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Estado de Minas

Mineiros fazem contas pelo ouro na Olimpíada de Matemática

Dois estudantes de Minas, ambos de escolas públicas, integram a delegação brasileira que participa da disputa internacional na Holanda. Resultado sai nos próximos dias


postado em 20/07/2011 06:00 / atualizado em 20/07/2011 06:20

Maria Clara Mendes Silva (diante da placa que identifica o país), de Pirajuba, no Triângulo, e André Macieira Braga Costa (na ponta direita), de BH, sonham com o pódio, assim como seus colegas(foto: Arquivo Pessoal/Divulgação)
Maria Clara Mendes Silva (diante da placa que identifica o país), de Pirajuba, no Triângulo, e André Macieira Braga Costa (na ponta direita), de BH, sonham com o pódio, assim como seus colegas (foto: Arquivo Pessoal/Divulgação)

Os números levaram dois estudantes mineiros a cruzar fronteiras internacionais. Os adolescentes André Macieira Braga Costa, de 16 anos, e Maria Clara Mendes Silva, de 17, ambos estudantes de colégios públicos do estado, integram a equipe brasileira de seis jovens que disputam a Olimpíada Internacional de Matemática, em Amsterdã, na Holanda. André é aluno do 2º ano do Ensino Médio no Colégio Militar de Belo Horizonte, na capital, enquanto Maria Clara estuda na Escola Estadual Coronel Oscar de Castro, em Pirajuba, no Triângulo Mineiro. Desde o dia 16, eles estão na Europa em busca do sonho de ser medalhista na mais concorrida competição da área, que engloba cerca de 100 países. O grupo de brasileiros é formado por mais um aluno da rede pública, de Brasília, e outros três da rede particular, de São Paulo (SP), Florianópolis (SC) e Fortaleza (CE). O resultado da disputa deve sair nos próximos dias e o retorno dos estudantes ao Brasil será no domingo.

Nas provas da competição, os estudantes colocaram em prática o conhecimento acumulado durante anos de estudo nas áreas de álgebra, teoria dos números, geometria e análise combinatória. Eles foram testados em dois exames de três questões, com valor de sete pontos cada, aplicados nessas segunda e terça-feira, durante quatro horas e meia a cada dia. “Geralmente, a solução dos problemas requer mais criatividade, engenho e habilidade em matemática do que conhecimento de fórmulas aplicadas. O que é privilegiado é a habilidade de combinar conhecimentos”, explica a secretária-executiva da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), Nelly Carvajal.


Segundo ela, para chegar à concorrência internacional o aluno precisa ser medalhista na disputa nacional ao fim de cada ano, ser classificado em um processo seletivo que inclui provas e listas de exercícios, além de manter a pontuação da medalha conquistada na disputa brasileira. “Os mais bem colocados fazem parte das equipes internacionais formadas por seis alunos, que podem ser de escolas públicas ou privadas”, explicou a secretária.

Concentração

Para garantir presença no seleto grupo de alunos concorrentes da Olimpíada Internacional de Matemática, André e Maria Clara precisaram de muita dedicação. De acordo com o pai do garoto, horas a fio do dia são reservadas aos estudos e à solução de problemas de uma matemática classificada por ele como “muito diferente”. “Ele sempre foi bom aluno. Quando criança, repetia as histórias que contávamos, mas já percebíamos que tinha talento para matemática. Fazia contas com muita facilidade”, relatou o pai de André, o comerciante Fernando Braga Costa, de 56. Além da habilidade, Fernando conta que o filho se inspirou na mãe, a economista Geralda Célia Macieira Costa, de 49.


Mas foi há seis anos que o adolescente começou a pôr os conhecimentos à prova em olimpíadas. Em 2005, ele disputou a primeira competição nacional e hoje é medalhista por cinco anos consecutivos. “Ele merece chegar aonde chegou porque é um menino tranquilo, talentoso e muito dedicado. Tenho orgulho dele e estamos todos torcendo para que chegue vencedor mais uma vez”, vibra o pai. Conforme Fernando, André contou, por telefone, que os testes foram complicados. “Ele diz isso em todas as competições, mas volta vitorioso”, afirmou.

Pirajuba

De Pirajuba, município do Triângulo Mineiro com cerca de 4 mil habitantes, surgiu outra das integrantes da delegação brasileira da Olimpíada Internacional de Matemática. A estudante do 3º ano do ensino médio Maria Clara é medalhista nas competições brasileiras da categoria desde 2006. Mas, para fazer parte do seleto grupo de estudantes que viajou para Amsterdã, precisou de muito empenho. São pelo menos cinco horas de estudo diárias, que podem chegar a até 10 em épocas de provas. “Ela sempre sonhou em competir em provas internacionais, mas achava difícil. Então, em 2009, ganhou uma bolsa e passou a fazer um curso mensalmente no Rio de Janeiro até conseguir se classificar”, contou a mãe da menina, a funcionária pública Maria Clara Mendes Silva, de 39.

Segundo ela, a filha sempre se mostrou talentosa em tudo o que fazia. “Sempre se destacou na escola e é autodidata. Aprendeu inglês sem professores, apenas assistindo a filmes e lendo livros. Hoje é fluente na língua. O hábito da leitura começou com o e hoje ela lê autores complexos, como o russo Dostoyevski”, disse. A relação com a matemática, conforme a mãe, se tornou um caso de amor. “Depois que se formar no Ensino Médio quer continuar na área. Disse que vai estudar em Harvard ou no MIT (Massachusetts Institute of Technology, nos Estados Unidos) e quer se especializar em mercado financeiro”, orgulha-se Patrícia.

A origem da disputa

A Olimpíada Internacional de Matemática é realizada desde 1959, e a primeira edição com a presença de brasileiros ocorreu em 1979. Com o objetivo de estimular o estudo da disciplina, influenciar na melhoria do ensino, além de descobrir jovens talentos, a disputa hoje envolve estudantes de mais de 100 países, que fazem provas em dois dias. Em cada etapa, os concorrentes resolvem provas com três problemas, que somam o total de 42 pontos. Daí vem a expressão que se tornou o sonho de todo jovem olímpico, que é o de ser um “Ouro 42”. A primeira marca alcançada por um brasileiro nessa categoria foi conquistada em 1981, pelo professor Nicolau Saldanha, do Rio de Janeiro, hoje líder da Delegação Brasileira de Matemática.


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