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Estado de Minas

Censo da Educação Superior aponta crescimento do ensino à distância

Retrato da educação em faculdades e universidades mostra que crise e cortes vêm impulsionando cursos não presenciais


postado em 01/09/2017 06:00 / atualizado em 01/09/2017 08:07

Câmpus Pampulha da UFMG: instituições mineiras perderam quase 10 mil alunos em cursos presenciais entre 2015 e 2016 (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Câmpus Pampulha da UFMG: instituições mineiras perderam quase 10 mil alunos em cursos presenciais entre 2015 e 2016 (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Universitários estão trocando os quadros nas salas das faculdades pela tela do computador que há dentro de casa. É o que aponta o Censo da Educação Superior 2016, divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Em um cenário de crise econômica e restrição no financiamento estudantil, muitos estudantes têm optado pela educação a distância em detrimento da presencial. Ano passado, os números de novos alunos na modalidade mais tradicional de ensino caiu 3,7% em todo o Brasil. Já no aprendizado on-line, o aumento foi de 21,4%. Em Minas Gerais, as salas de aula também ficaram mais vazias.


O número de matrículas presenciais e a distância no país registrou leve aumento entre 2016 e 2015. No ano passado, foram 8.052.254 inscrições, contra 8.027.297 no ano anterior – aumento de 0,2%. Mas o crescimento vem desacelerando, se comparado aos últimos anos. Entre 2006 e 2016 houve aumento de 62,8% na quantidade de inscrições na graduação, com média anual de 5% de crescimento.

Nos cursos presenciais, as novas matrículas somaram 2.142.463 no ano passado. Em 2015, eram 2.225.663. A queda foi de 3,7%. O grande salto foi na graduação a distância. Há dois anos, 694.559 universitários ingressaram nessa modalidade de ensino. No ano passado, a quantidade de novos estudantes subiu para 843.181.

Minas Gerais também registrou perda de alunos na educação presencial. Eram 677.478 em 2015 e, no passado, houve redução de 1,4%, passando para 668.051. Não foram divulgados os demais dados para os estados. De acordo com o Inep, o detalhamento do Censo só deve ser disponibilizado em 40 dias.

O freio na educação superior já havia sido detectado no Censo de 2015. Naquele ano houve queda no número de novas matrículas no país pela primeira vez desde 2009, reflexo dos cortes na educação, incluindo a diminuição no número de contratos firmados pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Foram mais de 2,9 milhões de novos estudantes nas instituições de ensino superior brasileiras, sendo 81,7% em instituições privadas. Na comparação com 2014, a redução de ingressantes foi de 6,1%, perda de 190.626 alunos.

O professor Rudney de Castro, de 30 anos, começou a segunda graduação em uma instituição particular de Belo Horizonte e optou, depois de dois semestres, pelo ensino a distância. A experiência e a situação financeira pesaram na decisão. “É muito importante ir para a sala de aula para fazer o primeiro curso, porque, mais que o conhecimento, é preciso ter contato com outras pessoas. Apresentar trabalho na frente dos outros, por exemplo, é algo interessante para se preparar profissionalmente e para criar uma relação com o outro”, diz. “A pessoa que opta por uma segunda graduação tem um foco diferente, já passou pelo ritual e é complicado ser colega de um menino que acabou de sair do ensino médio.”

O custo menor é outro atrativo, muitas vezes decisivo, para quem decide entrar diretamente para o ensino a distância ou mudar de um para outro. “É mensalidade, dinheiro de passagem, xerox, sem contar o tempo de deslocamento. Além de a mensalidade ser bem mais baixa, não tem esses gastos”, afirma Rudney Castro. Ele, no entanto, destaca o que pesa contra e diz que, se tivesse condições para trabalhar e estudar, voltaria para a sala de aula: “A educação não é um produto final, é o meio. E faz parte da dinâmica ter contato com os colegas e o professor para discutir informações. No ensino a distância não há interação. Você ouve, faz trabalhos, entrega. É simplesmente a matéria e, para a pessoa que está se graduando pela primeira vez, não é bom”.

De acordo com o Censo, o Brasil tem ao todo 197 universidades, que equivalem a 8,2% do total de instituições de ensino superior e concentram 53,7% das matrículas em cursos de graduação.Os cursos de bacharelado mantêm predominância na educação superior brasileira, com uma participação de 69% das matrículas. Os cursos de licenciatura tiveram o maior crescimento (3,3%) entre os graus acadêmicos em 2016 na comparação com 2015.

Lista de presença

Educação superior em 2016

Brasil
Matrículas (presenciais e a distância) 8.052.254

Novas matrículas
Presenciais     142.463
A distância     843.181

Minas Gerais
Matrículas (presenciais)
2015     677.478
2016     668.051

Fonte: MEC/Inep


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