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Estado de Minas

Mais de 88 mil motoristas são multados em apenas um mês por novos radares na BR-381

Equipamentos instalados na Fernão Dias, entre BH e São Paulo, registrou média de duas infrações por minuto. Multas só vão valer em junho


postado em 17/05/2014 06:00 / atualizado em 17/05/2014 07:07

Radar no km 493 da Fernão Dias, em Betim: no trecho, houve 7.165 registros de excesso de velocidade em abril(foto: Jair Amaral/EM/D.A PRESS)
Radar no km 493 da Fernão Dias, em Betim: no trecho, houve 7.165 registros de excesso de velocidade em abril (foto: Jair Amaral/EM/D.A PRESS)

Dois veículos por minuto acima da velocidade permitida. Esse é o retrato do comportamento dos motoristas na parte mineira da Rodovia Fernão Dias segundo o primeiro balanço de funcionamento de 13 radares ligados, no fim de fevereiro, no trecho da BR-381 entre a Grande BH e São Paulo, a que a reportagem do Estado de Minas teve acesso. Apenas em abril, primeiro mês em que houve consolidação dos dados, os equipamentos instalados na estrada duplicada e concedida à iniciativa privada registraram mais de 88 mil ocorrências de excesso de velocidade por parte de condutores de carros de passeio e motos (acima de 80 km/h) e de ônibus e caminhões (acima de 60 km/h).

Os flagrantes de alta velocidade ainda não resultam em multas por falta de assinatura de um convênio entre a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o que deve ocorrer no mês que vem. Mas os dados já dão uma dimensão da imprudência de boa parte de motoristas no trecho de 476 quilômetros da rodovia em Minas. Segundo especialistas e a própria Autopista Fernão Dias, concessionária responsável, o excesso de velocidade é a principal causa de acidentes na estrada.

Entre os 13 radares em operação em Minas, o que mais flagrou motoristas foi o do km 886, sentido Belo Horizonte, em Estiva, na Região Sul do estado. Foram quase 24 mil casos em um mês, uma média de 33 por hora. Outro radar que registrou alto número de ocorrências foi o instalado no km 493, em Betim, no sentido São Paulo. Somente em abril, foram 7.165 registros por excesso de velocidade. Ali, freadas bruscas frequentes chamam a atenção do gerente de posto de combustível Francisco das Chagas, de 41 anos. Ele conta que muitos veículos passam a “mil por hora”, mesmo depois da instalação do radar. “Os abusos continuam. Muitos tentam reduzir a velocidade já em cima do radar, e outros passam direto sem pisar no freio”, revela.

O caminhoneiro Eduardo Quinália, de 55, mora em Betim e costuma passar pelo local. “Acho que muita gente não presta atenção no radar e passa batido”, disse. Segundo ele, o índice de atropelamento naquele trecho da estrada é alto, pois moradores do Bairro Betim Industrial atravessam a rodovia no meio dos carros. “Morria muita gente. Instalaram o radar e construíram uma passarela. Mesmo assim, as pessoas arrebentam a tela de proteção do canteiro central para passar por baixo da passarela”, denuncia. Para ele, muitos motoristas sabem que o equipamento ainda não gera multa. “Enquanto o motorista não sentir no bolso, ele não aprende”, opina.

Campanhas Para o especialista em trânsito Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Logística da Fundação Dom Cabral, o número de veículos acima da velocidade assusta e revela imprudência. Porém, ele acredita que índices altos de ocorrências são comuns no início da implantação de radares, e que pode haver redução dos casos se outras providências forem adotadas. “O radar deve vir acompanhado de fiscalização móvel e de campanhas educativas”, alerta. “Até porque, com o tempo, as pessoas aprendem (onde estão os radares) e só diminuem nos pontos fiscalizados”, acrescenta.

Segundo Resende, o radar é equipamento obrigatório em rodovias que passam pelo processo de duplicação, já que há um aumento natural da velocidade média. “Aumentando a velocidade, você tem mais acidentes, principalmente capotamentos e colisões traseiras. Nesse caso, é necessário um redutor de velocidade nos pontos mais perigosos”, diz. O diretor superintendente da Autopista Fernão Dias, Helvécio Tamm, afirma que enviará nos próximos meses estudo à ANTT para instalar ainda mais radares na rodovia. “Não tenho dúvidas de que vamos conseguir uma redução de acidentes com a operação de radares. Nossa ideia é ampliar a quantidade, já que instalamos apenas o que estava previsto no contrato de concessão”, disse. A reportagem procurou a PRF para comentar o assunto, mas a corporação afirmou que não comenta dados de outras fontes.

 

Redução de acidentes

Apesar da falta de multas, dados da Autopista Fernão Dias, concessionária responsável pela rodovia, sugerem que a instalação dos radares já influenciou as estatísticas de acidentes e mortes na estrada. Segundo levantamento da empresa, houve 2.161 acidentes e 31 mortes de janeiro a abril deste ano. A média de acidentes por mês, de 540, é 14% menor que a verificada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em 2013 – foram 7.535 acidentes no ano passado, uma média de 627. Também houve redução de 14% da média mensal de mortes: de 14 no ano passado para menos de oito este ano. A PRF não divulgou suas estatísticas de batidas na rodovia em 2014. O diretor-superintendente da Autopista Fernão Dias, Helvécio Tamm, diz que a entrada em funcionamento dos equipamentos já provocou queda nos registros de excesso de velocidade. 


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