Aproximadamente 430 milhões de pessoas no mundo sofrem com perda auditiva incapacitante, segundo Organização Mundial de Saúde (OMS). Apenas no continente americano, a estimativa do Relatório Mundial sobre Audição é que 217 milhões tenham algum grau de deficiência auditiva, sendo que cerca de 6% desse contingente apresentam perda em nível moderado ou mais elevado.



Para auxiliar na reversão de casos de perda auditiva em graus severo ou profundo, o implante coclear tem sido uma opção cada vez mais usada pela medicina. Estatísticas do Datasus revelam que em 2022, a técnica que registrou 774 procedimentos via Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2023, houve aumento de 16,5%, totalizando 902 implantes.

Na data que marca o Dia Mundial da Audição e Dia do Otorrinolaringologista (03/03), no Brasil, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) e a Sociedade Brasileira de Otologia (SBO) destacam a técnica como uma das tecnologias mais promissoras para a reabilitação de pessoas com surdez completa ou quase total.

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O implante coclear é um aparelho eletrônico digital que cumpre o papel do sistema auditivo, conforme explica o especialista da ABORL-CCF e presidente da SBO, Robinson Koji Tsuji.

“É composto por duas partes que são interligadas. O lado externo é formado por um dispositivo que coleta e processa os sons, transforma-os em energia eletromagnética, e os envia à parte do equipamento que foi inserido atrás da orelha, na região da cóclea, por meio de uma cirurgia. Essa parte interna é composta por eletrodos conectados ao receptor externo que capta os sinais elétricos”, esclarece.

De acordo com o médico otorrinolaringologista, a tecnologia pode reabilitar vários tipos de perda auditiva, como infecciosa, traumáticas, congênita e malformações. Além disso, também é um recurso de tratamento para pacientes submetidos à extração de alguns tipos de tumores.

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“Ao fazer o implante, o paciente sentirá um ganho significativo na qualidade de vida pois terá a sua audição ativada, garantindo melhora da capacidade de comunicação e de relacionamento social, entre outras questões da rotina diária. Após a cirurgia, o paciente terá que fazer uma terapia fonoaudiológica por alguns meses e acompanhamento com o otorrino para conquistar esses resultados positivos”, afirma Tsuji.

Benefícios às crianças

De acordo com a OMS, 34 milhões de crianças sofrem com o impacto causado pela perda auditiva incapacitante. E quase 60% da perda auditiva pode ser evitada se o diagnóstico for precoce.

Para detectar os sinais de algo não vai bem com a audição, é importante ficar atento a qualquer dificuldade de rendimento escolar, atraso de fala, troca de letras, ou déficit de atenção, visto que nessa faixa etária a criança não irá se queixar. Também é necessário avaliar se há o aparecimento de sintomas de dor, secreção ou coceira no ouvido. No caso de bebês, é importante prestar atenção também na ausência de reação da criança diante de ruídos.

Tsuji esclarece que o implante coclear é um recurso que pode ser utilizado com esse público diante do diagnóstico de perda auditiva severa ou profunda, principalmente casos de bebês que nasceram com surdez total. “Na surdez congênita, o ideal é operar precocemente, até dois anos de idade. mas crianças mais velhas também podem ter bons resultados. Isso vai variar conforme a causa da perda auditiva, a idade, o tipo do problema, uso de aparelho auditivo e tempo de fonoterapia, por exemplo”, esclarece.

No caso de crianças, a perda auditiva é uma barreira para o desenvolvimento saudável, causando prejuízos de linguagem, aprendizagem e habilidades sociais, que vão afetar a sua vida adulta.

O serviço no SUS

O implante coclear é um procedimento custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), desde 1999. Atualmente há 25 centros habilitados a gazer implante coclear junto ao SUS, sendo seis na região Nordeste (Bahia, Pernambuco, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, e Paraíba), um no Norte (Pará), quatro no Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), dois no Centro-Oeste (Brasília e Goiás) e 12 no Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo).

Os estabelecimentos atendem somente via encaminhamento de médicos do SUS. “O paciente deve procurar a unidade básica de saúde, que direcionará o caso para o otorrino da rede pública. Após todos os exames com esse especialista, ele fará o encaminhamento para um centro de implante coclear para tratar a condição da perda auditiva,” explica Tsuji.

De acordo com a OMS, o avanço da idade é um fator de risco para a perda auditiva. Mais de 25% das pessoas com mais de 60 anos são afetadas pelo problema. Até 2050, a previsão é que aproximadamente 2,5 mil milhões de pessoas sofram alguma redução da capacidade de ouvir e pelo menos 700 milhões precisem de reabilitação auditiva.

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