Em relatório encaminhado nesta sexta-feira à Procuradoria-Geral de Justiça, promotores de Justiça que acompanharam a atuação policial durante a manifestação ocorrida na quarta-feira na Pampulha apontaram “que o trabalho da força policial, naquele local, teve caráter de reação”. Os dois membros do Ministério Público estavam posicionados na Avenida Abrahão Caram, onde foi montada as barreiras física e policial para impedir o acesso de manifestantes ao perímetro do Mineirão. Eles narraram ao procurador-geral que “uma minoria começou a atirar paus e pedras e a disparar rojões em direção à polícia” e que a polícia só reagiu quando alguns manifestantes tentaram retirar o gradil para romper o limite de segurança.
Diante da dimensão das manifestações que estão tomando as ruas da capital mineira, o Ministério Público conduziu a criação da Comissão de Prevenção à Violência em Manifestações Populares. Os objetivos da comissão são assegurar a garantia do exercício da cidadania, por meio do direito de manifestação, a prevenção e inibição de violação de direitos e a garantia de atendimento médico e jurídico para os manifestantes. Uma série de recomendações, feitas em conjunto com o Ministério Público Federal, foi encaminhada às autoridades da Segurança Pública de Minas Gerais. Além disso, na quarta-feira, dia em que estava prevista uma grande manifestação nas imediações do Mineirão, oito promotores de Justiça e dois procuradores de Justiça se dividiram para acompanhar a atuação policial. Dois ficaram na área do confronto e os outros se dividiram entre o comando policial na Cidade Administrativa e, em plantão, na sede do Ministério Público.
Segundo o Ministério Público, foi instaurado um procedimento investigatório pela Promotoria de Direitos Humanos para apurar inúmeras denúncias registradas contra a atuação das forças policiais nos protestos. O órgão solicitou vários prontuários médicos, colheu depoimentos e requisitou informações diversas para dar andamento às investigações para apuração de eventuais responsabilidades.