
“Relembrar tudo de novo e saber que ele vai continuar na rua me deixa desesperada”. Esse foi o desabafo de uma vítima de estupro, que participou na tarde desta quinta-feira de uma audiência de instrução do processo contra Pedro Meyer Ferreira Guimarães, 56 anos, em Belo Horizonte. Em 2012, a vítima reconheceu na rua o ex-bancário como seu agressor, 16 anos após o crime. O réu, que é acusado de pelo menos outros 15 crimes semelhantes, compareceu hoje ao Fórum Lafayete com a aparência diferente. Agora, o acusado está sem o bigode.
A decisão, do dia 10 de abril, foi tomada após o atraso de um laudo de insanidade mental solicitado pela defesa do ex-bancário. Agora, o laudo já está com a Justiça, que deu prazo para o Ministério Público e para a defesa analisarem o documento. O exame aponta que Pedro Meyer é imputável, podendo responder por crimes que é acusado. Com a posse do documento, a Justiça pode "andar" normalmente com os processos em que o ex-bancário é réu.
O ex-bancário deixou o Fórum Lafayete após a audiência na companhia de seu advogado. A soltura dele e a demora em julgar os casos levantou críticas. “Durante 15 anos eu queria encontrá-lo e, quando o encontrei, ele é colocado na rua novamente. A demora da Justiça prolonga o meu sofrimento”, disse uma das vítimas.
Pedro Meyer ficou impune por muitos anos até que, em 28 de março de 2012, ao passar por uma avenida no Anchieta, a mulher reconheceu o ex-bancário como o homem que a atacou quando criança, no Cidade Nova, Nordeste de BH. Ela o seguiu até o prédio em que morava e ele foi preso. Com a divulgação do caso, pelo menos outras 15 mulheres o denunciaram por estupro na década de 1990, quando eram crianças ou adolescentes.
