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Estado de Minas

Movimento quer acabar com eutanásia de cães

Organizações não governamentais pedem a criação de leis que garantam a vacinação e tratamento da doença


postado em 21/05/2012 07:09

Abaixo-assinado contra o sacrifício de animais recebeu o apoio da população na manhã de ontem(foto: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press)
Abaixo-assinado contra o sacrifício de animais recebeu o apoio da população na manhã de ontem (foto: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press)

Quando uma das seis cachorrinhas da casa teve o diagnóstico positivo para leishmaniose, a família da enfermeira Aliene Simões Passos, de 39 anos, entrou em desespero. “Nós amamos nossos bichos e por isso ficamos em estado de choque, sem saber o que fazer. Não sabíamos de tratamentos, vacinas, e a prefeitura (de Belo Horizonte) só marcou o dia de pegar a cachorrinha para matá-la (eutanásia)”. No dia marcado, nenhum dos quatro irmãos quis ficar em casa e restou ao pai entregar a mascote para o agente de zoonoses. “Só depois soubemos, não pela prefeitura, mas por outros meios, que há tratamentos e muitas formas de lutar pela melhora do cão”, disse Aliene, uma das pessoas que ontem registraram sua assinatura num abaixo assinado do Movimento Mineiro pelos Direitos Animais contra a eutanásia e a favor de tratamento e vacinação dos cães.

O movimento congrega organizações não governamentais e grupos de defesa dos animais e aproveitou o grande volume de pessoas na Feira de Artesanato da Afonso Pena, no Centro, para recolher assinaturas em apoio a projetos de lei nas esferas federal, estadual e municipal contra a eutanásia e por uma política que inclua tratamento, vacinação e controle do transmissor, o flebótomo ou mosquito-palha. “O Ministério da Saúde não considera a vacina, mas sua eficácia é de 85% a 95%. No entanto, continuamos com a eutanásia, que é uma política cara, ineficaz e que só é praticada no Brasil”, defende uma das coordenadoras do movimento, Adriana Cristina Araújo.

Os casos de leishmaniose visceral tratados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Belo Horizonte diminuíram 11% entre 2010 e 2011, caindo de 147 para 131. No entanto, a leishmaniose cutânea, cutâneo-mucosa e outros tipos da doença aumentaram 28% no mesmo período, passando de 50 casos para 64. Ainda assim, a eutanásia não é malvista apenas por quem possui um bicho de estimação. A aposentada Lourdes Maria Fiorentini, de 65 anos, não tem nenhum cão, mas diz achar a eutanásia radical e ineficaz. “Os animais são mais fiéis do que os homens e merecem ser tratados com seriedade e curados. Já tive muitos cães e eles eram amigos fiéis. Sou a favor de tudo que for relacionado à natureza”, disse.

A DOENÇA

O mosquito-palha mantém o ciclo da doença ao picar o cão infectado e depois o homem ou outros cães sadios. Prefere picar ao final da tarde e à noite, e suas larvas se desenvolvem em solo úmido e rico em matéria orgânica, sendo necessário remover lixo de quintais e lotes para reduzir sua reprodução. A maioria das pessoas infectadas desenvolve sintomas como febre prolongada, perda do apetite, emagrecimento, palidez, fraqueza e tosse seca, de dois a sete meses após o contágio. Com o passar do tempo, o fígado e o baço se tornam inchados. A leishmaniose tem cura e a pessoa deve procurar o centro de saúde mais próximo de sua casa para avaliação médica e tratamento com remédios custeados pela Secretaria de Estado da Saúde. Menores de 10 anos, adultos acima de 50 anos e doentes com baixa imunidade são mais vulneráveis.

A Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte considera que não há epidemia da doença na capital mineira, uma vez que há uma redução de número de casos, proporção de cães soropositivos e números de óbitos nos últimos três anos. Sobre a decisão de matar animais para controlar a doença, a secretaria informa que age seguindo normas do Ministério da Saúde. “Quando o exame der positivo para a doença, a indicação é de recolhimento para eutanásia”.


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