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Estado de Minas

Depois de assassinato em ônibus, empresas pedem detector de metais no embarque


postado em 11/03/2013 06:00 / atualizado em 11/03/2013 07:40

Alfredo Durães e Gabriella Pacheco

Engenheiro químico João Gabriel Camargos, de 25 anos, e a namorada(foto: Facebook/reprodução)
Engenheiro químico João Gabriel Camargos, de 25 anos, e a namorada (foto: Facebook/reprodução)
No dia seguinte à morte do engenheiro químico João Gabriel Camargos, de 25 anos – vítima de um assalto em um ônibus que fazia a linha Poços de Caldas/Belo Horizonte –, as empresas do setor de transporte de passageiros reforçam o pedido por mais segurança nas estradas. Apesar de os acidentes de trânsito serem os vilões mais conhecidos das rodovias brasileiras, o número de crimes cometidos nelas tem crescido. Só no primeiro semestre do ano passado, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Minas Gerais registrou mais de 600 ocorrências relativas a situações como roubo de veículos e cargas, furto de peças e assaltos a estabelecimentos comercias e a veículos. A média no período foi de mais de três casos por dia, nos 6,3 mil quilômetros de estradas federais sob jurisdição da PRF.

Os motoristas de caminhão são os alvos mais comuns de assaltos nas rodovias, mas as empresas de ônibus intermunicipais também se queixam do aumento desse tipo de crime e estudam alternativas para reverter a tendência. “Já estão sendo discutidas medidas que coíbam acontecimentos como esse do ônibus vindo de Poços de Caldas. Uma das alternativas seria utilizar instrumentos para detectar metais e armamentos com passageiros, e isso já vem sendo discutido pela Confederação Nacional do Transporte (CNT)”, comenta o presidente da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros de Minas Gerais, Waldemar Araújo.

A medida serviria para resguardar funcionários, passageiros e empresas. “Acho que a implantação de pontos fixos de detectores nos terminais rodoviários funcionaria bem, mas tem que passar pelo crivo de prefeituras, estado e Dnit. Então, é algo complexo”, afirma. Ainda segundo ele, o que muitas empresas já fazem é a instalação de câmeras de segurança nos ônibus. “Mas isso não previne, só registra. O que queremos é evitar esse tipo de ação.”

VELÓRIO

 

João Gabriel Camargos foi enterrado ontem, às 16h, no Cemitério Parque da Colina, no Bairro Nova Gameleira. O jovem morreu baleado no pescoço, durante um assalto a um ônibus da Viação Gardênia. Segundo testemunhas, o engenheiro foi baleado sem sequer reagir ao assalto e morreu no colo da namorada, Athena Chaves, que completou 24 anos no dia do crime. No velório dele, centenas de pessoas, a maioria jovens com menos de 30 anos, lamentaram sua morte prematura. O choro incontido era ouvido por todas as partes.

(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press.)
(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press.)


A médica Elisabeth França, tia do rapaz, disse estar escandalizada e triste. “Nossa sociedade parece que perdeu a capacidade de se indignar. Assalto com morte virou coisa normal. Temos que tomar uma atitude e penso que uma reforma do Judiciário é mais que urgente”, declarou. O engenheiro Manolo Orellana, de 24, estudou com João Gabriel desde 2007, quando iniciaram o curso de engenharia química na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “As centenas de pessoas que estão aqui são uma demonstração de como ele era um rapaz exemplar, de bom coração, uma grande pessoa, sem maldade alguma na mente. A Athena não consegue aceitar o fato, eles formavam um casal muito unido, que fazia tudo junto”, disse, enquanto outros jovens como ele se abraçavam e choravam, numa lamúria que parecia não ter fim.

Prima de João Gabriel, a delegada de Polícia Civil Iara França Camargos, de 29, disse que as investigações estão a cargo da Regional de Lavras e que as imagens feitas no Restaurante Graal, onde o ônibus parou antes do assalto, e que podem conter cenas do assassino, apresentaram problemas, mas um técnico está tentando digitalizá-las. Ela disse que, diferentemente do que a Polícia Militar divulgou no sábado, o assassino é negro, alto, com cerca de 1,90 metro, vestia calça jeans escura e tinha sotaque paulista. Uma retrato falado dele pode ser divulgado hoje.

Fim de semana pesado
A violência na Região Metropolitana de Belo Horizonte resultou em pelo menos 19 assassinatos entre o sábado e o começo da noite de ontem. Somente na capital foram sete homicídios. Contagem, com cinco mortes, se destacou entre os municípios mais violentos da Grande BH. Em apenas um dos casos registrados pela PM o autor foi preso. Trata-se de um homem que matou a mulher por enforcamento e ainda estuprou a enteada de 13 anos, no Bairro Novo Aarão Reis, Norte de BH. Na maioria dos casos, as vítimas são homens entre 20 e 30 anos, que foram baleados, alguns deles na cabeça, sugerindo execução. Apenas um dos assassinatos teria sido motivado pela intenção de roubar a vítima.


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