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Estado de Minas

Despejo de esgoto e lixo dificulta despoluição da Lagoa da Pampulha

Os principais poluidores da lagoa são moradores e invasores de terras em Contagem


postado em 22/11/2013 06:00 / atualizado em 22/11/2013 08:27

Lixo próximo à ocupação William Rosa, em Contagem: situação é ameaça ao Córrego Sarandi, diz Copasa(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A.Press)
Lixo próximo à ocupação William Rosa, em Contagem: situação é ameaça ao Córrego Sarandi, diz Copasa (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A.Press)

A sete meses da Copa, o despejo de dejetos e lixo em afluentes da Lagoa da Pampulha por parte de moradores e invasores de terras em Contagem, na Grande BH, ainda é entrave à despoluição de um dos principais cartões-postais de Belo Horizonte. Um dos problemas ocorre no lote que fica às margens da Avenida Severino Ballesteros, no Bairro Jardim Laguna, onde estão 3,9 mil famílias da ocupação William Rosa. Sem estrutura de água, esgoto e lixo, parte dos detritos produzidos pela comunidade vai direto para o Córrego Sarandi, um dos principais tributários da Pampulha. Outra situação que preocupa envolve cerca de 6 mil imóveis, quase todos em Contagem: há rede coletora na rua, mas ainda não estão ligados ao sistema da Copasa. Há, também, endereços em Contagem nos quais as obras para coleta e interceptação do esgoto ainda não foram concluídas.

A Copasa informou que até o fim de dezembro conclui as nove obras restantes para captar 95% do esgoto de Contagem. Dessas nove intervenções, a principal delas é a canalização do Córrego Colorado, por onde vai passar a nova Avenida Dois. O problema é que no meio do caminho das obras necessárias estão moradores que vivem às margens do curso d’água. Ali, dejetos são despejados de maneira irregular. A dona de casa Olinda Nunes de Oliveira, 32, mora em um imóvel que terá que ser demolido. No andar de baixo moram a mãe e os irmãos. Ela vive na parte de cima, mas o esgoto produzido por todos cai no Córrego Colorado. “Já veio advogado conversar com a gente, mas ainda não foi fechado nenhum acordo para sairmos daqui”, diz.

Há casos em que a obra está concluída, mas os moradores continuam jogando o esgoto em cursos d’água. Na Avenida Nacional, o Córrego Xangrilá, no bairro de mesmo nome, divide duas fileiras de moradores. De um lado, a maioria tem a rede própria de esgoto na porta de casa, mas não há conexão com a rede da rua. É o caso do imóvel da funcionária pública Maria das Graças Ferreira Matos, 59. “A obra está pronta, mas ainda ligaram a minha casa na rede de fora”, afirma. No mesmo Córrego Xangrilá, só que na Rua Bom Retiro, no Bairro Tijuco, esgoto também é jogado no córrego. Uma moradora de uma casa de alto padrão disse que há uma rede construída pela Copasa, mas não soube explicar porque seu esgoto continua sendo lançado no córrego. No local há canos e manilhas expostos.

Na Avenida Severino Ballesteros, onde cerca de 3,9 mil famílias ocupam desde outubro um terreno federal às margens do Córrego Sarandi, há problemas com esgotos e lixo. Moradores usam fossas comunitárias, mas o lixo normalmente fica espalhado perto do córrego. Com as bocas de lobo tampadas, a preocupação é que as chuvas contribuam para carregar mais lixo e sujeira até o Sarandi. “Sabemos que há pessoas que jogam lixo e esgoto no córrego, mas não é nossa orientação. Temos as fossas e o lixo deve ficar acondicionado longe do córrego”, diz Eliete Alves Moreira, uma das representantes da ocupação.

Esgoto no Córrego Xangrilá: há imóveis que não se conectaram com rede e outros ainda à espera de obras (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A.Press)
Esgoto no Córrego Xangrilá: há imóveis que não se conectaram com rede e outros ainda à espera de obras (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A.Press)


Medidas

Dentro das ações previstas para a despoluição da Lagoa da Pampulha, a principal delas é a coleta e interceptação do esgoto gerado por cerca de 500 mil pessoas, metade em Belo Horizonte e metade em Contagem. Segundo o gestor da Meta 2014 da Copasa, Valter Vilela Cunha, os R$ 102 milhões destinados para a captação do esgotos foram aplicados em 37 obras nas duas cidades – nove ainda precisam ser concluídas em Contagem. “Para terminarmos a obra do Bairro Colorado, ocupantes de três imóveis têm de ser removidos. Os processos estão na Justiça de Contagem. As oito demais intervenções são relativas à instalação de coletores e interceptores, de complexidade bem menor do que a canalização do Córrego Colorado”, afirma.

Ainda segundo o gestor, para resolver o problema dos 6 mil imóveis considerados “factíveis” – aqueles que têm a rede da Copasa na porta, mas ainda não fizeram a conexão – a Copasa está implementando na bacia o Projeto Técnico de Trabalho Social (PTTS), para esclarecer e conscientizar a população sobre a necessidade de interligar os imóveis à rede coletora de esgoto e, com isso, evitar o lançamento em ruas e cursos d’água. “No caso de famílias de baixa renda, estamos fazendo as conexões”, diz Vilela. Ele explica que esse tipo de ligação é de responsabilidade da Copasa até o muro das residências. Do muro para dentro quem deve fazer é o morador. Depois que todas as obras estiverem concluídas, aqueles que não conectarem o esgoto serão notificados pela vigilância sanitária de cada prefeitura.

Sobre a situação da ocupação William Rosa, Vilela acredita que o maior impacto no local pode ser causado pelo lixo. Se o material não for acondicionado e coletado de forma correta, pode se tornar um perigo para o Sarandi e sobrecarregar a Estação de Tratamento de Águas Fluviais (Etaf) Pampulha. O terreno é alvo de disputa com a Ceasaminas. Há decisão judicial para reintegração de posse, mas moradores, governo do estado e Prefeitura de Contagem negociam a destinação das famílias. Sobre a situação do lixo, a Prefeitura de Contagem não se manifestou.

ENQUANTO ISSO...
...DRAGAGEM EM ANDAMENTO


Além das intervenções da Copasa para despoluir a Lagoa da Pampulha, estão previstas outras duas medidas de responsabilidade da Prefeitura de Belo Horizonte. Segundo a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, o serviço de desassoreamento, que consiste na dragagem, desidratação, transporte e destinação final de sedimentos, começou em outubro e terá duração de 8 meses, ao custo de R$ 109 milhões. A expectativa é que sejam retirados 800 mil metros cúbicos de material sólido do fundo da lagoa, 8% do volume total. Já o procedimento de recuperação do espelho d’água ainda está na fase de licitação. A previsão de duração das obras é de 10 meses.


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