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Estado de Minas

Tragédia em Santa Maria faz prefeituras de cidades universitárias mineiras prometerem vistorias


postado em 29/01/2013 07:03 / atualizado em 29/01/2013 07:18

A tragédia em Santa Maria (RS) saltou aos olhos de moradores de cidades universitárias de todo o país, como Viçosa, na Zona da Mata, e Lavras, no Sul de Minas. Preocupados, os prefeitos desses municípios correram para tomar providências em reunião com o Corpo de Bombeiros e prometem vistorias urgentes para verificar as condições de segurança das casas noturnas.

“Acredito que esteja tudo bem em Viçosa, mas a gente sempre fica achando que essas coisas só acontecem com o vizinho e não conosco e não podemos confiar nisso. O perfil de Santa Maria é muito parecido com o nosso. Vamos inspecionar todas as boates até o fim da semana”, afirma o secretário de Governo da cidade, José Antônio de Oliveira, o Taffarel. Ele se reuniu com bombeiros e com a Polícia Militar para discutir medidas de prevenção de incêndio em casas noturnas e locais que sediam eventos festivos. Em Lavras, o prefeito aproveitou uma reunião que já estava marcada com os bombeiros e discutiu questões de segurança relativas a boates e festas universitárias e pediu novas vistorias.

“Todo mundo em Viçosa ficou assustado, porque aqui é uma cidade que tem muitos estudantes, tem festa segunda, terça, quarta, todo dia. Independentemente disso, somos rigorosos com condições de segurança, e sempre tomamos precauções e seguimos a legislação”, conta Taffarel.

O capitão Patrick Tavares Gomes, do Corpo de Bombeiros de Ubá, responsável por atender Viçosa, aguarda a conclusão da obra do batalhão que está sendo construído na cidade, a 60 quilômetros de Ubá, para que o atendimento seja mais eficiente. “Como a gente não tem uma estrutura fixa dentro do município, realmente a nossa presença maior é preventiva. Com grandes eventos a gente vai lá, mas hoje ficaria quase impossível de eu socorrer um acidentado”, admite. A previsão de inauguração da unidade é para o próximo ano.

Viçosa tem cerca de 70 mil habitantes e mais de 10 mil universitários somente na universidade federal , e, como Santa Maria, é um polo de conhecimento em agronomia e conhecimentos relacionados. Lavras conta com 90 mil habitantes e cerca de 9 mil estudantes universitários matriculados na Universidade Federal de Lavras (Ufla), também se destaca por seus cursos bem avaliados de agronomia, zootecnia, medicina veterinária e engenharia florestal.

INSEGURANÇA


Estudante do 9º período de agronomia da Ufla, Romildo da Silva Júnior, de 24 anos, relata que a maioria das festas universitárias da cidade são realizadas em repúblicas estudantis, mas afirma que há, sim, casas noturnas com problemas de segurança. “Em Lavras tem festa toda sexta-feira em uma boate de sertanejo e lá só tem uma portinha. Na cidade há poucas boates. Tem uma outra no Centro que também tem apenas uma portinha por onde as pessoas entram e saem. Na verdade tem um portão também, mas ele fica fechado. Se pegasse fogo lá não dava para sair”, diz.

Camila Oliveira Paranhos, de 22 anos, estudante de zootecnia da Ufla, também se preocupa com as condições das casas noturnas da cidade. “Essa tragédia poderia ter acontecido aqui, tem umas duas ou três boates na cidade que não são muito seguras”, diz ela.

Já o subtenente do Corpo de Bombeiros de Lavras, Rubens de Faria Júnior assegura que as casas noturnas da cidade estão em conformidade com a legislação, de acordo com as últimas inspeções. “Cumprimos o nosso papel aqui com rigidez. Hoje (ontem), a prefeitura já não deixou uma boate funcionar. O dono falou que ia abrir um restaurante, mas era uma casa de shows. Provavelmente ele deve ser processado por falso testemunho”, afirma.

A estudante de Educação Infantil da UFV, Paola de Castro, de 21 anos, diz que há uma boate na cidade que parece uma “caixa de fósforo”. Segundo ela, o local tem apenas uma porta e não tem nem janelas nos banheiros. “Ficamos muito abalados quando soubemos da tragédia. Temos uma boate aqui que se pegasse fogo aconteceria a mesma coisa, não teria como as pessoas saírem”, afirma.

DILMA COBRA FISCALIZAÇÃO

Durante encontro com centenas de prefeitos em Brasília, a presidente Dilma Rousseff (PT) pediu um minuto de silêncio pelos mortos na tragédia em Santa Maria. Emocionada, ela conclamou os chefes dos Executivos municipais a assumirem a responsabilidade de fiscalizar locais em que se aglomeram muitas pessoas. “Diante da tragédia, temos de assegurar que ela jamais se repetirá.” Dilma lembrou a visita que fez ao ginásio em que se encontravam as vítimas e disse que a dor era indescritível. “Eram jovens, tinham sonhos. Podiam ser nossos futuros prefeitos e prefeitas, presidentes e presidentas, cientistas, agrônomos, psicólogos e juízes. Eles podiam ser os filhos e netos de cada um de nós.”

Alvará no interior só com laudo

A apresentação do laudo de vistoria dos bombeiros é obrigatória para a concessão do alvará de funcionamento de casas noturnas em Divinópolis e Pará de Minas, Centro-Oeste do estado, segundo as assessorias das prefeituras. Considerada uma das maiores do estado, com três palcos para shows e dois DJs, além de 10 bares, a Boate Girus, em Pará de Minas, funciona há 24 anos e recebe uma média de 1,5 mil pessoas por dia nos fins de semana. A última vistoria dos bombeiros foi feita no fim de 2012 e a próxima está agendada para esta semana. “Verificamos se os equipamentos de segurança, como sinalização iluminada, e o próprio alvará de funcionamento estão em dia e se houve mudanças na casa”, explica o tenente Adelmo Francisco de Oliveira.

O tenente alerta que, antes de entrar em uma casa de show, o público deve ficar atento, observar se há saídas de emergência, se são sinalizadas e se existe projeto de emergência, com equipamentos hidráulicos instalados. “Qualquer casa noturna precisa ter no mínimo duas saídas de emergência que possibilitem a saída em um minuto. Isso significa que um lugar que tenha 1 mil metros precisa ter pelo menos três saídas de 2,20 metros de largura”, informa. A vizinha Divinópolis tem casas de shows, que também são vistoriadas periodicamente e estão com o alvará em dia. O proprietário da Hangar, Aquiles Alves Marçal Júnior, pretende pôr um brigadista na casa, que recebe cerca de 900 pessoas por dia nos fins de semana.

Já no Norte de Minas, 30 casas noturnas foram autuadas no ano passado. Em Montes Claros, três das sete boates têm pendências no Corpo de Bombeiros com medidas de segurança e saída de emergência. Segundo o comandante da Cia. de Prevenção e Vistorias da corporação, tenente Luiz Paulo Araújo, entre as exigências que ainda não estão sendo cumpridas pelas boates e casas de shows estão falhas na sinalização sobre as saídas de emergência e o uso de extintores, falta de corrimão contínuo, falta de piso antiderrapante e abertura correta das portas – sempre para o lado de fora do estabelecimento. Os proprietários das casas foram notificados e receberam prazo para se adequarem às normas. O tenente disse que, depois da tragédia de Santa Maria, a fiscalização será intensificada na cidade.


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