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Estado de Minas

Mais dois coletivos são queimados em BH, elevando para sete número de casos em 2015

Incêndios ocorreram na mesma região em que três veículos foram atacados há uma semana


postado em 30/03/2015 06:00 / atualizado em 30/03/2015 08:26

Valquiria Lopes e Clarisse Souza

Um dos episódios ocorreu no Bairro Nova Cintra, onde chamas destruíram carro da linha 9205, além de consumir toldos e fios da rede elétrica (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press.)
Um dos episódios ocorreu no Bairro Nova Cintra, onde chamas destruíram carro da linha 9205, além de consumir toldos e fios da rede elétrica (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press.)

Com mais dois ônibus incendiados durante a madrugada de ontem, chega a cinco o número de coletivos queimados por vândalos em menos de uma semana na Região Oeste de Belo Horizonte, e a sete a quantidade de veículos de transporte destruídos pelas chamas em toda a cidade apenas neste ano. Na segunda-feira passada, três ônibus foram alvo de vandalismo, supostamente por retaliação pela morte de um jovem durante operação da Polícia Militar. Ontem, em ambos os casos, uma dupla de motociclistas iniciou as chamas que destruíram os veículos das linhas 9205 e 2980. Apesar de todos os crimes terem ocorrido na mesma região da capital – onde na última semana o policiamento havia sido reforçado na tentativa de prever novos ataques – a polícia ainda não informa se há relação entre os casos. De 2012 até agora são 25 ônibus incendiados em BH, média que vem crescendo ano a ano e já chega a um incidente a cada 12 dias.  

De acordo com a PM, a primeira ocorrência de ontem foi registrada no Bairro Vista Alegre, quando o coletivo da linha 9205 (Nova Vista/Nova Cintra) foi alvo de criminosos. Um motorista que chegava ao ponto final contou aos militares que percebeu quando dois homens em uma motocicleta se aproximaram lentamente do coletivo. Em seguida, ele notou que o veículo pegava fogo. O cobrador que estava dentro do ônibus precisou quebrar um dos vidros para escapar das chamas, e sofreu um corte no braço. A fiação elétrica da rua e toldos de estabelecimentos comerciais foram danificados. Um carro que estava estacionado próximo ao ponto final também foi atingido pelo fogo e ficou parcialmente danificado. Militares do Corpo de Bombeiros foram acionados e conseguiram combater as chamas.  

Pouco depois, policiais da 10ª Companhia do 5° Batalhão da PM atenderam outra ocorrência de vandalismo contra um veículo de transporte coletivo. Desta vez, o alvo foi um ônibus da linha 2980, que faz o itinerário Vista Alegre/Eldorado. Como no caso anterior, os principais suspeitos de dar início às chamas são dois homens que passaram pelo local do crime em uma motocicleta. A perícia foi acionada para tentar descobrir detalhes sobre as ocorrências e se há relação entre os crimes.  

No início da semana passada, veículos das linhas 4110, 205 e 9202 foram depredados em ataques que assustaram passageiros e funcionários das empresas. Pouco antes das 20h da última segunda-feira, grupos armados com pedras, pedaços de pau, coquetel molotov e galões de combustíveis e revólveres em pelo menos um dos casos atacaram simultaneamente veículos das linhas de ônibus 4110 (Dom Cabral/Belvedere), que trafegava pela Avenida Raja Gabaglia com cerca de 30 passageiros, 205 (Metrô Calafate/Buritis), que circulava com o motorista, a cobradora e 15 usuários pela Barão Homem de Melo, e a 9202 (Pompeia/Jardim América), que seguia com cinco pessoas pela Vila Leonina. Em um dos ônibus foi deixado um cartaz com o seguinte dizeres: “Enquanto não houver Justiça não vamos parar”.

Segundo a Polícia Militar, os ataques do dia 23 foram uma represália contra a morte de um jovem durante perseguição policial. O menor estaria entre os autores de roubo a um veículo, que bateu em um poste no Bairro Jardim América, enquanto fugia.

Impunidade e mais crimes

Com as ocorrências de ontem, Belo Horizonte registrou em 2015, em média, um ônibus queimado a cada 12 dias. O número é 833% superior à média mensal registrada em 2012 e 253% acima da registrada no ano passado, quando houve oito ataques durante os 12 meses. O aumento das ocorrências traz impactos diretos para os usuários do transporte coletivo na capital, segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra/BH). A entidade afirma que cada vez que um coletivo é queimado, não é substituído em menos de 150 dias. “Cada coletivo custa cerca de R$ 350 mil. Os trâmites normais para disponibilização de um veículo desse tipo levam até seis meses”, informou o assessor da presidência do sindicato, José Guilherme do Couto. “O problema é que não conheço um caso de pessoa que incendiou um ônibus e foi condenada. A impunidade é muito grande”, denuncia.

O coronel Cícero Cunha, comandante do policiamento da capital, afirma que o trabalho da Polícia Militar muitas vezes é dificultado porque testemunhas dos crimes são ameaçadas e amedrontadas pelos criminosos que fazem os ataques. “A lei do silêncio acaba imperando, pois as pessoas ficam muito assustadas. Isso não nos ajuda, já que a polícia depende muito de informações passadas pelos cidadãos”, diz o militar. O coronel afirma que o principal objetivo desse tipo de ação é desajustar a organização social, para demonstrar força do poder paralelo. “Geralmente, as ações estão ligadas à morte de algum marginal e eles fazem isso para demonstrar a insatisfação”, completa.

Imagens de um morador enviadas pelo WhatsApp do Estado Minas.

Ônibus incendiados em Belo Horizonte

2012

3 -  média de um a cada 120 dias

2013
6 - média de um a cada 60 dias

2014
8 - média de um a cada 45 dias

2015*    
7 -  média de um a cada 12 dias
*Janeiro a 29 de março

Fonte: Setra/BH


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