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Estado de Minas

Estudo lista potenciais da Serra da Piedade que vão além da fé

Complexo famoso pelo santuário que abriga a padroeira de Minas, a serra, em Caeté, tem turístico, agrícola e de produção de água


postado em 23/04/2015 06:00 / atualizado em 23/04/2015 07:14

Estudo identificou características do relevo e vocações econômicas da região(foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)
Estudo identificou características do relevo e vocações econômicas da região (foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)

Conhecida por abrigar o santuário da padroeira de Minas, Nossa Senhora da Piedade, a Serra da Piedade, em Caeté, na Grande BH, tem na vocação para a fé apenas uma de suas muitas vertentes. Estudo feito pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) aponta que o conjunto é uma área de preservação ambiental com alto grau de visitação turística e também com potencial para atividades agrícolas. Desde o período colonial, a região é reconhecida pelo cultivo de banana, mas os pequenos produtores reclamam da falta de incentivo para a atividade, tão característica da cultura local.

As áreas cultiváveis se encontram nos municípios que ficam no entorno dos maciços, como Nova União, Caeté e Taquaraçu. “Temos um aumento crescente no número de peregrinos. É um dos mais belos patrimônios culturais do estado e, no entorno, temos a produção de frutas e hortaliças, que podem ser fornecidas para Belo Horizonte e até mesmo para os restaurantes da serra”, afirma o coordenador técnico estadual da Emater-MG, Maurício Fernandes.

O trabalho da empresa identificou aumento no número de sítios e condomínios rurais no entorno do complexo, o que potencializa a atividade agrícola e favorece a economia local. De acordo com Maurício, não há número exato dos pequenos produtores na região, mas um levantamento deve ser o próximo passo. O pequeno produtor Antônio Justino da Silva, de 59 anos, espera que o estudo possa significar investimentos para a região. “Vários amigos tentaram recursos para a adubação da lavoura e não conseguiram”, disse.

O santuário foi erguido na área de relevos acidentados e solo que limita a produção agrícola. “No maciço da Serra da Piedade, não é possível ter atividade agrícola, mas a beleza cênica, associada à biodiversidade, potencializam atividades relacionadas à proteção ambiental, além do ecoturismo e educação para preservação”, ressalta Maurício. Segundo ele, a formação geológica da serra faz com que haja um ecossistema integrado, que potencializa a geração de água – um bem de valor inestimável, principalmente em tempos de escassez hídrica. As fendas nas rochas de quartzito fazem do ambiente área de armanezamento da chuva. “Como o quartzo é quimicamente inerte, é uma água de alta qualidade”, ressalta Maurício.

Apesar disso, o acesso ao recurso natural ainda é um problema para muitos agricultores, como Antônio Justino. Ele se queixa de que, devido à seca dos últimos meses, a produção de banana caiu pela metade. “Somos muito carentes de água. Precisamos de um poço artesiano na região”, sugeriu. Ele e os seis filhos trabalham na lavoura, mas, nos últimos anos, têm sentido a falta de incentivo ao campo. “Tem hora que a gente sente que está abandonado”, reclamou.

PEREGRINOS Já a visitação ao complexo segue em escala ascendente, em grande parte devido à política da Arquidiocese de Belo Horizonte, que vem potencializando a peregrinação ao santuário. “De 2010 para cá, tem sido despertada a força turística do santuário, pela religiosidade e pela mística deste espaço sagrado,  que convida cada ser humano a se refazer, contemplar a flora e a fauna”, disse o pró-reitor do santuário, padre Carlos Antônio Silva.

O religioso lembrou que, à medida em que cresce o turismo, é importante atentar para a infraestrutura que possibilite o zelo e o cuidado com a natureza. “Nossa missão enquanto Igreja é cuidar da obra da criação.” Em 2010, foram 30 mil peregrinos e turistas. Número que aumentou 10 vezes, passando para 300 mil em 2014. Durante a quaresma, o santuário recebe até 10 mil visitantes. De julho a outubro, quando se comemora o jubileu, também é esperado grande número de peregrinos.

Iniciado há cinco anos, o projeto de revitalização do santuário segue de vento em popa. Uma das ações prevê investimento de R$ 400 mil para a criação da Praça Alcides da Rocha Miranda, com toda estrutura para ser outro mirante na serra. Também será construído no complexo o Museu Mariano, para abrigar imagens da mãe de Jesus vindas de diferentes lugares do mundo.

Saiba mais
Geologia da serra

O estudo da Emater-MG demonstrou que a Serra da Piedade tem várias unidades de geossistemas: terraços, maciços e uma terceira formada por colinas, diques, terraços e planícies fluviais. Nos terraços, que remanescentes de antigas planícies fluviais, foram identificadas áreas propícias à fruticultura e silvicultura. Também existem áreas que podem receber o cultivo de hortaliças e de cereais. A próxima etapa do projeto é fazer um detalhamento técnico das unidades de paisagem e elaborar um planejamento de atividades, considerando a aptidão apontada para cada área. “O foco é o desenvolvimento sustentável da região”, conclui Maurício Fernandes, coordenador técnico estadual da Emater.


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