(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Para defensores dos animais, invasão do Instituto Royal alertou sobre maus-tratos

Para quem ama os bichos em Minas, atitudes como a invasão do Instituto Royal,em São Paulo, são legítimas


postado em 28/10/2013 06:00 / atualizado em 28/10/2013 08:27

Tiago de Holanda

Cadela recolhida no Centro de Controle de Zoonoses de BH(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Cadela recolhida no Centro de Controle de Zoonoses de BH (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Os testes em laboratórios realizados com animais são controversos há muito tempo, mas a polêmica foi acesa com mais intensidade no dia 18, quando um grupo de ambientalistas invadiu o Instituto Royal, em São Roque (SP), e levou cães e coelhos do local, onde os animais eram usados em experimentos para a produção de medicamentos. O ato mobilizou até os parlamentares. O Congresso aprovou na quinta-feira regime de urgência para o projeto que torna crime maltratar animais. Em Minas, pessoas que abrigam bichos abandonados ouvidas pelo Estado de Minas aprovaram a ação dos ativistas, defendendo que as cobaias poderiam ser substituídas por outros métodos, sem que o trabalho científico fosse prejudicado. Especialistas alegam, porém, que nem sempre há alternativas.

 


Em Minas, ao menos quatro mil pessoas prestam algum tipo de auxílio voluntário a animais abandonados, inclusive veterinários, que oferecem atendimentos gratuitos. A estimativa é de Crispim Zuim Neto, de 45 anos, que mantém o site O Lobo Alfa, que divulga feiras para adoção de bichos realizadas em várias cidades do estado. Em sua casa, ele mantém seis cães, três dos quais à espera de alguém que os adote. “A quantidade de adotantes ainda é muito menor que a de animais. Há pessoas com 60 cães em casa, sem conseguir ninguém que queira levá-los”, afirma. O advogado considerou “necessário” o que ocorreu no interior de São Paulo. “É difícil de avaliar. Em que pese os aspectos legais, essa ação precisava ser feita, estava passando da hora. É um problema que afeta todos nós, não podemos nos omitir”, afirma.


Crispiam acredita que o uso de animais já deveria ter sido abolido dos testes em laboratório. “É cruel demais o que se faz lá dentro. Para calcular o grau de toxicidade de alguns produtos, há testes que fazem mal aos bichos, para que se possa ver em que medida essas substâncias fariam mal a humanos. Um deles, por exemplo, fica aplicando xampu nos olhos de coelhos para descobrir se ocorre irritação”, argumenta. “Uma quantidade enorme de indústrias de cosméticos não faz mais experimentos com animais. Há vários métodos substitutivos. A comunidade científica é inteligente a ponto de encontrar alternativas. Acho que o que falta é boa vontade”, acrescenta.


A psicóloga Marisa Catelli, de 56, é presidente da organização não governamental (ONG) Cãoviver, cujo abrigo em Contagem, na Grande BH, tem capacidade para 150 cães, 40 gatos e está sempre lotado. Todos os sábados a entidade faz feiras de adoção. “Se não houvesse o trabalho voluntário dos protetores de animais, o número de bichos abandonados nas ruas seria muito maior”, diz. “A vida sem um animal não vale a pena. Ele oferece a você o prazer de um amor incondicional, para a vida inteira, independentemente se você é gordo ou magro, feio ou bonito”, afirma.


Marisa aprova a invasão do Instituto Royal e defende o fim de experimentos usando animais. “O teste com bichos tem que acabar porque já há alternativas. Muitas indústrias de cosméticos não testam em animais. O fato de o animal não poder viver solto, correr e brincar já é maus-tratos”, sustenta.

Animais indispensáveis

No caso de alguns testes em laboratório, no entanto, ainda não é possível dispensar o uso de animais, segundo a professora da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Christina Malm. “Há muitos testes com métodos substitutivos, mas, infelizmente, hoje nem todos têm alternativa. Mas existe uma busca muito grande, no Brasil e no exterior, por outros métodos. Há empresas dedicadas apenas a esse tipo de pesquisa. Alguns tipos de teste trazem sofrimento ao animal”, aponta.


Apesar disso, a especialista, que coordena um projeto de extensão dedicado à castração de animais recolhidos nas ruas, aprova o que ocorreu em São Paulo. “A gente é movida pela emoção, muitas vezes. Não sei como são os testes feitos naquele instituto, mas acho a ação legítima sim. Nos Estados Unidos e na Europa, já houve várias ações desse tipo. Elas visam despertar a sociedade para o assunto, que é bastante importante e polêmico. Fazem as pessoas pensarem sobre isso e buscar caminhos melhores para os animais, que não merecem sofrer o que sofrem”, alega.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)