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Estado de Minas

Falta de obras faz população apelar para soluções particulares contra inundações

Em algumas das áreas mais castigadas na última temporada de chuvas em BH, moradores e comerciantes de áreas alagáveis temem novos prejuízos


postado em 29/11/2014 06:00 / atualizado em 29/11/2014 07:34

Porta fechada para a chuva: Alan Nascimento trava mecanismo antienxurrada. Iniciativa foi adotada por dezenas de lojistas da Avenida Francisco Sá, garantindo freguesia para Waldir de Assis, que cobra R$ 1,2 mil, em média(foto: Fotos: Beto Magalhães/EM/D.A Press)
Porta fechada para a chuva: Alan Nascimento trava mecanismo antienxurrada. Iniciativa foi adotada por dezenas de lojistas da Avenida Francisco Sá, garantindo freguesia para Waldir de Assis, que cobra R$ 1,2 mil, em média (foto: Fotos: Beto Magalhães/EM/D.A Press)

Sem intervenções públicas que impeçam alagamentos, moradores e comerciantes de áreas inundáveis em Belo Horizonte se preparam como podem diante da previsão de tempestades para este fim de ano. Nas avenidas Bernardo Vasconcelos, no Bairro Ipiranga, Região Noroeste, e Francisco Sá, no Prado, Região Oeste, por exemplo, a saída foi instalar comportas de metal em portas de edificações para tentar impedir a invasão das enxurradas, que já causaram muitos prejuízos no início deste ano. O mecanismo consiste em chapas espessas, que se encaixam em suportes vedados com borracha e silicone na frente das portas voltadas para as ruas. Apesar da vulnerabilidade desses endereços, obras de drenagem só devem ocorrer a partir do ano que vem, de acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). A Defesa Civil destaca o monitoramento que faz nas áreas de risco de inundação, mas quem mora e trabalha na beira de ribeirões como o do Onça e o Cachoeirinha diz jamais ter sido alertado e continua contabilizando prejuízos.

Na região sujeita a alagamentos na Avenida Francisco Sá, que compreende também as ruas Erê, Jaraguai e Ituiutaba, a reportagem verificou 34 imóveis, entre lojas e casas, em que os proprietários recorreram à instalação de comportas de metal para tentar conter as enxurradas. A medida se tornou tão popular na vizinhança, que o serralheiro Waldir Cândido de Assis, de 54 anos, conta já ter instalado nove aparatos em imóveis invadidos pelas águas de enchentes. “Cada serviço sai, em média, por R$ 1.200. Mas, depois que você instala, não precisa mais gastar. Com a chuva, as pessoas estavam tendo prejuízos um após o outro e por isso não querem mais esperar a prefeitura tomar uma atitude”, afirma.

Um dos que mais conhecem o prejuízo que as cheias do Córrego dos Pintos podem provocar na estação chuvosa é o comerciante Paulo Matos, de 52. Ele tem um bar há 14 anos no fim da Avenida Francisco Sá e, de lá para cá, estima ter tido pelo menos R$ 70 mil de perdas. “A última chuva, no início do ano, foi a pior. Veio muito rápido e com um grande volume. Cem engradados de cerveja que estavam empilhados no passeio foram arrastados. Os freezers ficaram flutuando e foram virados”, conta. Por causa disso, Paulo resolveu instalar quatro comportas nos acessos do estabelecimento, ao preço de R$ 2.400.

Os prejuízos também fizeram muitos empresários desistirem de pontos na região. Depois que uma agência de carros vizinha ao seu bar faliu, diante de tantos prejuízos causados por inundações, o comerciante resolveu alugar o endereço e abrir um restaurante. Mas não sem antes tomar algumas medidas, como erguer o piso mais de um metro e meio acima da rua, para tentar evitar os alagamentos. Em um café-livraria próximo, a força das águas em abril derrubou um muro e invadiu o estabelecimento. A solução encontrada foi também instalar uma comporta, que se fecha com trava parafusada. “A água arruinou nossos carpetes, quebrou vidros e nos deixou presos aqui dentro. Com essa medida, esperamos pelo menos evitar os prejuízos”, explica o balconista Alan Nascimento, de 30 anos.

Na Avenida Cristiano Machado, Bairro Primeiro de Maio, na Região Noroeste de BH, toda tempestade é motivo de alerta para a estudante Eloan Mara Lima, de 27 anos. A casa dela fica à beira do Ribeirão do Onça e, por isso, já sofreu várias inundações. “Ninguém dorme aqui em casa quando a chuva engrossa. Perdi um Renault Megane na garagem. A água entrou pela rua, vinda do córrego que transbordou, e ficou da altura do teto”, conta. Segundo ela, a solução foi construir um segundo andar na casa, para onde leva móveis e eletrodomésticos, e comprar uma caminhonete capaz de transitar pelos espaços alagados. “Nunca recebi nenhum alerta da Defesa Civil. A gente só sabe que o ribeirão vai transbordar quando passa a madrugada em claro, vigiando o nível das águas”, disse.

(foto: Fotos: Beto Magalhães/EM/D.A Press)
(foto: Fotos: Beto Magalhães/EM/D.A Press)

A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) informou que envia avisos aos integrantes de Núcleos de Alerta de Chuvas e moradores das áreas de risco. “Os alertas são divulgados em redes sociais e encaminhados a veículos de imprensa. Anualmente, centenas de pessoas são capacitadas pela Comdec e pelo Corpo de Bombeiros em procedimentos de autoproteção e proteção comunitária.”

A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informou que vai ampliar as seções dos canais dos córregos Cachoeirinha, Pampulha e do Onça (avenidas Cristiano Machado e Bernardo Vasconcelos), mas o projeto para essa obra só será concluído no primeiro semestre do ano que vem. Cerca de 1.300 famílias precisarão ser removidas e o custo total será de R$ 442,3 milhões. As obras de ampliação das redes de drenagem do Córrego dos Pintos (Avenida Francisco Sá) têm valor previsto de R$ 15,22 milhões, e só devem começar no segundo semestre do ano que vem, com término programado para 2017.


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