Lula aposta em ‘dinheiro no bolso’ do eleitor como trunfo para 2026

Ainda sem uma marca para a classe média, o atual governo se apoia nas liberações de dinheiro de programas sociais previstas para o primeiro semestre do ano eleitoral

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Sem poder contar com uma grande marca, algo na proporção do que foi Bolsa Família em seu primeiro mandato, a aposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar manter sua popularidade no próximo ano, quando pretende disputar a reeleição, está na economia popular – mais especificamente,  nos saques que poderão ser feitos pelas camadas menos abastadas da população inscritas em programas sociais mantidos no atual mandato.

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A maior parte das liberações de dinheiro está programada para o primeiro semestre de 2026. Serão saques em volumes inéditos no atual mandato e que representarão, na avaliação de auxiliares de Lula, “dinheiro no bolso” de uma parte significativa dos eleitores que votarão em 2026.

A comunicação do governo tem cronometrada uma agenda de entregas com efeito no bolso das pessoas. A lista inclui a isenção do imposto de renda para quem recebe até R$ 5 mil. A aprovação do projeto do governo rendeu dividendos de imagem para Lula, mas o governo acredita que o efeito prático principal poderá ser capitalizado mesmo no momento em que os beneficiários entregarem suas declarações ao Fisco.

“Até agora, as pessoas que ganham até 5 mil não sentiram isso. Elas só sentirão, de forma efetiva, na hora do imposto de renda”, diz um interlocutor do governo.

O maior volume de saques previstos está no programa Pé-de-Meia, um incentivo dado pelo governo para que alunos do ensino médio de escolas públicas inscritos no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal), não deixem os estudos.

Entre 26 de fevereiro a 5 de março deste ano, o governo agendou o pagamento em parcela única do bônus para aqueles que concluíram os três anos do ensino médio regular, além do incentivo para os que participaram da edição 2025 do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Durante o período, esses estudantes viram os depósitos serem feitos em suas contas na modalidade poupança. Pela primeira vez a quantia acumulada, de mais de R$ 3 mil, será liberada para saque. Além disso, o governo pretende destacar no primeiro semestre de 2026 o atingimento da meta de 15 milhões de famílias beneficiadas pelo Vale Gás, do programa Gás do Povo.

O repertório do governo, no entanto, mira mais as pessoas de baixa renda. O Planalto sabe que tem dificuldades de apresentar um feito importante para a classe média, um eleitorado estratégico para a eleição. Neste ano, o governo lançou um novo programa de crédito imobiliário focado na classe média, ampliando o teto de financiamento para imóveis de até R$ 2,25 milhões, com taxas de juros de até 12% ao ano e financiamento de até 80% do valor. No entanto, esse programa ainda não surtiu o efeito desejado.

Também há percalços à vista
Além da dificuldade de agradar a classe média, o governo tenta, ainda sem sucesso, responder a outro passivo de imagem. As questões ligadas ao INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) são consideradas com duplo grau de perigo para Lula pelo Planalto. Isso porque o escândalo dos descontos não autorizados estourou no governo do petista, que vem enfrentando dificuldades de emplacar a narrativa de que só sua gestão foi capaz de investigar o caso. Conta contra Lula também a demora na apuração e as implicações que levaram à saída do ministro Carlos Lupi (PDT-RJ) do Ministério da Previdência, além de suspeitas levantadas pela oposição de envolvimento de parentes seus no esquema.

O outro fator negativo refere-se à própria gestão da Previdência. Lula, na campanha que o levou ao Planalto, repetia que gostaria de chegar ao grau de eficiência no qual o INSS ligaria para o contribuinte para avisá-lo de que o seu tempo de aposentadoria chegou. O presidente prometeu acabar com a fila de espera por direitos no órgão. No entanto, a fila de espera por benefícios mais que dobrou. Em janeiro de 2023, início do terceiro mandato, 1,2 milhão de pessoas esperavam por serviços como aposentadorias, pensões, BPC (Benefício de Prestação Continuada), licença-maternidade e perícias de auxílio-doença. Em outubro deste ano, o número chegou a 2,86 milhões.

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Sinais nas pesquisas
O governo tem acompanhado as pesquisas que medem a popularidade de Lula e, até o momento, a impressão é que elas guardam coerência, mesmo as que indicam uma ligeira oscilação negativa da imagem do presidente. Para o governo, neste momento as sondagens de opinião mostram muito mais o reflexo dos votos de eleitores que apoiam a oposição do que propriamente a sinais de reprovação a Lula, que segue como favorito na corrida presidencial.

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