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Estado de Minas

Motoristas de veículos de cargas denunciam falta de policiamento e encaram rotina de roubos

Para sindicatos do transporte, falta de estatísticas unificadas dos casos dificulta combate ao crime


postado em 24/02/2013 07:26

'Já fui roubado duas vezes e ando sempre com medo de cair nas mãos de bandidos. O que falta é polícia nas rodovias. Já cheguei a rodar quase 600 quilômetros sem ver nenhuma blitz. Além de ter que ficar atento para evitar acidentes, tenho que ficar preocupado com ladrões.' Maciel de Almeida, de 52 anos, de Salvador(foto: Maria Tereza Correa/EM DA Press)
'Já fui roubado duas vezes e ando sempre com medo de cair nas mãos de bandidos. O que falta é polícia nas rodovias. Já cheguei a rodar quase 600 quilômetros sem ver nenhuma blitz. Além de ter que ficar atento para evitar acidentes, tenho que ficar preocupado com ladrões.' Maciel de Almeida, de 52 anos, de Salvador (foto: Maria Tereza Correa/EM DA Press)

Dois episódios recentes de roubos de cargas em Minas Gerais, um no mês passado quando mais de R$ 1 milhão em produtos eletrônicos foram levados de uma carreta que saía de centro de distribuição em Betim, na Grande BH, e o assalto de um caminhão de alimentos na BR-262, em Contagem, também na Grande BH, na última terça-feira, exemplificam a insegurança vivenciada pelos motoristas de veículos de carga nas rodovias que cortam o estado. Profissionais do volante criticam a falta de policiamento nas estradas e denunciam que o caminho está livre para a ação de criminosos a qualquer hora do dia. Apesar do relato de profissionais do volante, as forças de segurança mineira não têm um levantamento unificado desse tipo de crime, o que, na opinião de sindicatos ligados ao transporte, dificulta o combate às quadrilhas de assaltantes.

A diferença de casos registrados por vários órgãos comprova a falta de centralização dos casos de roubo em Minas. Dados divulgados pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) apontam em 2012 apenas 71 casos de roubos nos mais de seis mil quilômetros de malha rodoviária. Já o Departamento de Operações Especiais da Polícia Civil (Deoesp), responsável por essas investigações, só tem o registro de 52 casos ocorridos no primeiro semestre do ano passado. Já em 2011, a divergência das estatísticas fica ainda maior. Enquanto a Seds informa 41 roubos, a Polícia Civil divulga 123. Já a Polícia Rodoviária Federal, que fiscaliza as estradas federais, não divulgou os dados solicitados pela reportagem.

DELEGACIAS

O delegado chefe do Deoesp, Márcio Nabak, reconhece que não há um levantamento estatístico seguro sobre os roubos de cargas em Minas. Ele explica que isso acontece principalmente porque as delegacias do interior não reportam os casos e os detalhes das atuações das quadrilhas. Além disso, o policial destaca que não há cruzamento digital de dados entre a polícia investigativa e a PRF, responsável pelo atendimento das ocorrências nas rodovias. A PRF, por exemplo, não está inserida no sistema de Registros de Eventos de Defesa Social (Reds), que unifica as informações entre a PM e a Civil. Dessa forma, um registro feito pela PRF é remetido fisicamente à Polícia Civil, o que demora até uma semana para acontecer.
“Precisamos corrigir essa troca de informações. É preciso que a gente tenha acesso ao banco de dados deles para que as ações sejam imediatas. Se demoramos a ter conhecimento do roubo, isso prejudica a prisão dos criminosos e a identificação das quadrilhas e dos receptadores que estão atuando”, explica Nabak.

O baiano Maciel de Almeida, de 52 anos, já assaltado duas vezes, também reclama da falta de policiais. “Já cheguei a andar quase 600 quilômetros em rodovias do Brasil sem ver ao menos uma patrulha. Posto da PRF vazio tem por todo lado, mas policial dentro, quase nunca”.

Cenário preocupante

Para Luciano Medrado, consultor do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de Minas Gerais (Setcemg), o cenário atual é preocupante, agravado pela ausência de um banco de dados consistente. Segundo ele, o problema acontece porque até o ano passado Minas Gerais não tinha uma delegacia especializada para atender as ocorrências e realizar investigações sobre os roubos de cargas. “Todos os crimes dessa natureza entravam em uma vala comum de crimes contra o patrimônio”.

Para tentar descobrir a realidade e traçar ações para conter o roubo nas rodovias, o consultor coordena um grupo de trabalho formado pela Setcemg e pela Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de Minas Gerais (Fetcemg). As entidades, segundo Luciano, estão se reunindo desde julho do ano passado com representantes das categorias ligadas ao transporte de cargas e com as polícias militar, civil e rodoviária.


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