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Estado de Minas

Procura por reforço pedagógico aumenta 40% em Belo Horizonte

Tarefas escolares mais extensas e difíceis e pais preocupadas em ajudar os filhos motivam crescimento


postado em 04/04/2013 06:00 / atualizado em 04/04/2013 06:36

Natália Foscarini, com os gêmeos Lucas e Mateus: tardes de terças e quintas em clube de BH incluem acompanhamento escolar(foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)
Natália Foscarini, com os gêmeos Lucas e Mateus: tardes de terças e quintas em clube de BH incluem acompanhamento escolar (foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)

Volume e grau de dificuldade do para casa estão deixando pais e filhos de cabelos em pé. Nos últimos três anos, em apenas dois programas particulares de estudo e reforço executados na capital, o aumento do número de atendimentos auxiliares ultrapassou os 40%. Mais cobrança, mais conteúdo, mais conhecimento. Papais e mamães não reclamam. De olho no futuro e nas cadeiras das melhores universidades do país, desdobram-se sozinhos ou com ajuda por rebentos mais inteligentes e felizes. Para especialistas, tudo certo, desde que com bom senso e respeito aos limites de cada aluno. “Se por um lado falta tempo para as brincadeiras de criança, por outro, há maior domínio de tecnologias, conhecimentos gerais e consciência ecológica”, avalia Ercília Aparecida Machado dos Santos, de 47 anos, mãe de Otávio, de 15, Stella, de 11, e Sofia, de 8. Em casa, a regra é clara: primeiro, o dever. Depois, o lazer.


Vinda de São Paulo para morar em Belo Horizonte, a família de Ercília precisou se ajustar ao aperto ainda maior com as notas no Colégio Marista Dom Silvério, no Bairro São Pedro, Região Centro-Sul. “Na outra escola, a média era 6. Aqui, 7. Todo ano fica mais difícil. Agora, estão ainda mais apertados”, diz. Mãe dedicada, Ercília se desdobra para administrar o tempo dos deveres de casa e arranjar horários para as outras atividades dos filhos, como balé, teatro e natação. Na tarde de terça-feira, por exemplo, é dia de correria no fim das aulas de reforço de Sofia, no Minas Tênis, no Bairro de Lourdes, para buscar Stella no teatro, aluna do Centro de Formação Artística (Cefar) do Palácio das Artes, na Região Central. Dedicado, o trio não reclama. “Eles se cobram cada vez mais”, orgulha-se.

Para Lúcia Dutra Batista Dall’Acqua, de 58, educadora há 36 anos, os tempos de mais aperto não são resultado de excesso de tarefas para casa ou de mais “escolas conteudistas”. O que ocorre, segundo a especialista, é um novo perfil de aluno, cada vez mais curioso, exigente e com outras necessidades de conhecimento. Uma das responsáveis pelo Núcleo de Estudos Orientados (Neo), Lúcia trabalha em projeto de reforço pedagógico iniciado em 1999. Tamanho sucesso e demanda de auxílio, o que começou como suporte apenas para vestibulandos, hoje atende alunos a partir de cinco anos de grande parte das escolas públicas e particulares de Belo Horizonte.

Sem Estresse

Segundo a especialista, para evitar o estresse com os deveres de casa, o importante é ter organização e disciplina. É não deixar acumular exercícios ou trabalhos e, assim, otimizar o tempo dedicado às tarefas. “No auxílio, é necessário ajudar o aluno a analisar e pensar da forma mais correta possível. Procuramos desenvolver a análise com os estudantes e não fazer por eles”, explica. Lúcia traz ao assunto o bom desenvolvimento a partir da prática da escrita à mão. “Os movimentos que fazemos com o corpo quando escrevemos nos permitem uma experiência muito rica em vários sentidos. O que nem se compara com a ação técnica, repetitiva, de digitar num teclado”, avalia.

Érika Veloso de Barros Leite, mãe do casal Átila, de 8, e Ethel, de 10, gostaria que os filhos tivessem mais tempo para a infância. A publicitária reconhece o peso do volume de tarefas e lamenta não poder participar dos deveres de casa “tanto quanto queria”. A publicitária, no entanto, entende que o volume do para casa aumenta a consciência de deveres. “É importante. Conforme o aluno vai avançando na idade, o dever aumenta e as responsabilidades também”. Ethel, debruçada sobre os cadernos, pausa as tarefas e entra no assunto: “‘O preguiçoso trabalha em dobro’, diz sempre a professora Fátima. Não gosto de levar dever sem fazer para a escola de jeito nenhum”, ressalta.

Estudo além da sala de aula
“Meninos que fazem o para casa diariamente aprendem mais e tem melhor desempenho”. Quem afirma é a supervisora pedagógica do Colégio Santo Agostinho, Fernanda Fátima de Lima Moreira. Para a educadora, o dever de casa é importante ferramenta do conhecimento. “A rotina do estudo não acaba na sala de aula. Ela deve continuar em casa. A curiosidade do aluno não pode ser limitada à escola”, considera.  Nem de mais, nem de menos, as tarefas de casa, de acordo com a especialista, sistematizam, preparam e aprofundam conhecimento. “São a extensão da escola na vida em família do aluno”, avalia. Fernanda observa que o dever de casa dá ao aluno condições de se deparar com desafios pedagógicos fora da rotina das salas de aula. A educadora destaca ainda o valor das tarefas como importante elo entre os pais e a escola.

Para a enfermeira Natália Foscarini, de 42 anos, dever de casa é estudo para a vida. Moradora do Bairro Sion, na Região Centro-Sul, com três filhos no Colégio Santa Doroteia, ela acredita que dedicação importante é aquela sem sofrimento. Relembra os tempos de aluna do Instituto Alcinda Fernandes, quando aprendeu “técnicas de estudo”. “A gente aprendia a importância de saber estudar. Era com o professor Gilson. Não esqueço”, sorri.

Natália conta que procurou fazer com que o estudo em casa fizesse parte da rotina da família. Mãe de Cecília, de 9, e dos gêmeos Lucas e Mateus, de 7, a enfermeira passa as tardes de terças-feiras e quintas-feiras, das 13h50 às 18h, no Minas Tênis. Além de atividades esportivas, os filhos participam de programa especial de educação do clube em parceria com o Colégio Pitágoras.

Claudio Olivio Vilela Lima, Beatriz Fam e Viviane Alves Froes Iwashe estão à frente do acompanhamento escolar que, só no ano passado, realizou quase 12 mil atendimentos. São dois turnos com estagiários de pedagogia, letras e matemática à disposição dos 73 mil associados do clube. Viviane, analista de educação do Minas, acredita que o sucesso do serviço está na necessidade da família, que, no clube, não perde a “autonomia”.

Família Unida

“Todos os estagiários estão orientados para envolver os pais nos estudos dos filhos”. A analista reconhece que aumentou o nível de dificuldade e que os conteúdos se renovaram nos últimos anos. Beatriz, professora do Pitágoras e representante do colégio junto ao Minas, diz que o objetivo da parceria, além de promover e auxiliar conhecimentos, é de fazer com que o “para casa” se torne “mais leve, mais agradável”.

Com o tempo cada vez mais curto em função das exigências escolares, para Cláudio Olívio, o Minas tem procurado investir em combinação de resultado: lazer e educação. O educador destaca o Curso Básico de Esportes e o programa de acompanhamento escolar, entre outros projetos pedagógicos de sucesso do clube, propostas com foco na qualidade de vida e integração da família.

 


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