O uso da praça da rodoviária como feira livre de produtos de origem ilícita foi engrossado, segundo comerciantes de lojas próximas e os próprios receptadores, pela migração da atividade da Praça 7. Por muitos anos, a Praça 7 foi reduto de venda de produtos roubados, mas vinha sendo alvo de sucessivas operações que a Polícia Militar denominou “saturação”. As ações consistiam na chegada de surpresa da PM e de fiscais da prefeitura por todos os acessos dos quarteirões fechados para abordar suspeitos. “Foi depois que a PM expulsou os bandidos da Praça 7 que chegou essa legião aqui. Demorou mais de 30 anos para limparem a Praça 7 (dos criminosos), será que vão demorar esse tempo todo para fazer o mesmo aqui (na Praça Rio Branco)?”, reclamou um gerente de loja de calçados, que trabalha nas proximidades e que reclama da insegurança.
Na Praça 7, principalmente no quarteirão Pataxó (entre a Rua Espírito Santo e a praça), também há grupos de pessoas vendendo produtos de origem duvidosa, a maioria roupas e acessórios. Na última quinta-feira, por exemplo, os artigos vendidos eram apenas óculos, pulseiras e camisas. O espaço ainda concentra outros tipos de comércio irregular, como os camelôs infiltrados entre indígenas e cambistas.
Outro problema que dificulta a segurança, segundo Lustosa, é a presença de moradores de rua e de camelôs. “Estamos preocupadíssimos. Os camelôs estão voltando a tomar o Centro. Os bandidos se aproveitam disso e se misturam a eles e aos moradores de rua, para esconder o que roubam e para arrombar o comércio”, afirma. Segundo ele, o desvio de produtos por funcionários de lojas para atravessadores e receptadores é muito preocupante. “É difícil provar, pois os assaltos são muito frequentes e não se sabe o que saiu de um roubo, de arrombamento ou de desvio.”
Enquanto receptadores tomaram boa parte da Praça Rio Branco, entre as ruas Curitiba e dos Caetés, do outro lado atuam os agenciadores do transporte intermunicipal, que competem com os ônibus na rodoviária. Na continuação da Rua Curitiba, no quarteirão oposto à Praça Rio Branco, há uma fileira de pessoas encostadas nas portas das lojas oferecendo celulares também de procedência duvidosa, com as opções com caixa e manual ou sem os itens de fábrica. Ficam oferecendo os aparelhos se disfarçando entre os comerciantes de chips telefônicos das operadoras.
Outro lado O comandante da 6ª Companhia da PM responsável pelo policiamento no hipercentro, major André Domiciano de Oliveira, disse que a Praça Rio Branco concentra um grande número de moradores de rua, vendedores ambulantes, apresentações artísticas e atividades religiosas diversas e que muitos oportunistas e infratores aproveitam essa aglomeração para comercializar produtos de origem duvidosa. “Não são raras as vezes que infratores são flagrados comercializando drogas e produtos diversos, resultando em muitas conduções. Muitas prisões de foragidos da justiça também são realizadas no local” , afirmou o major, por meio de nota. “Absurdamente, os infratores não se intimidam em seus atos, mesmo estando a poucos metros da sede da 1ª Região Integrada de Segurança Pública”, observou. O militar informou que intensifica operações no local e adiantou que a PM participará de ação social na Praça Rio Branco, prevista para 17 de maio. (MP)