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Estado de Minas

Roubo é o desafio do momento para forças de segurança de Minas Gerais

Disparada dos roubos no primeiro semestre expõe, na avaliação de especialistas, falhas de vigilância, investigação e punição no estado


postado em 22/07/2015 06:00 / atualizado em 22/07/2015 07:29

A mais nova estatística de crimes violentos em Minas confirmou o que comerciantes, pedestres, motoristas e moradores em geral já percebem nas ruas: o roubo é o desafio do momento para forças de segurança do estado. O balanço do primeiro semestre, divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), apontou crescimento de 17,15% do delito em Minas em relação ao mesmo período do ano passado (de 46.311 para 54.255) e de 14,69% em Belo Horizonte, que concentra 37% das ocorrências. Na contramão de outros crimes violentos, inclusive o homicídio, os roubos são os únicos com tendência de alta e representam a grande maioria (88,7%) do total de 61.120 ocorrências violentas registradas este ano (veja tabela).

Para especialistas em segurança, a escalada dos ataques contra o patrimônio é resultado da combinação de falhas em vigilância, investigação e punição. Eles afirmam que uma redução consistente desse tipo de crime vai exigir, entre outras medidas, investimentos em policiamento, trabalho de inteligência para desbaratar quadrilhas de receptação, além de melhorias no sistema prisional e rapidez na aplicação de penas. A Seds informou, por meio de nota, que monta estratégia para reduzir os roubos que inclui compra de viaturas e reconvocação de policiais militares.


Na avaliação do sociólogo Robson Sávio Reis, coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os crimes contra o patrimônio apresentam taxas “muito altas”. Ele avalia que uma das razões é a baixa capacidade de vigilância das forças de segurança, que incluem polícias Militar e Civil, guardas municipais, fiscais de posturas e agentes de trânsito. O especialista considera ainda que, mesmo que a vigilância fosse alta, haveria outro problema: para ele, prender muito não terá grande impacto se o sistema carcerário continuar superlotado.
Robson avalia ainda ser ser preciso mostrar punição mais efetiva e rápida. “O Judiciário precisa julgar mais rápido. Em vez de manter o ladrão preso por anos, à espera de julgamento, deve determinar penas alternativas imediatamente. Isso diminui a sensação de impunidade”, defende o especialista.

Roubos crescem de janeiro a junho de 2015 em relação ao mesmo período do ano passado e puxam alta nos crimes violentos (clique para ampliar)(foto: Arte EM)
Roubos crescem de janeiro a junho de 2015 em relação ao mesmo período do ano passado e puxam alta nos crimes violentos (clique para ampliar) (foto: Arte EM)
Segundo Robson Sávio, enquanto a segurança pública for incapaz de proteger o cidadão plenamente, outro setor continuará a lucrar com essa fragilidade. “A cada dia cresce mais e mais o número de empresas de vigilância, de seguros de casas, de carros, de cargas, de celulares, entre outros tantos. O cidadão fica com essa ilusão de que está sendo protegido, mas isso deveria ser um direito seu”, opina.O controle de armas de fogo é uma estratégia que o estado deve adotar no combate ao roubo, na avaliação do cientista político Guaracy Mingardi, ex-secretário nacional de Segurança Pública e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Estudos mostram que há cerca de 16 milhões de armas ilegais no país. “A polícia precisa ir atrás das armas que estão com bandidos, montar operações específicas”, defende. Guaracy afirma que é preciso esforço maior de investigação dos “ladrões profissionais” e das quadrilhas de receptação. “Prevenir simplesmente não funciona. A margem para aumento do efetivo, usando o pessoal administrativo, é muito pequena, cerca de 4%. É preciso montar grandes inquéritos, desarticular os grupos de receptação, que formam verdadeiras indústrias do crime”, avalia.

Estratégia Em nota, o secretário de Estado de Defesa Social, Bernardo Santana, informou que o estado está montando uma estratégia de combate aos roubos. A iniciativa envolve as polícias Militar e Civil e passa pela compra de viaturas e reconvocação de policiais que foram para a inatividade, graças à aprovação do adicional de 45% sobre os vencimentos. “Em sete meses de governo tivemos que enfrentar vários óbices administrativos, como a falta de incentivo para a reconvocação, o que já foi resolvido, e a montagem do processo de aquisição de viaturas, muito importante, tendo em vista o quadro de sucateamento encontrado”, justificou. Na nota, Santana também destacou a abertura de concurso para soldado da PM. O secretário afirmou que a queda nos demais crimes violentos, entre eles homicídios, se deveu “à atuação mais intensa das forças de segurança”.

Vice-presidente do PSDB em Minas, o deputado federal Domingos Sávio afirmou que a queda em oito dos nove crimes violentos neste ano no estado é resultado dos investimentos do governo anterior.


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