Os parklets ainda não chegaram às ruas da capital, mas já tem muita gente interessada nos equipamentos que transformam vagas de estacionamento de veículos, nas laterais da pista de rolamento, em minipraças com serviços e área de convívio. “Vemos a iniciativa como um bem para a cidade, local de convivência das pessoas”, diz a designer Paula Campos, sócia com mais seis amigos do Galpão Cultural Benfeitoria, misto de bar, galeria de arte e espaço para shows e espetáculos teatrais na Rua Sapucaí, na Floresta, Região Centro-Sul. Ao saber da proposta da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para ocupação de vias públicas, o grupo se uniu aos profissionais de um estúdio de arquitetura, apresentou o projeto e aguarda ansioso a resposta. “A previsão é que tenhamos resposta na quinta-feira”, adianta Paula.
Previstos inicialmente para ganhar forma em meados de abril, conforme mostrou o ESTADO DE MINAS em 13 de março, os parklets deverão demorar ainda um mês para virar realidade, informou o secretário municipal adjunto de Planejamento Urbano, Leonardo Castro. Sem querer adiantar muito sobre os avanços, ele se limita a dizer que o primeiro equipamento será instalado dentro do perímetro da Avenida do Contorno.
NOME PRÓPRIO A ideia dos parklets nasceu em São Francisco, Califórnia, nos Estados Unidos, atravessou o oceano e foi bem recebida em São Paulo, Fortaleza e Porto Alegre. O nome definitivo, por enquanto, não está definido, embora a PBH tenha recebido sugestões, diz o secretário. Entre elas, Parkin, que a turma do Benfeitoria prefere “amineirar” e chamar de Parquim. “Mas também pode ser minipraça, Vaga Viva”, diz Paula, ao lado dos designers Henrique Cançado, Rodrigo Greco e João Andere, dos produtores de vídeo Rafael Bueno e André Siqueira, da RP Jordana Menezes, da arquiteta Amanda Gomes e do chefe de cozinha argentino Nicolas Bollini.
De tão animado, o coletivo já fez um bazar com roupas doadas pelo estilista de BH Lucas Magalhães para obter recursos para concretizar o projeto e pagar a estrutura. “Aqui ao lado tem uma faculdade e os alunos, nos intervalos das aulas, costumam ficar encostados no parapeito da Sapucaí. É um bom lugar para o parklet, pois a população já se apropriou”, diz Rafael Bueno, mostrando a balaustrada de alvenaria considerada uma “varanda de BH”. Ao ser instalado, o parklet ficará do lado da calçada do guarda-corpo e não da dos prédios.
Conforme o decreto do prefeito Marcio Lacerda, publicado em 13 de março no Diário Oficial do Município (DOM), o processo não envolve licitação, apenas autorização da PBH. O secretário Leonardo Castro destaca que o espaço poderá ser ocupado por empresas, estabelecimentos comerciais, organizações não-governamentais, bancos, associações de moradores e outros empreendimentos e entidades. Além de bancos para descansar, mesas com cadeiras, o equipamento poderá ter tótem para recarrega de telefone celular e algum serviço que for conveniente ao mantenedor. “O fundamental é que tais equipamentos sejam de uso irrestrito, não privativos, estando aberto a todas as pessoas”, destaca Castro.
CONSERVAÇÃO As estruturas são instalados geralmente em pontos mais nobres das cidades, com a condição básica de serem apropriados pela população. Como ocorre em todas os lugares do mundo que adotaram os parklets, a implantação e posterior conservação fica a cargo do “mantenedor” e não da prefeitura. “O retorno não é financeiro e varia de interessado para interessado no projeto. Há empresas que gostam de associar seu nome a iniciativas bacanas e positivas para a vida da cidade. Em BH isso ocorre com a adoção da Praça da Liberdade. Outros empreendedores, por sua vez, gostam de tornar o ambiente de negócios mais agradável”, afirma Castro.
Por ficar na rua e não na calçada, os parklets têm grade de proteção dois lados. De acordo com a maquete feita pela equipe da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano, as estruturas terão características bem particulares: serão de madeira certificada e resistentes ao sol e à chuva; removíveis e capazes de regularizar a diferença de nível resultante da curvatura transversal da via pública, sem concretagem sobre o asfalto; modulares, para facilitar transporte, montagem e desmontagem; e terão piso nivelado com o da calçada; faixas refletivas (em pintura ou adesvio) nas bordas do parklet; sinalização indicativa obrigatória, que ainda será definida; e sinalização do patrocinador opcional, também em estudo final. A intervenção vai eliminar vagas para carros e explicou que os equipamentos terão 1 metro de largura por 2,20m de comprimento. Uma mesma via pública, portanto, poderá receber vários deles.