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Estado de Minas

Incêndio destrói 75% da área verde do Parque da Serra do Curral

Fogo consumiu flora e fauna do símbolo da capital mineira


27/09/2011 06:00 - atualizado 27/09/2011 06:24

(foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)


Uma imensa marca cinzenta se alastrou pelo símbolo de Belo Horizonte. Protegida pelo patrimônio em níveis estadual e federal, a Serra do Curral, um dos principais cartões-postais da cidade, na Região Centro-Sul, não resistiu às chamas e perdeu, em dois dias, nada menos que 40 hectares de mata. Antes mesmo de ser implantado e aberto à visitação, o parque municipal que leva o nome do maciço perdeu 30 hectares, ou 75% de sua área, segundo o gerente da unidade, André Funghi. O vizinho Parque das Mangabeiras não escapou e teve 10 hectares consumidos. Não é possível estimar a quantidade de animais, entre eles répteis, mamíferos e aves, que morreram nas chamas ou fugindo delas.

O fogo começou às 12h30 de domingo e foi criminoso, segundo testemunhas. A engenheira Andréa Angelini de Oliveira, que mora em frente ao paredão da serra, andava de bicicleta no momento em que as chamas começaram, na Avenida José do Patrocínio Pontes, e conta que viu um grupo de seis adolescentes incendiando o capim seco, numa parte mais alta. Ela e os vizinhos chamaram a polícia, mas os menores conseguiram fugir.

Uma sequência de falhas e deficiências contribuiu para a destruição. Os bombeiros encerraram os trabalhos de combate na noite de domingo e somente às 10h dessa segunda-feira recomeçaram, usando apenas um helicóptero. Os canhões d’água instalados em 2003 tampouco adiantaram. São apenas dois, para 16 pontos de aspersão. Nessa segunda-feira, eles foram acionados somente às 10h50, em áreas já queimadas.

Às 7h30, o fogo já havia consumido a vegetação da metade do paredão da Serra. Pássaros se refugiavam nas árvores do canteiro central e quintais das mansões da Avenida José Patrocínio Pontes, no sopé da serra. Às 8h30, 23 brigadistas do Parque das Mangabeiras se posicionaram no meio do mato, com bombas costais, chicotes e um caminhão-pipa, para tentar barrar a linha de fogo que se aproximava da avenida. Eles denunciaram que apenas um canhão de água funcionou no domingo, e que de nada adiantou. O Estado de Minas teve acesso a um dos equipamentos, que está enferrujado e pichado. Ao lado, embalagens de cigarro em meio ao capim seco reforçam a denúncia de moradores sobre a falta de segurança e de fiscalização.

O diretor de parques da área Sul de Belo Horizonte, Homero Brasil Filho, confirma a versão de que o incidente foi provocado por vândalos. Segundo a moradora que testemunhou o início das chamas, houve demora para começar o combate e as chamas se alastraram rapidamente. “O fogo estava pequeno e alguns moradores até tentaram apagá-lo, mas, até o Corpo de Bombeiros chegar e armar o esquema, o estrago já estava feito”, denunciou.

O presidente da Associação dos Moradores do Bairro Mangabeiras, Marcelo Marinho Franco, considera que o incêndio se deve à negligência de quem deveria proteger a serra. A rede hidráulica instalada há alguns anos pela mineradora MBR no topo da serra, área hoje de responsabilidade da Vale, foi, segundo Marcelo, resultante de uma iniciativa das comunidades locais com o apoio do Ministério Público estadual. “No entanto, durante o incêndio, somente duas funcionaram e, mesmo assim, somente quatro horas após o início das chamas”, denunciou.

Ainda de acordo com Marcelo Marinho, o Corpo de Bombeiros chegou com guarnição insuficiente. “Não tinham um canhão hidráulico, portavam mangueiras de pequeno diâmetro, apresentavam insuficiência de contingente. Um helicóptero, de fundamental importância no combate ao fogo, não estava disponível. Cabe a indagação: o que é feito com os recursos arrecadados com a Taxa de Incêndio?”

Vale

A assessoria de imprensa da mineradora Vale informou que o equipamento de combate a incêndio instalado na Serra do Curral em 2003 não fez parte de nenhum acordo ou imposição, mas de uma deliberação da própria empresa responsável. “O sistema foi construído para apoiar o combate ao incêndio, atribuição que é do Corpo de Bombeiros”, informou a empresa, por meio de sua assessoria.

A mineradora sustenta que os equipamentos são manuseados por brigadistas da empresa e que desde domingo eles trabalham na Serra do Curral. Os dois canhões d’água usados em 16 pontos de aspersão devem ser deslocados, dependendo da necessidade. “Uma vez por semana, os canhões são disparados para molhar o terreno, mesmo quando não há incêndio”, informa a Vale. A água é bombeada da cava da Mina de Águas Claras, que fica atrás do paredão da serra.


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