Decidir trocar de psicólogo é uma decisão que deve ser tomada com cautela e reflexão -  (crédito: Freepik)

Decidir trocar de psicólogo é uma decisão que deve ser tomada com cautela e reflexão

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 10% da população mundial sofre com transtornos mentais, o que corresponde a cerca de 720 milhões de pessoas. O Brasil é o país que lidera o ranking de ansiedade e depressão na América Latina, com quase 19 milhões de pessoas com essas condições. São números que mostram a importância da atuação do psicólogo.

“As pessoas estão enxergando cada vez mais que a terapia é um serviço necessário para a manutenção da qualidade de vida e do bem-estar como um todo”, afirma Renata Tavolaro, head de psicologia da orienteme, plataforma de gestão de saúde corporativa. De acordo com ela, aqueles que buscam ajuda na terapia querem contar com um profissional cujo perfil e experiência proporcionem total acolhimento. “Muitas vezes isso não ocorre e o paciente sente necessidade de trocar de psicólogo”, diz.

As trocas podem ocorrer por muitos motivos, entre eles, incompatibilidade de personalidade, mudança de necessidades, falta de progresso, entre outros. “No geral, os motivos para trocar são subjetivos. Cabe ao próprio paciente julgar e decidir o que pode justificar a mudança”, reflete.

A especialista elenca cinco prós e contras de fazer esta mudança:

Mais compatibilidade de personalidade

Encontrar um psicólogo com o qual o paciente tenha mais afinidades cria uma relação terapêutica mais eficaz, afinal, quanto mais ele se sente à vontade com o psicólogo, mais provável é que compartilhe abertamente seus pensamentos e sentimentos. “O psicólogo representa um apoio emocional, logo, é preciso que seja uma relação de confiança e que tenha liga”, avalia Renata.

Mais foco em necessidades específicas

É natural que as necessidades terapêuticas mudem ao longo do tempo. Por isso, mudar de psicólogo pode permitir que o paciente concentre a terapia em suas necessidades atuais, ao invés de manter o tratamento focado em questões que não são mais relevantes. Para Renata, isso é fundamental para proporcionar evolução ao paciente.

Recomeço e perspectiva fresca

Para a especialista, iniciar a terapia com um novo psicólogo fornece uma sensação de renovação e uma perspectiva fresca sobre os desafios enfrentados. Isso é especialmente útil se o paciente estava sentindo estagnação em sua terapia anterior. “É, inclusive, uma oportunidade para considerar perspectivas até então ignoradas”, sugere Renata.

Perda de histórico

Renata reforça que, todas as vezes que há troca de terapeuta, há também uma perda de histórico, já que as conversas durante as sessões são confidenciais. “Alguns pacientes aceitam que haja uma transição entre os profissionais, para que seus prontuários sejam compartilhados. Mas isso não é uma regra”, aponta.

Perda de investimento emocional

Se o paciente tinha um relacionamento emocionalmente investido com seu terapeuta anterior, a mudança pode envolver uma perda emocional. Segundo Renata, talvez sinta falta da relação ou das experiências compartilhadas com o terapeuta anterior. “Além disso, a adaptação a um novo terapeuta e também a uma nova abordagem terapêutica é desafiadora. Muitas vezes, o paciente se sente desconfortável ou ansioso no início, o que afeta a eficácia da terapia até que o relacionamento entre em ritmo harmonioso”, destaca.

Decidir trocar de psicólogo é uma decisão que deve ser tomada com cautela e reflexão. Antes de qualquer movimento, é fundamental pesar os prós e contras apresentados, bem como avaliar internamente quais são as necessidades e expectativas em relação ao tratamento terapêutico. A comunicação aberta com o profissional atual também é recomendada, já que muitas vezes ajustes podem ser feitos para melhorar a relação terapêutica. No entanto, caso a decisão pela troca seja firme, é importante lembrar que cada novo começo traz consigo a possibilidade de crescimento e aprendizado. Em última análise, a terapia é uma jornada de autodescoberta, e o psicólogo é apenas um guia nesse processo. A responsabilidade e o comprometimento com a própria saúde mental permanecem sendo do paciente.

Renata exemplifica que, dentro da plataforma orienteme, é mais comum que as trocas normalmente ocorram no início do tratamento, porque existe um mapeamento emocional que possibilita um match assertivo entre as necessidades do paciente e a experiência do terapeuta. “Graças a esse fluxo, chegamos em um nível de minúcia para garantir que o atendimento seja confortável desde sempre”, conta ela, lembrando que a assertividade é de 95%.

Outro ponto importante, salienta a especialista, é que, ao trocar de psicólogo, o paciente deve iniciar a terapia com foco na mudança do próprio comportamento, e nunca esperar respostas prontas. “Isso aumenta as chances de ter sucesso e acaba com crenças que geram prejuízos à sua qualidade de vida”, afirma Renata.

Para finalizar, Renata reforça que contar com um psicólogo que deixe o paciente à vontade para se expressar em sua forma mais genuína é essencial. Entretanto, a mudança só é possível a partir de cada um.