Bactéria 'comedora de carne': devo me preocupar?
Entenda o que é a fasciíte necrosante, condição rara que pode ser causada por bactérias presentes no solo e na água e levar a amputações
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A fasciíte necrosante, conhecida como a "doença da carne podre", continua sendo uma emergência médica grave, com relatos recentes indicando um aumento alarmante de casos em várias partes do mundo, especialmente associados a infecções por Streptococcus do grupo A (GAS).
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De acordo com dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, a taxa de infecções invasivas por GAS – principal causa da fasciíte necrosante – mais que dobrou nos Estados Unidos entre 2022 e 2024, com um pico de incidência em 2023. Essa tendência é observada globalmente, possivelmente influenciada por fatores pós-pandemia de COVID-19, como imunossupressão residual e maior circulação de patógenos.
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Um dos casos mais destacados em 2025 ocorreu no Reino Unido, onde ginecologistas do Shrewsbury and Telford Hospital NHS Trust relataram um aumento significativo de fasciíte necrosante. Entre 2022 e 2024, o hospital tratou 20 casos, comparado a apenas 18 na década anterior inteira.
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“Nova realidade”
Três mulheres foram internadas recentemente, com um óbito; os sintomas incluíam dor intensa, inchaço e necrose rápida, exigindo desbridamentos cirúrgicos urgentes e antibióticos intravenosos. Esse padrão reflete uma "nova realidade" na Europa, com quatro casos consecutivos na região da cabeça e pescoço na Bélgica em um período de seis meses, todos ligados a GAS invasivo.
Na Ásia, um consenso chinês de 2025 sobre diagnóstico e tratamento enfatiza o crescimento de casos em regiões de baixa renda, com um estudo na China analisando 119 pacientes em áreas limitadas por recursos, destacando fatores como diabetes e trauma como preditores de mortalidade.
Outro relato raro, publicado em 2024 mas com implicações para 2025, descreve uma mulher grávida de 20 semanas na Romênia que desenvolveu fasciíte no antebraço após trauma, necessitando de intervenção cirúrgica imediata para salvar a gestação e a vida da paciente. Na Nova Zelândia, um hospital registrou cinco casos em Tauranga entre 2021 e 2023, com um aumento abrupto nos últimos meses, sugerindo sazonalidade.
Globalmente, a incidência varia de 0,3 a 15 casos por 100.000 habitantes anualmente, mas a mortalidade permanece alta (20-30%) sem diagnóstico precoce. Especialistas atribuem o surto recente a uma combinação de fatores ambientais, climáticos e de saúde pública, reforçando a necessidade de vigilância e educação sobre sinais como dor desproporcional e bolhas cutâneas.
Condição rara
O caso, que voltou a circular nas redes sociais, joga luz sobre a fasciíte necrosante, popularmente conhecida como a infecção pela "bactéria comedora de carne".
A fasciíte necrosante é uma infecção bacteriana grave que avança rapidamente e destrói os tecidos moles do corpo, como pele, gordura e o tecido que recobre os músculos. Embora assustadora, a condição é rara e não é causada por um tipo único de bactéria, mas sim por diferentes microrganismos que são comuns no ambiente.
Bactérias como a Streptococcus do grupo A ou a Staphylococcus aureus, presentes no solo e na água, são as causas mais frequentes. O perigo real começa quando elas encontram uma porta de entrada no corpo, como um corte, arranhão, bolha ou até uma picada de inseto. Pessoas com o sistema imunológico enfraquecido são mais suscetíveis.
Uma vez dentro do organismo, as bactérias se multiplicam e liberam toxinas que destroem os tecidos e interrompem o fluxo sanguíneo para a área afetada. O diagnóstico rápido e o tratamento imediato são essenciais para evitar complicações graves, como amputações e até a morte.
No Brasil
No Brasil, os dados específicos sobre incidência são limitados, pois a doença não é de notificação obrigatória. No entanto, relatos médicos indicam ocorrências em hospitais de grande porte, especialmente em pacientes com feridas abertas, diabetes ou imunossupressão. Em 2023, por exemplo, hospitais em São Paulo e Rio de Janeiro registraram casos esporádicos, muitas vezes associados a infecções pós-cirúrgicas ou traumas.
Sinais de alerta da fascite necrosante
A infecção geralmente começa com sintomas que podem ser confundidos com uma condição de pele menos grave. É fundamental observar a evolução do quadro. Os principais sinais incluem:
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Dor intensa e desproporcional ao tamanho ou aparência do ferimento.
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Vermelhidão e inchaço que se espalham de forma rápida pela pele.
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Febre alta, calafrios, fadiga e mal-estar geral, semelhantes a uma gripe forte.
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Formação de bolhas, manchas escuras ou necrose (morte do tecido) na área afetada.
Como se proteger da infecção
Adotar cuidados básicos com qualquer ferimento na pele é a principal forma de prevenção. A atenção deve ser redobrada ao realizar atividades em matas, rios ou no campo. Veja o que fazer:
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Limpeza imediata: lave qualquer corte, arranhão ou bolha estourada com água e sabão o mais rápido possível. A higiene adequada é a primeira linha de defesa.
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Proteja o ferimento: cubra a lesão com um curativo limpo e seco. Troque-o diariamente ou sempre que ficar úmido ou sujo até a completa cicatrização.
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Evite a exposição: não entre em piscinas, lagos, rios ou no mar com feridas abertas ou não cicatrizadas, pois a água pode conter as bactérias causadoras da doença.
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Procure um médico: caso um ferimento apresente dor crescente, vermelhidão, inchaço ou febre, busque atendimento médico imediatamente. Não espere os sintomas piorarem.
Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.