A elevação na pilha de inquéritos sobre crimes virtuais em Belo Horizonte acompanha os números que caracterizam o ambiente internet no Brasil, onde o acesso a computadores e à rede mundial em casa, na escola ou no trabalho está cada vez mais difundido. Dados do IDC Brasil, empresa de consultoria em telecomunicações com sede em São Paulo, mostram que o número de máquinas vendidas no primeiro semestre passou de 6,3 milhões em 2010 para 7,4 milhões no mesmo período deste ano, o que representa salto de 17,4%. A elevação nas vendas colocou o Brasil em posição de destaque na comparação com outros países. Atualmente, os brasileiros ocupam o 3º lugar no ranking, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos.
Aliado à popularização das máquinas, o valor pago em pacotes de internet banda larga caiu, o que fez o número de internautas crescer, especialmente nos últimos três anos. A banda larga também ganhou mais espaço nos lares e instituições brasileiras. De 28,2 milhões de acessos feitos com esse tipo de conexão nos primeiros seis meses de 2010, o Brasil saltou no mesmo intervalo deste ano o total de 43,7 milhões de acessos.
O policial, porém, admite que a ausência de legislação para determinados crimes cometidos apenas no ambiente virtual reforça a sensação de impunidade. Apesar de o Projeto de Lei 84/99, que tipifica os crimes virtuais, estar em tramitação no Congresso Nacional, fraudes como invasão de sites e violação de e-mails são arquivados por serem delitos restritos à rede e ainda não alcançados pela legislação vigente.
Smartphones Mariano Sumrell, diretor de Marketing da AVG Brasil, empresa que comercializa softwares de segurança, alerta que os cuidados para o uso seguro da internet devem evoluir com a tecnologia. Segundo o executivo, com o aumento dos acessos de tablets ou smartphones, os usuários têm a falsa sensação de que não precisam se proteger, já que a rotina de fazer o download dos softwares de segurança ainda não é comum nesses dispositivos. "Muitos acham que os smartphones não têm antivírus, mas estão enganados. Esses programas existem e são indispensáveis para manter a segurança dos equipamentos. Os telefones inteligentes ou os tablets são pequenos computadores", explica Mariano.
O especialista em segurança virtual também chama a atenção para a configuração de redes sem fio, conhecidas como wi-fi. "Nesses casos, é importante ativar uma senha e escolher a opção criptografada, que garante maior segurança para os usuários", conta. Para a navegação em geral, independentemente da ferramenta ou dispositivo usados, recomendações simples podem evitar problemas. "O ideal, mesmo que seja complicado, é usar uma senha para cada serviço. Essa medida protege os outros serviços caso uma senha seja quebrada. As pessoas também devem ficar atentas aos e-mails. Bancos, por exemplo, nunca enviam aos clientes informações por e-mail. Portanto, ignore esse tipo de mensagem. Sem dúvida alguma, é um vírus que vai danificar seu computador", conclui.
Prejuízos para bancos
Levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mostra que o prejuízo das instituições bancárias nos primeiros seis meses deste ano somou R$ 685 milhões, contra R$ 504 milhões registrados no mesmo período de 2010, o que representa um crescimento de 36% em relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com a federação, o aumento se deve ao uso crescente dos meios eletrônicos como forma de pagamento, à falta de uma legislação que iniba o avanço da ação dos criminosos, com punições efetivas, e ao descuido de alguns usuários em relação a procedimentos de segurança. A fraude ocorre porque, ao ser iludido, o cliente informa seus códigos e senhas a estelionatários, além de não adotar as medidas recomendáveis de segurança nos seus equipamentos, como instalação de antivírus, sistemas operacionais legítimos, firewall etc.
