Não existe uma postura específica durante a corrida que possa sobrecarregar a coluna vertebral, gerando a dor, mas, sim, outros motivos para o incômodo -  (crédito: Freepik)

Não existe uma postura específica durante a corrida que possa sobrecarregar a coluna vertebral, gerando a dor, mas, sim, outros motivos para o incômodo

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A corrida é uma atividade democrática e popular. Oferece uma série de benefícios à saúde, como melhora do resultado cardiovascular, controle de peso e aumento da resistência. No entanto, muitos corredores, principalmente os amadores, enfrentam um problema comum: a dor nas costas. Essa condição pode ser debilitante, afetando não apenas o desempenho durante o exercício, mas também a qualidade de vida ao longo do dia. Entender as causas e aprender a prevenir esse incômodo é fundamental para garantir bem-estar aos praticantes.

De acordo com o médico ortopedista especializado em coluna vertebral e diretor do Núcleo de Ortopedia e Traumatologia de Belo Horizonte (NOT), Daniel Oliveira, não existe uma postura específica durante a corrida que sobrecarregue a coluna vertebral, gerando a dor, mas sim, outros motivos que podem gerar o incômodo.

“Não existe uma posição certa para correr, já que é algo natural e ninguém consegue fazê-lo de forma muito diferente. O que pode acontecer é uma adaptação específica do corredor para que ele se sinta mais confortável com a prática. Não adianta nada dizer como braços, quadril e ombros devem estar, porque nem sempre o que é bom para um, é tão benéfico para o outro.”

Daniel enfatiza que o problema pode estar nos desequilíbrios musculares. Eles levam a uma distribuição irregular de força ao redor das articulações, resultando em uma biomecânica inconveniente durante a corrida e aumentando o risco de lesões, como tendinites, lesões musculares e fraturas por estresse. “Isso pode causar dor e desconforto, não apenas durante a corrida, mas também nas atividades diárias, fazendo com que o praticante diminua, inclusive, a motivação para continuar a correr, além de levar a uma perda da flexibilidade, do desempenho e até lesões crônicas”.

Aumentar a intensidade ou a duração da corrida abruptamente pode, de acordo com o ortopedista, sobrecarregar os músculos das costas, causando dor. “A atividade exige muito das pernas, do quadril e do core. Se o atleta aumentar repentinamente a distância ou a velocidade, esses músculos podem não estar preparados para o acréscimo do esforço, causando fadiga e dor."

Ele explica que o corpo precisa de tempo para se adaptar às mudanças no regime de exercícios. “Uma corrida de alta intensidade ou longa duração aumenta o impacto nas articulações, incluindo a coluna vertebral, e a repetição do impacto excessivo causa danos nos discos intervertebrais e nas articulações facetárias, contribuindo para as dores nas costas.”

Se o corpo não tem tempo suficiente para se recuperar entre os treinos intensos, Daniel explica que os músculos podem ficar tensos e fatigados, o que aumenta a probabilidade de incômodo na região lombar. O ideal é buscar um profissional educador físico que monte uma planilha de treino gradativo, respeitando esses períodos de descanso, realizando em paralelo à corrida o fortalecimento muscular dos membros superiores, inferiores e da região do core (evitando os desequilíbrios) e buscar orientação médica para saber quais os seus limites. “Ouvir o próprio corpo é fundamental para continuar correndo de forma segura, sem dor ou afastamentos futuros”, aponta.