Não é preciso estar matriculado em cursos de educação a distância para usufruir dos benefícios da modalidade de ensino que mais cresce no Brasil. A nova tendência nas universidades é aliar a tradicional graduação presencial com disciplinas virtuais. Os interessados na chance de maior flexibilidade nos horários de estudo, mais tempo livre para estágios e autonomia para o aprendizado já começam a entrar para as estatísticas do ensino superior. Apenas na PUC Minas serão cerca de 10 mil matrículas em 90 matérias on-line oferecidas a partir do próximo semestre. A ferramenta também conta com cada vez mais adeptos na pós-graduação. No Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH), por exemplo, ela está presente nos 36 cursos lato sensu.
Na lista das 90 disciplinas virtuais oferecidas pela PUC Minas para o “estudo casado” no próximo semestre há opções para os mais diversos cursos. No caso da administração, estudantes podem optar por matérias a distância ao longo da graduação, cujas mensalidades são até 30% mais baratas que as presenciais. Já o curso de direito tem todas as disciplinas optativas da grade curricular na modalidade virtual. E as turmas de engenharia de energia fazem os dois últimos períodos do curso via internet.
A estudante Isabella Corgosinho Tortorelli, de 24 anos, do 7º período do curso de administração, é uma das adeptas da nova tendência. Depois de interromper o curso para viver um ano na África do Sul, ela já fez oito disciplinas virtuais. “Para não atrasar muito minha formatura, resolvi puxar duas matérias por semestre. A vantagem é que posso estudar nos meus tempos livres, sem comprometer meu trabalho. Em contrapartida, o ensino a distância exige mais do aluno, pois precisamos de maior dedicação e disciplina para suprir a falta do contato diário com o professor”, descreve Isabella.
PÓS-GRADUAÇÃO No Uni-BH, os 36 cursos de pós-graduação presenciais lato sensu têm uma disciplina a distância – a de métodos e técnicas de pesquisa. Além disso, todo o acompanhamento do trabalho de conclusão do curso é feito virtualmente. A instituição abriu essa possibilidade de flexibilização para os estudantes há cerca de dois anos e planeja, para 2012, ampliar a oferta de matérias a distância dentro dos cursos tradicionais.
O aluno da pós em marketing e comunicação Moisés Ribeiro Quarto, de 23, confessa que teve de vencer o preconceito dos cursos virtuais para aceitar a opção pela matéria. “Culturalmente, estamos acostumados com aulas presenciais e achei que meu rendimento não seria bom. Me surpreendi, pois a cobrança também é séria e ainda tenho a chance de aproveitar melhor meus horários. Uso meu tempo de almoço e fins de semana para adiantar a matéria e ainda uso ferramentas como chats para debater o conteúdo e tirar todas as dúvidas da disciplina”, diz Moisés, que se desdobra entre a pós-graduação e os trabalhos em gestão de marketing numa empresa de distribuição de medicamentos.
Para evitar abusos e irregularidades na oferta do “estudo casado”, estudantes devem ficar de olho nas leis que regem as diferentes modalidades de ensino. Segundo o Ministério da Educação (MEC), no máximo 20% da carga horária de cursos presenciais podes ser oferecidos na modalidade virtual, ou seja, sem que professor e aluno ocupem o mesmo espaço físico. Além disso, parte das avaliações de desempenho dos estudantes deve, obrigatoriamente, ser aplicada presencialmente, em polos das universidades. O MEC também alerta os interessados para os cuidados com credenciamento dos cursos e das instituições de ensino pelo governo federal.
Saiba mais/ Fenômeno da década
O número de matrículas de ensino a distância (EAD) nos cursos de graduação cresceu 158 vezes ao longo da última década. Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), divulgados em janeiro pelo Estado de Minas, a modalidade de ensino com maior expansão no Brasil passou de 5.287 alunos no ano 2000 para 838,1 mil em 2009. Há 70 universidades, entre públicas e privadas, ministrando graduação a distância no país, e 68 instituições oferecem pós-graduação ou especialização on-line, de acordo com dados do último Censo da Educação Superior do MEC.