A engenheira civil Débora de Carvalho Monteiro, moradora da Rua Líbero Leone, bem que tentou barrar a festa comandada por Michel Teló, neste sábado, no Bairro Buritis, na Região Oeste de BH. Procurou os organizadores e apelou ao Ministério Público. Não conseguiu. A Campus Fest, calourada do Centro Universitário UNI-BH, vai mesmo movimentar a região com programação de vários shows a partir das 14h. Além do cantor de Ai, se eu te pego, que virou hit internacional, e os grupos Sambô e Virô Samba, seis bandas universitárias esperam reunir 8 mil pessoas no estacionamento bem em frente ao prédio onde mora a engenheira. "A rua vira um lixão, com árvores quebradas por causa do vandalismo", ressalta Débora.
Para Bruna Figueiredo Telles, de 27, moradora da mesma rua, os problemas vão muito além dos shows. São permanentes, provocados pelo caos no trânsito dos veículos dos alunos na rua estreita de seu condomínio, inclusive nos fins de semana, com a realização de concursos no câmpus da universidade. "Outro dia, num sábado, um professor de cursinho estava com um megafone antes das 7h. O síndico e eu fomos tentar conversar. Ele, irritado com a nossa reclamação, gritou que daria R$ 10 ao aluno que falasse mais alto. Um total desrespeito", indigna-se.
Suzana Dabess, de 29, já se programou para passar o sábado com o marido, Helbert, na casa da mãe, na Região da Pampulha. "O problema maior do caos na rua é para as situações de emergência. Se precisar levar a minha filha de 2 anos ao hospital, não consigo sair com o carro", reclama, dizendo que os motoristas que frequentam o UNI-BH não respeitam nem mesmo as garagens. De casa nova no Buritis, para morar perto do trabalho e não passar mais as quatro horas sofridas, diárias, no trânsito, a lojista buscava paz com a família e acabou encontrando nova tormenta.
Casado, Marcelo Kraft, de 29, acaba de voltar do México. Lá, durante dois meses, até no metrô o engenheiro só ouvia Michel Teló. "Lá, ele virou uma sensação. Chego aqui e fico sabendo que vai ter um show dele bem em frente a minha casa. Parece perseguição", lembra.
Renato Costa, comerciante e professor, faz coro em relação aos problemas de trânsito da região, mas observa que o UN-BH tem respeitado a Lei do Silêncio e não vai além das 22h. "Como a gente já sabe do movimento, tomamos todos os cuidados para ter o menor aborrecimento possível com o show", diz.
Defesa
Há 21 anos como produtor, Emilio Haddad, de 43, da DM Promoções, responsável pelo show de Michel Teló e companhia, não poupa o público e se diz assustado com a reação dos belo-horizontinos. "Estamos para receber a Copa do Mundo. Vamos ter cerca de 150 mil turistas na cidade. É preciso rever essa cultura dos shows nos espaços abertos. Nós, produtores, fornecedores, poder público, precisamos abraçar uma campanha para que o cidadão aprenda a lidar melhor com as praças e ruas."
Emilio reconhece a falta de educação de espectadores e garante se cercar de todas as precauções possíveis para evitar transtornos para a vizinhança. "No Saint Patrick, por exemplo, montamos uma força-tarefa no Parque das Mangabeiras e tudo correu muito bem", considera.
Para o evento no Buritis, Graziele Mendes, líder de marketing do UNI-BH, garante ter buscado todo o apoio possível da Polícia Militar e da BHTrans para que o impacto da Campus Fest seja o menor possível. "Algumas dessas comemorações fazem parte da vida dos universitários, como a calourada. Nossa primeira medida é uma agenda reduzida de grandes eventos. Procuramos garantir todas as obrigações legais. Conversamos com a associação dos moradores e promovemos campanha para que os alunos não venham de carro para o show", diz.
Publicidade
Moradores reclamam de show de Michel Teló em BH
Show do sertanejo, que deve atrair 8 mil pessoas ao Buritis neste sábado, provoca reação de moradores, que temem trânsito caótico, vandalismo e sujeira, como em outros eventos
Publicidade
