(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Mestres de BH comemoram decisão que declara capoeira patrimônio cultural imaterial da humanidade

Em Belo Horizonte, houve reunião comemorativa na Casa do Conde, sede do Iphan, com mesa-redonda e apresentação de capoeiristas


postado em 27/11/2014 06:00 / atualizado em 27/11/2014 08:17

Capoeiristas se reuniram ontem na Casa do Conde, sede do Iphan em BH:
Capoeiristas se reuniram ontem na Casa do Conde, sede do Iphan em BH: "Vão se abrir mais portas para a capoeira", disse o Mestre Legalzinho (foto: Beto Magalhães/EM/DA Press)


Misto de esporte, luta, dança, música e muito ritmo, a roda de capoeira agora é do mundo. Em Paris, França, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) aprovou, ontem, um dos símbolos mais conhecidos internacionalmente do Brasil como patrimônio cultural imaterial da humanidade. A definição na 9ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda retumbou de imediato em Minas, um dos estados com maior número de adeptos da arte que se confunde com a história dos negros no Brasil. Em Belo Horizonte, houve reunião comemorativa na Casa do Conde, sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), com mesa-redonda e apresentação de capoeiristas.


“Estamos muito felizes. Com o reconhecimento da Unesco, certamente vão se abrir mais portas de outros países para nossa capoeira”, disse Weverton Maurício Ribeiro, o Mestre Legalzinho, integrante do Conselho de Mestres de Capoeira de Minas Gerais. Ele lembrou que, em 2008, o Iphan destacou a roda de capoeira e o ofício dos mestres como patrimônios imateriais nacionais. “Com a definição da Unesco, fica melhor ainda, por isso comemoramos aqui hoje, ao lado de vários especialistas do patrimônio”, afirmou Mestre Legalzinho.

A roda de capoeira se junta a outras manifestações culturais e populares brasileiras já reconhecidas como patrimônio cultural imaterial da humanidade: samba de roda do Recôncavo Baiano (BA), arte kusiwa-pintura corporal (AP), frevo (PE) e Círio de Nazaré (PA). “O reconhecimento é uma conquista muito importante para a cultura brasileira. A capoeira tem raízes africanas que devem ser cada vez mais valorizadas. Trata-se de um patrimônio a ser mais conhecido e praticado em todo o mundo”, destacou a ministra interina da Cultura, Ana Cristina Wanzeler.

Segundo nota divulgada no site do Iphan, “o som do atabaque e do berimbau comoveu os representantes dos países presentes à sessão” em Paris. Segundo a presidente da instituição, Jurema Machado, a inscrição da roda de capoeira na lista representativa promoverá o aumento de sua visibilidade e também de outros bens culturais relacionados aos movimentos de luta contra a opressão, sobretudo os pertencentes às comunidades afrodescendentes.

“A roda de capoeira expressa a história de resistência negra no Brasil durante e após a escravidão. Seu reconhecimento como patrimônio demarca a conscientização sobre o valor da herança cultural africana, que, no passado, foi reprimida e discriminada”, conclui Jurema. A delegação contou ainda com a presença de capoeiristas brasileiros, entre eles, os mestres Cobra Mansa, Pirta, Peter, Paulão Kikongo, Sabiá e a Mestra Janja.


Símbolo brasileiro


Segundo pesquisas do Iphan, a capoeira ganhou força no país no século 17, em pleno período da escravidão, e se desenvolveu como forma de sociabilidade e solidariedade entre os africanos, numa estratégia para enfrentar o controle e a violência. Na atualidade, é um dos maiores símbolos da identidade brasileira e está presente em todo o território nacional, além de ser praticada em mais de 160 países. A roda de capoeira e o ofício dos mestres de capoeira estão inscritos, desde 2008, nos livros de Registro das Formas de Expressão e Registro dos Saberes. Profundamente ritualizado, o espaço da roda de capoeira reúne cantos e gestos que expressam uma visão de mundo, uma hierarquia, um código de ética, e revelam companheirismo e solidariedade. É na roda de capoeira que se formam e se consagram os grandes mestres, se transmitem e se reiteram práticas e valores tradicionais afro-brasileiros. Ainda de acordo com os pesquisadores do Iphan, “a roda é o lugar de socialização de conhecimentos e práticas, de aprender e aplicar saberes, testar limites e invenções, reverenciar os mais velhos e improvisar novos cantos e movimentos”.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)