Os professores do Chromos comentaram as provas do Enem 2014 neste domingo. Na Matemática, consideraram que as questões do segundo dia do exame variaram entre fáceis e médias. Na Linguagem, a prova ficou mais "pesada" porque cobrou bastante gramática. O tema da redação foi “Publicidade infantil em questão no Brasil”, reforçando a tendência das últimas provas e cobrando um posicionamento cidadão dos candidatos.
Para o professor Guilherme Camargo, a prova de Matemática, seus códigos e tecnologias se caracterizou pela mistura entre conceitos clássicos e interpretação de texto. Segundo ele, ao contrário do senso comum sobre o exame nacional, a prova cobrou conhecimentos matemáticos e até mesmo o uso de fórmulas, como em questões de análise combinatória e geometria.
Em outra questão, sobre probabilidade, era solicitado ao candidato avaliar a eficiência de um teste para encontrar pessoas saudáveis. De acordo com o professor, o enunciado deixou claro que exigia apenas a probabilidade de pessoas doentes, mas muitos candidatos podem ter usado uma fórmula geral para resolver a questão, cometendo um erro.
Por fim, o professor destacou a leitura atenta do enunciado como a chave para a prova de Matemática. Ele disse que a prova 2014 alternou bastante os temas em relação ao ano anterior, mostrando que o exame tem diversidade de assuntos. Em 2013, por exemplo, foi cobrada uma questão sobre matriz e este ano, o exame investiu em geometria analítica.
Segundo a professora Ana Carmelita, a prova de Linguagens, seus códigos e tecnologias se diferenciou dos outros anos porque cobrou mais questões de gramática envolvendo compreensão verbal, pronominal e conjunção. “A gramática tem ganhado espaço maior na prova”, comenta. Para ela, a prova ganhou um “corpo mais pesado” e foi mais "puxada" nesta edição.
Um dos motivos para a prova ter ficado “mais pesada” é que nas questões interpretativas, o candidato precisava ter também um conhecimento técnico, que vai além da compreensão do texto. O aluno precisava conhecer recursos intertextuais, figuras de linguagem e funções da linguagem.
Em 2014, a prova também privilegiou pouco os textos não verbais (charges e imagens), investindo em textos médios. O resultado é um exame um pouco mais cansativo, conforme avaliou Ana Carmelita. Segundo ela, o tema gênero linguístico foi bastante cobrado este ano.
A professora destacou a questão muito comentada nas redes sociais pelos candidatos: uma charge criticando o excesso de selfies na sociedade atual. No enunciado, havia o desenho de um robô fazendo o autoretrato em marte. A questão virou piada na web, mas provou, mais uma vez, que o Enem está antenado com o cotidiano e com as redes sociais.
Por fim, a professora destacou a questão que mostrava a música sertaneja como preferência nacional – diferente do senso comum de Brasil como país do samba. Para Ana Carmelita, este enunciado mostra que a prova não se restringiu apenas ao modernismo na literatura, teve também música contemporânea. Além de quebrar um paradigma, a questão trouxe uma informação curiosa aos candidatos.