Existe uma grande diversidade no universo dos deficientes auditivos que, no Brasil, é formado por cerca de 2,3 milhões de pessoas -  (crédito: Freepik)

Existe uma grande diversidade no universo dos deficientes auditivos que, no Brasil, é formado por cerca de 2,3 milhões de pessoas

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A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 10% da população mundial tem algum tipo de deficiência. São pessoas que vivem com algum impedimento de longo prazo, ocasionado por natureza física, mental, intelectual e/ou sensorial, que limita sua participação plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições.

É por essa razão que a comunidade médica do Brasil e do mundo se mobiliza todos os anos, no dia 3 de dezembro, em torno do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. O objetivo é conscientizar a sociedade sobre a desigualdade de oportunidades e outros problemas enfrentados por esses cidadãos, além de celebrar as conquistas realizadas ao longo dos anos.

Das barreiras ainda a serem superadas, a chamada acessibilidade auditiva é assunto que se destaca cada vez mais nas discussões temáticas relacionadas à data. Afinal, da mesma forma que os deficientes físicos e visuais, os auditivos também demandam ações inclusivas que possam lhes assegurar mais autonomia e liberdade.

"A comunicação é, com certeza, o maior obstáculo que os deficientes auditivos têm para interagir com a sociedade de maneira efetiva. Há várias barreiras que os impedem disso e, geralmente, sequer percebemos", observa a fonoaudióloga Christiane Nicodemo, do Hospital Paulista, unidade especializada em saúde de ouvido, nariz e garganta.

Embora a legislação federal preveja uma série de obrigatoriedades, por meio da Lei Brasileira de Inclusão (LBI), a especialista destaca que há muitos aspectos ainda a ser observados. Por exemplo, as portarias eletrônicas (cada vez mais presentes em edifícios residenciais) e as baias de atendimento individual (muito comuns em consultórios, laboratórios, cinemas), além dos tradicionais autofalantes de supermercados, alarmes sonoros e a própria campainha das casas.

"Por serem instrumentos que dependem da audição, isso inviabiliza a comunicação com qualquer pessoa que tenha surdez. Muitas vezes, nem mesmo a presença de intérpretes de libras permite uma comunicação efetiva, já que muitos surdos não são alfabetizados na linguagem de sinais. Da mesma forma, há pessoas surdas que não são alfabetizadas em português e só utilizam as libras. Portanto, são situações que precisam ser repensadas, de forma ampla, abrangendo toda sua comunidade e respeitando cultura e individualidade de cada um", pondera a especialista.

Sinalizantes e oralizados

Otorrinolaringologista e foniatra do Hospital Paulista, Gilberto Ferlin explica que as pessoas surdas ou com deficiência auditiva que se comunicam através da Língua de Sinais são conhecidas como "sinalizantes". Já as pessoas que são alfabetizadas no português, sabem fazer leitura labial e preferem vocalizar, essas conhecidas como "oralizadas".

"Existe uma grande diversidade nesse universo que, aqui no Brasil, é formado por cerca de 2,3 milhões de pessoas. Por isso, é importante levar esse aspecto em consideração ao pensar em recursos de acessibilidade. Precisamos pensar cada vez mais em tornar os espaços que fazemos parte mais acessíveis para todas as pessoas. Isso vai desde o nosso grupo de amigos ao ambiente corporativo e familiar.”