Policiais civis de Conselheiro Pena, no Vale do Rio Doce, passaram o dia dessa quinta-feira fazendo investigações em Ipatinga, no Vale do Aço, para tentar levantar informações a respeito da chacina na Fazenda Rancho Alegre, em Divino do Sul, distrito de Tumiritinga, onde cinco pessoas foram executadas a tiros por três homens terça-feira. Segundo o delegado regional de Governador Valadares, Ailton Lacerda, as diligências foram necessárias para confirmar se os depoimentos de dois dos suspeitos, que estão presos em Conselheiro Pena, são verdadeiros. “Eles negaram a participação na chacina e apresentaram um álibi. Nossa equipe foi para Ipatinga, já que eles moravam lá, conferir o que foi dito”, afirma o delegado. Outro suspeito está preso em Inhapim, onde a Polícia Militar prendeu os três, já que ele tinha mandado de prisão em aberto na cidade.
Ainda segundo o delegado responsável pela região de Governador Valadares, o adolescente Y.O., de 15 anos, filho da empregada Neide Modesto de Oliveira, de 35, uma das pessoas mortas, é peça chave no inquérito e por isso vai participar de um reconhecimento dos suspeitos. Ele estava no curral da fazenda Rancho Alegre no momento da chegada dos assassinos, mas foi poupado pelo bando e ficou trancado do lado de dentro da casa. “Esse reconhecimento será promovido como mais uma possibilidade de confirmar o envolvimento de qualquer um dos suspeitos na chacina”, diz o policial. O jovem está sob os cuidados do conselho tutelar de Tumiritinga.
Apesar de o outro sobrevivente do massacre, Nilton César dos Santos, de 42, ter reconhecido um dos presos como participante da chacina, outras informações estão sendo buscadas para legitimar a presença dele no massacre, já que a testemunha estava muito emocionada com a perda do pai e de dois irmãos e várias horas sem dormir.
As roupas pertencentes à Polícia Civil, que foram usadas pelos matadores, ainda não foram encontradas, segundo o delegado. O uso das camisas semelhantes às usadas por detetives, no entanto, segundo o delegado, não leva a polícia a acreditar em mais uma ocorrência envolvendo autoridades. “Nesse caso, acreditamos que foi uma maneira de desviar a autoria do crime, para escapar da captura”, disse Ailton Lacerda. Depois de dois dias de luto em Tumiritinga, a rotina voltou ao normal nessa quinta-feira, segundo a Polícia Militar. As escolas voltaram a funcionar e os moradores retomaram as atividades normais.