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Estado de Minas

Tablet (ainda) não turbina aprendizado

Adotado há um ano por pelo menos três grandes escolas particulares do DF, uso do equipamento tem impacto tímido no desempenho dos alunos. Para especialistas, incorporar a tecnologia é inevitável, mas é necessário preparar professores e estudantes


postado em 04/06/2013 07:00 / atualizado em 05/06/2013 14:48

(foto: Monique Renne/CB/D.A.Press)
(foto: Monique Renne/CB/D.A.Press)
A possibilidade de ter acesso ao conhecimento e à informação a um ou dois toques encanta jovens e adultos. Com tablets à mão, é possível organizar calendários, ver e-mails, entrar em redes sociais, consultar a internet, ler e até jogar. Mas justamente no ambiente em que os primeiros conceitos científicos são ensinados — as escolas —, educadores e estudantes travam os maiores debates sobre a incorporação dos equipamentos. A eficiência deles na rotina e a melhor maneira de incorporá-los ainda são motivo de pesquisa e estudo. A unanimidade está na ideia de que a tecnologia não pode mais ser deixada longe da sala de aula.

Há um ano, pelo menos três colégios particulares do Distrito Federal tomaram a dianteira e elaboraram formas diferentes de inserir o computador portátil no cotidiano escolar. Depois de um período de testes e avaliações, a conclusão da maioria das instituições e de especialistas é de que os equipamentos são recursos importantes, mas ainda não influenciam diretamente o desempenho final dos estudantes. Nesse caso, não seriam decisivos para a aprendizagem. As escolas públicas estão um passo atrás no uso das tecnologias. A rede sob responsabilidade do governo deu início aos projetos de modernização neste ano (leia na página 20).

No Colégio Marista, a direção preferiu trabalhar com uma turma piloto em 2012, no 1° ano do ensino médio. Ao mesmo tempo, criou uma forma de controle para comparar os resultados. Durante o período avaliado, os estudantes do primeiro grupo receberam um tablet da escola. O equipamento ficou sob os cuidados dos adolescentes. Os professores tinham uma porcentagem mínima de uso do tablet a alcançar. O outro grupo teve aulas com o mesmo corpo docente, mas no modelo tradicional.

Motivação, resultados, notas, disciplinas e outros aspectos passaram a ser analisados com mais cautela e reuniões periódicas foram marcadas com pais, alunos e professores. “Não houve impacto negativo nem positivo no desempenho dos alunos. As duas turmas terminaram o ano com notas similares”, avalia a diretora educacional do colégio, Andrea Studart.

Em 2013, a instituição decidiu reorganizar o projeto. Agora, os aparelhos ficam na instituição e qualquer mestre interessado pode levá-los para a sala de aula, seja qual for a turma ou o ano. “O foco é o professor e não mais o aluno, como em 2012. Todos eles estão fazendo cursos semipresenciais de letramento digital, porque percebemos que toda a responsabilidade recai sobre eles”, explica Andrea. O Marista comprou 80 tablets para emprestar aos alunos. Alguns usam os pessoais. No total, a escola investiu R$ 900 mil desde 2011 com estrutura física, equipamentos e capacitação dos profissionais.

Professor de biologia do Marista, Lúcio Bravin apoia o uso do aparelho como um diferencial do livro didático. Para isso, no entanto, o docente precisa dispensar mais tempo para cada aula. “Rotina, disposição física da sala e planejamento mudam muito. Você tem que refazer aulas que estavam prontas há tempos com outra modelagem. Além disso, tem de perceber quando o quadro é mais eficiente”, diz.

Em sociologia, o professor Leandro Grass, da mesma escola, encontra alternativas para apresentar conteúdos com os dispositivos móveis. “Exige mais criatividade, mas, com ela, temos recursos para usar em qualquer assunto. E ganhamos tempo. Podemos fazer pesquisas bibliográficas nas salas.” Cesar Berçott ensina geografia no Maristão. Para ele, o grande mérito é o debate em ambiente escolar. “O aluno checa um site e nos confronta. Isso muda a forma como ele te vê e é genial”, comemora.

Informação

A figura do professor muda diante do discípulo, inclusive a relação entre eles, aponta o diretor dos cursos de Tecnologia da Informação da Universidade Católica de Brasília (UCB) e estudioso do uso de novas tecnologias na educação Fernando Goulart. “O educador precisa transformar o cotidiano em sala de aula e tornar o aluno parte do processo. O conteúdo está disponível na internet. Se o orientador não for bem treinado, o estudante termina sobrecarregado de informação”, revela. Goulart defende que recursos multimídias precisam acrescentar algum tipo de emoção para tornar o conteúdo atraente.


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