Ao tirar Sabino, Lula tenta cativar Centrão e melhorar relação com Motta e Alcolumbre
Na reunião ministerial, petista procurou "aparar as arestas" com os presidentes da Câmara e do Senado. Com nomeação de Gustavo Feliciano, tenta agradar aos dois
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De saída do Ministério do Turismo, Celso Sabino (sem partido) começou sua entrevista, nesta quarta-feira, 17, falando em “garantia da governabilidade”. Ao justificar sua saída, agora, depois de ter sido expulso do União Brasil, ele falou em “esforços do governo para melhorar a relação com o Congresso Nacional” e informou que houve por parte da ala governista do União Brasil a demanda pelo cargo. Ao aceitar a demissão do ministro, Lula tenta cativar dois setores políticos.
Um deles é o próprio União Brasil, partido que mudou de estratégia para 2026 após o anúncio de candidatura à presidência da República feito pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Manter como aliado um naco da legenda é estratégico para Lula, que tentará a reeleição no próximo ano. Faz parte dessa turma o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que tem tido suas rusgas com o governo desde que Lula indicou o ministro Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) para a vaga deixada por Luís Roberto Barroso no STF (Supremo Tribunal Federal).
Outro que Lula quer agradar é o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Motta é muito ligado à família Feliciano, tradicional na política paraibana. Sabino deixará o lugar para Gustavo Feliciano, filho do deputado Damião Feliciano (União Brasil-PB). Motta se diz “amigo” dos dois. De acordo com interlocutores do presidente da Câmara, a indicação realmente agradou. Ele chegou a fazer elogios à substituição dizendo que tanto Damião Feliciano quanto Gustavo são amigos dele e que Gustavo, que assumirá a vaga, é um “técnico preparado”. A experiencia de Gustavo com o tema se deu durante o tempo em que foi secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico da Paraíba.
Após um final de ano conturbado entre o governo e o presidente da Câmara, Lula buscou dialogar com Motta na reta final de votações na Câmara e garantiu aprovação de praticamente toda a pauta econômica de interesse do governo. Motta, no entanto, nega que haja acordo para a indicação de um aliado dele para a vaga.
Sabino foi expulso do União Brasil no início de dezembro, como punição por ter desobedecido às ordens da cúpula da legenda para desembarcar do governo. Além do presidente do Senado, a parte governista do União Brasil conta hoje com cerca de 20 deputados entre os 59 da bancada, entre eles o ex-ministro Juscelino Filho (MA), atual líder, Pedro Lucas Fernandes (MA), e o próprio Damião Feliciano (PB). A indicação, de acordo com interlocutores do partido, teve também o aval de Antônio Rueda, atual presidente da sigla.
“Arestas”
Na reunião ministerial, Lula deixou clara sua intenção de “aparar as arestas” com os dois presidentes. Disse que não tem “nada pessoalmente contra ninguém, e que é amigo de Motta, de Alcolumbre, e dos ex-presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). “Sou grato pelo que fizeram nesses três anos”, afirmou o petista, referindo-se aos quatro integrantes da cúpula do Congresso. Em caso de divergências, Lula sugeriu mais conversas para “aparar arestas”, discutir e ceder em torno dos objetivos dos brasileiros.