PT quer Haddad candidato, mas deu pouco a ele no governo

Partido, que chamou política de Haddad de austericídio, espera que Lula o convença a ser candidato

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Ainda é incerto o papel de Fernando Haddad no jogo político de 2026. O PT pressiona o ministro por uma candidatura em São Paulo, seja para o Senado ou para o governo, numa eventual disputa contra Tarcísio de Freitas. Haddad quer deixar o cargo tão logo volte das férias de janeiro e diz, em alto e bom som, que não quer ser candidato, mas coordenador da campanha à reeleição de Lula.

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Os petistas não querem ouvir. Esperam que Lula convença o ministro a enfrentar as urnas paulistas. Deixaram o diálogo para o presidente e seu chamado herdeiro político. No último encontro do ano com jornalistas, Haddad deu uma pista. Disse que todos esses apelos, feitos através da imprensa, nunca foram dirigidos diretamente a ele. Ou seja: não teve conversa do PT com o ministro. A interlocução do partido com o ministro não é das melhores. Nunca foi.

Nesse xadrez político, o PT pede muito a Haddad, mas lhe dá pouco. O ministro foi alvo frequente de ataques petistas — inclusive institucionais, por meio de resoluções partidárias — durante toda a sua gestão na Fazenda. Das metas fiscais, passando pela taxação das blusinhas, até o recuo do Pix, que constou como um erro de condução política de Haddad. Vaidoso, Haddad não gosta que digam que ele errou. Principalmente quando ele acha que não houve erro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann

Haddad teve em Gleisi Hoffmann — ex-presidente do PT — uma opositora declarada. Antes de assumir a Secretaria de Relações Institucionais, ela fazia ferrenhas críticas à política econômica. Usou uma expressão que calou fundo no ministro: “austericídio fiscal”. O termo foi incluído em resolução do PT no final de 2023.

Dizia o texto: “O Brasil precisa se libertar urgentemente da ditadura do Banco Central ‘independente’ e do austericídio fiscal.” Na ocasião, o governo também não apoiou o ministro, tampouco Lula. E os parlamentares do PT, sobretudo o líder na Câmara, Lindbergh Farias, não mediram esforços para malhar o companheiro.

O PT também deixou Haddad sozinho quando ele ganhou o apelido de “Taxadd”, que se espalhou no episódio da taxação das compras online da China, a taxa das blusinhas. Haddad levou longos meses até conseguir algo de positivo com o apelido, o que só aconteceu quando passou a imagem de um ministro que taxa os ricos e pratica “justiça fiscal”.

E, justiça seja feita, as controvérsias internas e o debate acalorado sempre fizeram parte da história do PT, sobretudo em questões como economia e política externa. Para quem bate, o discurso é sempre que o debate é “saudável”. Para quem apanha, não é bem assim.

Depois da reforma da renda, Haddad disse neste final de ano que o clima melhorou e que o fogo amigo cessou, embora ainda apareçam fantasmas, como ele mesmo brincou com os jornalistas. Mas isso pode explicar um pouco da indisposição do ministro em resolver o problema de palanque do PT paulista.

Para aliados do ministro ouvidos pela coluna, o fato de disputar ou não uma eleição em 2026 não comprometerá seu futuro político, mesmo que ele saia dos holofotes deixando o ministério no início do ano. A avaliação é que a Fazenda fez todas as “entregas” desta gestão e que o ministro não precisa de palanque para se tornar mais conhecido com vistas a uma disputa presidencial em 2030. Também mostraram dúvida sobre ele querer retornar ao governo como chefe da Casa Civil.

Vice Presidente da República Geraldo Alckmin e o Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva

Outro nome que tem sido apontado pelo partido como uma solução para a eleição em São Paulo é o de Geraldo Alckmin. O vice-presidente já disse que não gostaria de concorrer ao governo nem ao Senado. Mas seu bom desempenho tanto nas pesquisas quanto na crise do tarifaço tem elevado as vozes a favor de uma candidatura. Os petistas querem um palanque mais forte para fazer frente a Tarcísio de Freitas e uma dobradinha Haddad-Alckmin seria um ativo poderoso.

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O presidente do PT, Edinho Silva, já disse, no entanto, que, em 2026, Alckmin disputará o que ele quiser. Até o momento o que ele quer tentar a reeleição como vice de Lula.

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