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Estado de Minas EXPORTAÇÃO DE EXCELÊNCIA

UFMG vai investir R$ 20 milhões na construção de um centro de estudos internacionais

Unidade será destinada à a troca de experiência com instituições correlatas de países de quatro continentes


postado em 14/05/2013 06:00 / atualizado em 14/05/2013 07:59

Maquete do edifício que será erguido na Avenida Abrahão Caram, no câmpus Pampulha, numa área de 6 mil metros quadrados. No detalhe, interior do prédio(foto: UFMG/Divulgacao)
Maquete do edifício que será erguido na Avenida Abrahão Caram, no câmpus Pampulha, numa área de 6 mil metros quadrados. No detalhe, interior do prédio (foto: UFMG/Divulgacao)

Do câmpus Pampulha, em Belo Horizonte, para o mundo. Uma das instituições de ensino superior mais importantes e conceituadas do país, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) se prepara para figurar entre as melhores do planeta, investindo pesado na internacionalização. A exemplo das grandes academias do mundo, ela aposta agora no seu próprio Centro de Estudos Internacionais, que será lançado sexta-feira. O objetivo é mostrar o Brasil, absorver culturas de outros países e desenvolver pesquisas conjuntas. O prédio, estimado em cerca de R$ 20 milhões, ficará pronto em, no máximo, 15 meses, e vai abrigar cinco centros para abrigar estudantes chineses, europeus, latino-americanos, africanos e indianos.

Há ainda espaço para um outro, a ser definido de acordo com o interesse dos parceiros – os Estados Unidos são um dos países de olho na cooperação. O núcleo africano já tem atividades em curso e o europeu será inaugurado na cerimônia de sexta-feira, ocasião na qual a universidade recebe 23 embaixadores da Comunidade Europeia. Com mais esse passo, a UFMG vai ampliar o processo de mobilidade, feito atualmente por meio de 332 convênios com 237 universidades parceiras, em 38 países. Ou seja, além de intensificar os programas de intercâmbio na graduação, haverá investimento forte em pesquisa e o incentivo a quem quiser estudar assuntos relacionados a esses núcleos. A expectativa é de aumentar também o número de alunos, professores e pesquisadores estrangeiros.

De acordo com o reitor Clélio Campolina, a UFMG será a primeira do país a “profissionalizar” a internacionalização. “Normalmente, esse processo ocorre de maneira espontânea. É o aluno, por exemplo, quem escolhe para qual país vai, não decidimos isso. Agora, queremos institucionalizar esse processo e pôr os estudantes de uma área para conversar com os outros”, afirma. Mas ele deixa claro que os pesquisadores permanecerão em suas unidades e não serão substituídos. Cada centro terá cinco pessoas nomeadas, e cada um desses grupos um coordenador para ajudar a definir as propostas que forem apresentadas. De agosto a novembro estão previstas jornadas de estudos internacionais da China, América Latina, Índia e Europa, respectivamente. Esse passo é também importante no projeto para que a UFMG apareça entre as 200 melhores universidades do mundo, nos rankings internacionais. “O objetivo da universidade é conhecimento voltado para a sociedade. Mas o bom posicionamento (nessas listas) facilita o acesso às universidades estrangeiras e a atrair pesquisadores de fronteira. Vai aumentar a qualidade do conhecimento na UFMG e do benefício social, se o conhecimento for orientado para o interesse social”, destaca o reitor.

A edificação de quase 6 mil metros quadrados do Centro de Estudos Internacionais será construído perto do acesso à Avenida Abrahão Caram. Ele vai abrigar ainda a Diretoria de Relações Internacionais, o Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares e o Instituto Confúcio (para o ensino de mandarim). Haverá ainda equipamentos coletivos para o intercâmbio de informações e espaços de convivência que permitam, além da troca de experiências, encontros e diálogos entre os frequentadores. Os recursos já estão assegurados pelo Ministério da Educação (MEC).

Motivações

Clélio Campolina destaca as razões para essa nova era do câmpus. A primeira é o desenvolvimento acelerado das universidades brasileiras. O segundo é a mudança no cenário mundial, com a diminuição das distâncias nos tempos das comunicações avançadas. E o terceiro ponto é o processo de mudança global nos países e a reorganização da geografia econômica do mundo. No caso do centro africano, o reitor, que é também ex-presidente e atual vice-presidente da Associação de Universidades de Língua Portuguesa (Aulp) destaca o compromisso político, social e econômico com a África, a identidade cultural e histórica, além de o continente representar a nova fronteira de expansão do mundo. Com a China, a cultura milenar e o peso econômico e político foram decisivos na escolha. A UFMG já assinou convênios com instituições chinesas e conta agora com o tempo para ver os desdobramentos, uma vez que esbarra no protecionismo da nação asiática. “Não queremos ficar só na língua, mas também fazer pesquisas em outras áreas. Científica e tecnicamente é possível, mas temos que fazer o caminho, caminhando”, ressalta.

A conjugação geográfica, os traços culturais comuns e o desafio de ampliar a integração do Brasil com a América Latina são algumas razões para o investimento nesse centro. Já o europeu se justifica pelo fato de se tratar da matriz civilizatória, com forte presença nos padrões culturais, além da existência de uma expectativa quanto à reorganização europeia, que demanda repensar o continente e as relações com ele. A Índia também é considerada outra gigante do mundo. “É um país paradoxal, com parte da população vivendo num sistema precário, mas muitos prêmios Nobel, com uma fronteira científica impressionante. É um dos grandes parceiros no cenário mundial”, avalia Campolina.


Formação de mestres

O prédio do Centro de Estudos Internacionais da UFMG ainda não saiu do papel, mas os pesquisadores já estão a todo o vapor. Um dos exemplos é o que ocorre quando o assunto é a África, o primeiro núcleo a ser criado. Em junho, o câmpus Pampulha receberá autoridades governamentais brasileiras e africanas, além de reitores dos países de língua portuguesa, incluindo Portugal, Macau e São Tomé e Príncipe, para a reinauguração do centro. De 9 a 13, a jornada de estudos abre a série de reuniões marcadas para o segundo semestre sobre os outros países.

A UFMG se destacou ainda em nível nacional ao apresentar 30% do número total de projetos recebidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Pessoal (Capes), no edital lançado no fim de 2012 por meio do Pró-Mobilidade Internacional, programa para incentivar o intercâmbio entre professores e alunos das instituições que fazem parte da Associação de Universidades de Língua Portuguesa (Aulp). O resultado dos aprovados é esperado para os próximos dias. Algumas propostas envolvem a criação de cursos de engenharia civil e mecânica na Universidade Lúrio (UniLúrio), em Nampula (Moçambique), região de atuação da mineradora Vale. Foi elaborado projeto para criar as primeiras turmas de graduação, com a ajuda de professores e estudantes da graduação e do doutorado da UFMG.

Saneamento

Como não há professores da área na UniLúrio, será preciso enviar alguns docentes da UFMG para Nampula ou formar profissionais de lá aptos a darem as primeiras disciplinas, além de estimular jovens moçambicanos a virem a BH. Assim, serão montadas missões de trabalho (professores mineiros que viajarão por no máximo um mês) e de estudo (alunos de Moçambique fazendo disciplinas na UFMG e discentes de BH indo para a África como monitor, eventualmente).

Um projeto de saneamento será desenvolvido com a Universidade Eduardo Mondlane, na zona rural de Moçambique, onde há  ainda muitas mortes por cólera, devido à falta de saneamento básico, segundo o professor Valter Lúcio de Pádua, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG. A ideia é que a engenharia trabalhe com profissionais de saúde moçambicanos que atuam nessas regiões e, junto com a Eduardo Mondlane, ofereçam disciplinas, formem mestres e abram a oportunidade de criar o mestrado. Pádua ressalta a importância dessas pesquisas e da troca de experiências e criação de laços com outros países.


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