Ser ou não ser professor? A dúvida que paira na cabeça de vestibulandos reflete depois no número de matrículas no ensino superior nos cursos de licenciatura. Muitos, na hora de marcar a opção, acabam desistindo. Rodrigo Carvalho, de 18 anos, vive essa realidade. Ele se prepara para fazer o Enem e pensou em seguir os passos da mãe, professora de português. Eles dividem o mesmo gosto pela literatura e pela escrita, mas Rodrigo desistiu do curso de letras ao ver a mãe sempre estressada, dobrando turno para conseguir ter um salário melhor. “Ela voltava para a casa muito desgastada. Durante toda a vida acompanhei o esforço dela, mas é uma profissão sem muito reconhecimento”, disse. Agora, ele decide se vai tentar vaga em jornalismo ou relações públicas, cursos de bacharelado.
Mas há quem se encoraje para enfrentar o mercado e deixar a vocação falar mais alto. Bruna Souza Rodrigues, de 17, tinha dúvidas se cursava história ou direito. Ouviu críticas, mas decidiu seguir o que chama de “amor pelas descobertas” e vai cursar história. “Meus pais colocaram os prós e contras das duas carreiras, mas na escola todo mundo ficou chocado. Dizem que sou corajosa e até hoje escuto críticas. Acho que o mais importante é gostar do que faz, é o profissional que trilha seu caminho.”
Nem a concorrência pequena, de três candidatos por vaga, em média, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a faz reduzir o ritmo de estudos. “Sei que há preconceito com o professor que dá aula na rede pública, as escolas estão em péssimas condições e o esforço não é recompensado. De maneira geral, é uma profissão desvalorizada, mas melhor que dinheiro é fazer com amor e vontade.”