo de 10 dias para a realização das duas visitas”, completa.

Suspeitas em
Montes Claros

A Santa Casa de Montes Claros, no Norte de Minas, confirmou ontem que foram notificados quatro casos suspeitos de microcefalia em bebês nascidos na maternidade do hospital, recentemente, sendo dois em novembro, um em dezembro e outro em janeiro. Segundo a instituição, os casos foram notificados à Secretaria de Estado de Saúde. De acordo com o hospital, as mães alegaram sintomas semelhantes aos da febre zika, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.


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