Por que comprar ingresso para show no Brasil é diferente (e mais caro)?
Uma análise comparativa dos mercados de eventos no Brasil, EUA e Europa; entenda as diferenças de preços, leis e a dinâmica das vendas globais
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A experiência de garantir um lugar em um show internacional no Brasil costuma vir acompanhada de uma frustração: os preços altos. A sensação de que o valor é desproporcional em relação a outros países é real e se baseia em uma combinação de fatores que tornam nosso mercado único e mais complexo do que os da Europa e dos Estados Unidos.
A jornada de uma grande turnê até o Brasil já começa com um custo elevado. A logística para trazer toneladas de equipamentos, equipe e artistas para a América do Sul é significativamente mais cara do que movimentar a mesma estrutura entre países europeus, por exemplo. Despesas com transporte aéreo, frete de contêineres e vistos de trabalho pesam no orçamento final do evento.
Além da distância, a estrutura de custos local adiciona outras camadas ao valor final do ingresso. A carga tributária brasileira sobre serviços e a flutuação do câmbio são variáveis que os produtores precisam considerar. Um dólar mais alto significa que o cachê do artista e os custos dolarizados da produção ficam mais caros em reais, impacto que é repassado diretamente ao consumidor.
A conta da meia-entrada
Uma particularidade brasileira que influencia diretamente os preços é a lei da meia-entrada. Enquanto em outros países os descontos são pontuais ou de responsabilidade do artista, aqui é um direito garantido por lei para uma parcela significativa do público. Para compensar a receita menor com esses ingressos, o valor da entrada “inteira” é calculado para cobrir essa diferença. A lei determina que 40% dos ingressos disponíveis sejam reservados para quem tem direito à meia-entrada, o que impacta diretamente a estratégia de precificação dos eventos. Na prática, quem paga o valor cheio subsidia parte do ingresso de quem tem direito ao benefício.
A dinâmica de venda também possui suas próprias regras. Empresas como a Ticketmaster operam globalmente, mas as taxas de conveniência aplicadas no Brasil estão entre as mais altas. Essas taxas, que podem representar uma parcela significativa do valor do ingresso, remuneram o serviço de venda online, mas a falta de concorrência no setor de grandes eventos impede uma pressão para que esses valores diminuam.
Esse conjunto de fatores, que vai da geografia à legislação, cria um cenário onde o mesmo show pode custar muito mais para o fã brasileiro. A estrutura de custos, as leis de incentivo e a própria economia do país transformam a compra de um ingresso em uma operação financeira bem diferente da vista em outras partes do mundo.
Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.