O 2026 de Eduardo Bolsonaro, que enfileirou derrotas em 2025
Eduardo Bolsonaro foi desmoralizado com recuo de Trump, perdeu mandato e se tornou figura tóxica para campanha do irmão à Presidência
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Autoexilado nos Estados Unidos desde fevereiro, Eduardo Bolsonaro termina 2025 derrotado. O filho de Jair Bolsonaro viu o pai ser condenado e preso, foi denunciado pela PGR e se tornou réu por tramar contra o STF, teve o mandato na Câmara cassado, exatamente em razão das faltas durante sua estadia em solo americano, e viu cair por terra o maior “triunfo” de suas maquinações com o governo Donald Trump: a sanção contra Alexandre de Moraes na Lei Magnitsky.
Duas vitórias de Pirro ao agora ex-deputado: ministros do Supremo seguem com vistos suspensos e impedidos de viajar aos EUA e ele não ficou inelegível ao ser cassado, por ter perdido o mandato em razão das faltas. As questões que se impõem, no entanto, são até quando os integrantes da corte ficarão proibidos de ir ao país de Trump depois do recuo sobre Moraes e até quando Eduardo manterá os direitos políticos diante do processo criminal aberto no Supremo.
Como decidiu sair do Brasil e deve seguir fora do país — ele teme ser preso se voltar —, Eduardo perdeu a chance de ser eleito senador em 2026. Seria uma eleição relativamente tranquila, ou com chances no mínimo muito promissoras, a alguém com seu sobrenome e que fez carreira política colhendo os votos conservadores do interior de São Paulo.
À parte o pai, preso em Brasília e inelegível até 2060, o Zero Três será o único dos políticos do clã Bolsonaro fora das urnas no ano que vem. Flávio foi ungido pelo pai como candidato a presidente e pode disputar a reeleição a senador no Rio de Janeiro caso o projeto seja abortado, Carlos e Michelle tentarão o Senado e Jair Renan deve ser candidato a deputado federal.
Para 2026, a avaliação corrente no entorno do ex-presidente é que o deputado cassado, um entusiasmado cabo eleitoral do projeto “Flávio presidente” nas redes sociais, tende a manter distância formal do processo eleitoral, mas sem se afastar da disputa política.
O fracasso dele nos Estados Unidos, diga-se, criou um tremendo passivo eleitoral ao bolsonarismo e ao irmão dele. Como se não bastasse o próprio passado a ser lembrado e explicado na campanha, Flávio ainda será bombardeado por adversários por causa das andanças de Eduardo nos EUA ao lado do influenciador bolsonarista Paulo Figueiredo.
Apesar da fragorosa derrota nos Estados Unidos, esses interlocutores avaliam que Eduardo Bolsonaro deve seguir atuando como articulador internacional do bolsonarismo e entoando a voz ideológica mais radical do grupo — papel que ele já vem fazendo há tempos, antes mesmo do seu autoexílio. Espera-se que o ex-deputado concentre seus esforços na consolidação de redes com a direita global, sobretudo em território americano.
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Aliados de Eduardo o classificam, falando muito sério, como uma “vítima do sistema” por ter falhado nas articulações políticas com o governo americano contra Alexandre de Moraes.