Depois do estresse enfrentado por pais e alunos nos últimos anos para conseguir uma vaga nos primeiros anos do ensino fundamental no Colégio Loyola, a instituição resolveu fazer parte da inscrição pela internet. No ano em que matriculou Felipe, de 8, no colégio onde já estudava o primogênito Francisco, de 12, o professor universitário Licínio Andrade Gonçalves, de 45, ficou com medo de não conseguir a vaga para o caçula. Ele lembra da fila enorme que teve de enfrentar e de que, por causa dessa concorrência, foi informado que muitos pais pagaram para alguém ficar no seu lugar durante a espera.
Atualmente presidindo a Associação de Pais do Colégio Loyola (APL), Licínio aprova a decisão de fazer a pré-inscrição pela internet. “Acaba o estresse da venda de vaga”, pontua. No entanto, ele soube de pais que à meia noite do dia anterior à data prevista para inscrição estavam a postos na Web para tentar uma vaga para os filhos. De acordo com ele, a primeira série do ensino médio é uma das que têm maior procura por alunos que vêm de outras instituições de ensino.
Como parte da seleção, o colégio também avalia o boletim escolar dos candidatos. “Boa parte não vai ser aprovada por causa de nota. Não é uma questão de elitizar, mas não dá para acolher com tranquilidade alunos que foram reprovados em outros colégios ou tiveram problemas disciplinares”, afirma Licínio.
Sacrificante
Para Emiro Barbini. presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais e Mestre em educação em matemática, pedagogia e gestão estratégica, o fato de algumas escolas particulares terem processos seletivos mais concorridos que vestibulares de algumas universidades é sacrificante para os pais, crianças é jovens. “Não conseguir entrar em uma escola é uma derrota que pode ficar marcada para o resto da vida. As instituições de ensino precisam estar atentas para amenizar essa situação”, diz.
Como solução, Emiro cita o exemplo de escolas particulares de São Paulo, nas quais os pais entram na lista de espera três anos antes. O especialista reconhece que a disputa acirrada por vagas na rede privada é um problema em todo o país. “Quando a rede pública não oferece ensino de qualidade, as escolas particulares se tornam a única opção para quem deseja que o filho tenha sucesso lá na frente. As escolas também icam reféns da situação de grande procura”, conclui.
Plano para a rede pública
As escolas da rede estadual de ensino de Minas Gerais que não têm bom desempenho no Ideb, no Proeb e no Proalfa, exames que avaliam a qualidade do ensino fundamental e médio, vão ser incluídas no Plano de Revitalização das Escolas, instituído ontem pelo governo do Estado. A proposta é adotar ações que melhorem a posição dessas instituições de ensino.
Uma das ações já previstas é a intensificação da presença de analistas do Programa de Intervenção Pedagógica (PIP) nessas escolas. Haverá a ampliação do Programa Aprofundamento de Estudos para auxiliar alunos com baixo desempenho e será feito o levantamento das necessidades de infraestrutrura para melhorar as condições de funcionamento. Outra ação será a instalação, na fachada externa de todas as escolas da rede pública estadual, de placas com os resultados do Ideb.
Também ficou definido que as escolas de melhor desempenho nas avaliações compartilhem suas experiências com as instituições que não apresentam o mesmo resultado. É o projeto “Compartilhar para Crescer”. Ainda ficou definida a instalação de placas com o resultado do ideb na fachada externa de todas as escolas da rede pública estadual.
Professores
O governador Anastasia também encaminhou mensagem à Assembleia Legislativa de Minas Gerais projeto de lei que regulamenta a questão do um terço da jornada para que os professores planejem as aulas. Também foram instituídos o Adicional por Extensão de Jornada e o Adicional por Exigência Curricular, com a possibilidade de incorporação desses benefícios à aposentadoria e assegurando o pagamento dos mesmos no período de férias regulamentares.