
Vinte e duas universidades brasileiras apresentaram 56 projetos no edital da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Pessoal (Capes), lançado no fim do ano passado, por meio do Pró-Mobilidade Internacional. O programa visa incentivar o intercâmbio entre professores e alunos das instituições que fazem parte da Associação de Universidades de Língua Portuguesa (Aulp). O resultado da seleção ainda não foi divulgado. As propostas são para o desenvolvimento de trabalhos no Timor Leste, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Guiné Bissau, Cabo Verde e Angola.
A UFMG tem 16 projetos, nas áreas de linguística, letras e artes, ciências humanas, engenharia, medicina, ciências da saúde e ciências agrárias. “Temos um compromisso social e político com os países africanos, além de uma identidade cultural e linguística”, afirma o reitor da universidade, Clélio Campolina, vice-presidente da Aulp. “Hoje há uma reorganização de geografia econômica e geopolítica que passa pela África. O Brasil precisa combinar o interesse social e político com o econômico”, destaca. Um dos exemplos é a cooperação internacional entre UFMG e Universidade de Lurio (Unilurio), em Nampula, para estrutura e consolidar um curso de engenharia mecânica no Norte de Moçambique. Na região, a mineradora Vale instalou a maior mina de carvão do mundo, está construindo uma ferrovia e fará um novo terminal portuário. A intenção da UFMG é estabelecer parceria com a Vale.
Outro projeto para dois anos de pesquisa, na área de educação física, se propõe a avaliar uma amostra de crianças entre seis meses e 12 anos em situação de risco de alterações ou atraso no desenvolvimento e outras fora de perigo, no Brasil e em Moçambique. Elas serão selecionadas em ambulatórios, postos de saúde, creches e escolas de ensino regular.
A coordenadora do projeto, Marisa Cotta Mancini, pró-reitora adjunta de Pesquisa e professora do Departamento de Terapia Ocupacional da UFMG, explica que serão avaliados a desnutrição, o impacto do desenvolvimento da criança e o efeito que isso tem a longo prazo. “Faremos a capacitação com testes padronizados e investiremos numa área muito desenvolvida na UFMG, que é a da reabilitação”, diz. A equipe tentará recursos para construção de um centro de reabilitação materno-infantil, que será o primeiro de Moçambique.
INTERCÂMBIO
Belo Horizonte sediará o próximo encontro da Associação de Universidades de Língua Portuguesa (Aulp), nos dias 10 e 11 de junho. Na ocasião, a Universidade Federal de Minas Gerais, que liderou todo o processo de cooperação entre as universidades africanas e brasileiras, inaugura o Centro de Estudos da UFMG. Estão convidados todos os reitores das universidades dos países de língua portuguesa, incluindo Portugal, Macau e São Tomé e Príncipe, entre outros.
