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Estado de Minas

Apoio da família, da escola e orientação profissional ajudam na escolha da carreira

É possível tornar o processo de escolhas menos angustiante. Especialistas refletem sobre o que pode ajudar nesses momentos


postado em 17/10/2015 06:00 / atualizado em 14/10/2015 19:15

Com o apoio da coach Maria Antônia Oliveira (D) e a participação ativa da mãe, Mônica, a decisão de Helena pela publicidade foi mais tranquila(foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)
Com o apoio da coach Maria Antônia Oliveira (D) e a participação ativa da mãe, Mônica, a decisão de Helena pela publicidade foi mais tranquila (foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)

Às vésperas do Enem, não é raro encontrar jovens com conteúdo estudado, mas ainda em dúvida com a razão da existência do Exame Nacional do Ensino Médio: a formação profissional. Muitos ainda não sabem sua área de interesse exatamente, porque a conclusão do ensino médio representa não somente o fim de uma etapa acadêmica, mas também a definição da carreira. “Cada vez mais, o jovem, absorvido por tantas demandas, sabe muito do mundo exterior e pouco de si mesmo”, alerta a coach Maria Antônia Oliveira, do Centro de Orientação Profissional. Dificilmente, esses momentos – ir bem na prova e escolher para que isso servirá – vão se separar, mas é possível torná-los menos angustiantes. Família e escola têm papel essencial, mas nada adianta se o futuro profissional não se voltar para si mesmo antes.

Mas como? Segundo Delba Barros, professora do Departamento de Psicologia e Coordenadora do Programa de Orientação Profissional da Universidade Federal de Minas Gerais (POP/UFMG), as pessoas ainda imaginam que o processo é fundamentado em testes, apesar de a característica mais importante da orientação profissional atual ser proporcionar, acompanhar e ajudar o estudante a refletir. “Ele precisa pensar quem ele é, do que ele gosta, quais são de fato seus interesses e suas habilidades, como é sua personalidade, o que lhe chama atenção de forma particular”, sugere Delba, para só depois conhecer também as áreas pelas quais se despertou, o mundo de trabalho onde se imagina. “Não dá para pensar o externo sem antes ter um bom referencial do interno. A boa escolha é um casamento harmonioso desses dois lados”, defende.

CLAREZA Helena Luttembarck, de 17 anos, acaba de passar por esse processo e de decidir ser publicitária. A escolha foi acompanhada de perto pelos pais e guiada por uma especialista. “Sempre fui indecisa nesse aspecto. Já pensei em fazer praticamente todos os cursos que se podem imaginar. Meses atrás, não sabia, por exemplo, se seria humanas ou exatas. Sempre que pensava em seguir uma carreira, vinha a certeza de que era aquilo que queria fazer, até chegar a semana seguinte e ter clareza de que era outra coisa”, brinca a estudante, um exemplo do que se passa na vida de jovens frente a essa decisão. Com o coaching, ela percebeu que poderia usar suas habilidades e interesses em sua futura profissão. “Sou criativa, então, uma carreira que use isso aumenta minhas chances de ser bem-sucedida e de gostar do que faço”, acredita Helena.

Visitar uma agência de publicidade e perceber um pouco da rotina desses profissionais foi uma das etapas. Para Maria Antônia, que acredita que a assertividade depende de quão profundo foi o processo de se conhecer, é por esse motivo que os testes vocacionais são importantes, desde que incorporados a conversas, busca de conhecimento do jovem e pesquisa de profissões. No coaching de profissão, com o qual trabalha, são combinados testes e técnicas de orientação profissional e da psicologia positiva, além de vivências de autoconhecimento e de programação neurolinguística. Mas tão importante quanto é o processo em que o jovem parte para a pesquisa da grade curricular das profissões de afinidade, a conversa com profissionais das áreas, a busca pelas informações necessárias para escolher a profissão com aquilo que descobriu sobre si mesmo.

Para Delba Barros, coordenadora do Programa de Orientação Profissional da UFMG, o estudante tem que se conhecer para optar por qual caminho trilhar(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Para Delba Barros, coordenadora do Programa de Orientação Profissional da UFMG, o estudante tem que se conhecer para optar por qual caminho trilhar (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

Mudança de planos


A dúvida era entre relações internacionais e direito, mas prestes a encerrar seu processo de orientação profissional, conduzido por uma psicóloga, Maria Vitória Arantes Mazão, de 17 anos, aluna do Pitágoras Cidade Jardim, deve mesmo fazer é jornalismo. Isso reflete uma realidade que Beatriz Vilas Boas Marprates, orientadora educacional do ensino médio no colégio, vê todos os anos. Segundo ela, há pelo menos três tipos de alunos: os certos do que querem, aqueles em dúvida entre um curso e outro e aqueles muito indecisos. Para os dois últimos, passar por um processo de orientação é essencial, mas a especialista acredita que o processo seja importante até para aqueles que não julgam ter dúvidas. Porque eles não experimentaram ainda um processo de autoconhecimento, e nele tudo pode mudar.

Maria Vitória percebeu que a escolha por relações internacionais era uma influência da irmã, que faz o curso. “Quando vi a grade, percebi que não tinha nada a ver comigo. E aí me assustei, porque era algo praticamente claro até então”, conta Vitória. A família pode colaborar ou atrapalhar muito o processo, principalmente quando pressiona seus jovens a seguir a carreira que ela escolheu para eles. A pedagoga Mônica Lima, mãe de Helena, esteve ao lado da filha durante suas dúvidas, até a decisão pela publicidade. “Não é a profissão que queria, mas confio muito no talento dela. Não adianta ela fazer o que não quer e depois não se realizar. O papel dos pais é orientar e ajudar, ponderar sobre os prós e contras, mas nunca pressionar. É um momento de muita ansiedade para eles. Achei bem sofrido.”

ACOLHIDA Estudiosa das tendências em orientação profissional, a professora da UFMG Delba Barros chama a atenção para habilidades comuns na família, que, por isso mesmo, podem passar despercebidas. “Às vezes, todos são tão organizados que o jovem nem percebe que aquela é uma habilidade que o diferencia.” A especialista também preocupa-se com o foco exacerbado das escolas no conteúdo, que pode afastá-las de um papel essencial de fomentar o processo reflexivo desde o início da formação. Os professores, nos quais os alunos se espelham, devem estar atentos. “À escola caberia promover discussões e conversas sobre o mundo das ocupações”, sugere. Beatriz defende acolhida a esse jovem, pois é na escola que ele vive toda a pressão do último ano, a expectativa pelo Enem. (CC)


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